Por Fernando Brito, em seu blog:
Numa entrevista sem pé nem cabeça, na presença de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Ricardo Salles, diante do chefe, voltaram a desancar os dados sobre desmatamento do Instituto de Pesquisas Espaciais, que há mais de 30 anos monitora o desmatamento no Brasil.
Os números estão errados, disseram – Bolsonaro chegou a dizer que foram “espancados” – e fazem, claro, parte de uma conspiração para difamar o Brasil no exterior.
É tese que nós, mais velhos, cansamos de ver ser repetida durante a ditadura, quando todas as nossas carências e problemas eram imaginação de mentes comunistas, dos “ateus e apátridas que buscam solapar nossa revolução democrática”, para usar a linguagem dos velhos generais.
O general Heleno cuidou bem desta parte, ao dizer que “seria conveniente que nós não alardeássemos isso e que nós cuidássemos do problema internamente”.
Bem, quais seriam os números certos?
É evidente que os dois “especialistas”, Heleno e Salles, não os têm. Mas fazem marola tentando falar em inconsistências dos números do Inpe por ele ter – e há muitos anos os têm – dois sistemas de detecção de perda de cobertura vegetal: o Deter e o Prodes.
O primeiro, planejado para a detecção rápida e, por isso, capaz de dar ao Ibama diretrizes para agir sobre o desmatamento em curso e o segundo, que agrega períodos de tempo maiores e sofre menos influência da presença de nuvens, para acompanhar, em macroescala, situação da mata.
Foi o que os técnicos do Inpe explicaram aos ministros analfabetos em matéria de observação por satélite e foi no que se agarraram para dizer que os números não são verdadeiros.
A “solução”, brilhante, será contratar uma empresa privada para produzir dados mais confortáveis para o governo brasileiro.
E interromper o que é, de fato, importante neste assunto: a comparação com séries históricas, com tendências que ajudem a formular políticas públicas de mitigação das perdas de floresta.
Um bobagem que, além de desacreditar um órgão público de excelência do governo brasileiro, como é o Inpe, não vai conseguir maquiar nada, porque não temos o monopólio do olho espacial dos satélites.
O que está criando escândalo sobre o tema não são os números do Inpe, é um presidente que diz que “pretende criar ‘pequenas Serras Peladas’ Brasil afora“, que fala em trazer empresas mineradoras norte-americanas para áreas indígenas, que sonha em desfazer reservas ambientais para fazer “cancúns” na Mata Atlântica.
A estupidez de Jair Bolsonaro não precisa de satélite para ser vista.
Os números estão errados, disseram – Bolsonaro chegou a dizer que foram “espancados” – e fazem, claro, parte de uma conspiração para difamar o Brasil no exterior.
É tese que nós, mais velhos, cansamos de ver ser repetida durante a ditadura, quando todas as nossas carências e problemas eram imaginação de mentes comunistas, dos “ateus e apátridas que buscam solapar nossa revolução democrática”, para usar a linguagem dos velhos generais.
O general Heleno cuidou bem desta parte, ao dizer que “seria conveniente que nós não alardeássemos isso e que nós cuidássemos do problema internamente”.
Bem, quais seriam os números certos?
É evidente que os dois “especialistas”, Heleno e Salles, não os têm. Mas fazem marola tentando falar em inconsistências dos números do Inpe por ele ter – e há muitos anos os têm – dois sistemas de detecção de perda de cobertura vegetal: o Deter e o Prodes.
O primeiro, planejado para a detecção rápida e, por isso, capaz de dar ao Ibama diretrizes para agir sobre o desmatamento em curso e o segundo, que agrega períodos de tempo maiores e sofre menos influência da presença de nuvens, para acompanhar, em macroescala, situação da mata.
Foi o que os técnicos do Inpe explicaram aos ministros analfabetos em matéria de observação por satélite e foi no que se agarraram para dizer que os números não são verdadeiros.
A “solução”, brilhante, será contratar uma empresa privada para produzir dados mais confortáveis para o governo brasileiro.
E interromper o que é, de fato, importante neste assunto: a comparação com séries históricas, com tendências que ajudem a formular políticas públicas de mitigação das perdas de floresta.
Um bobagem que, além de desacreditar um órgão público de excelência do governo brasileiro, como é o Inpe, não vai conseguir maquiar nada, porque não temos o monopólio do olho espacial dos satélites.
O que está criando escândalo sobre o tema não são os números do Inpe, é um presidente que diz que “pretende criar ‘pequenas Serras Peladas’ Brasil afora“, que fala em trazer empresas mineradoras norte-americanas para áreas indígenas, que sonha em desfazer reservas ambientais para fazer “cancúns” na Mata Atlântica.
A estupidez de Jair Bolsonaro não precisa de satélite para ser vista.
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