Por Martín Fernández Lorenzo, no blog Socialista Morena:
A divulgação dos resultados oficiais foi uma vergonha. Estavam programados para as 21 horas, e atrasaram duas horas. Antes disso, o presidente deu uma entrevista no seu comitê de campanha, sem os dados, anunciando a derrota, e mandando os argentinos “dormir”. Depois disso é que liberaram os resultados.
Após 3 anos e 8 meses de governo, a campanha de Macri foi baseada em mais do mesmo: ódio ao peronismo/kirchnerismo, à semelhança do que ocorreu no Brasil em 2018 contra o PT. Com uma campanha violenta, o que se viu em cena um presidente descontrolado, gritando, xingando e até mesmo ordenando a seus eleitores, via twitter, que o apoiem, sem ter que dar “argumentos ou explicações” para defender seu voto.
Macri decaiu de prometer “Zero Pobreza” e uma “Revolução de alegria” há 4 anos para pedir agora um “ato de fé” em seu próximo governo. Patético.
As fake news, fundamentais para Macri vencer as eleições passadas, estão esgotadas diante da terrível realidade econômica pós-governo de direita. No ano passado, o ex-CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, reconheceu diante do parlamento britânico que realizou uma campanha anti-Kirchner na Argentina, o que claramente favoreceu o atual presidente, fazendo com que ele ganhasse pela minúscula diferença de 1,34% dos votos em 2015. Uma notícia que, outras vezes, teria sido um escândalo, mas que passou completamente despercebida pela armadura da mídia oficial.
Nós, argentinos, temos que agradecer a Jair Bolsonaro, que acrescentou seu grão de areia à campanha macrista. Ele certamente acredita que na Argentina não temos memória e que seu apoio às ditaduras sejam bem-vindas em nosso país… Pelo contrário, seu apoio a Macri foi tão eficaz quanto um salva-vidas num avião em queda. É como disse o presidenciável Alberto Fernández quando visitou Lula em Curitiba, no início do mês de julho: “Que Bolsonaro continue falando mal de mim, não sabe o favor que me faz”.
Neste domingo, Macri ameaçou que, se perder a eleição, os mercados iriam ficar nervosos. “Os mercados”, na verdade, são os amigos e o entorno do presidente. Até o momento, o dólar disparou, passando de 45 pesos a 57,30, em torno de 27% de alta. Uma campanha de terror na reta final de alguém que partirá para o tudo ou nada para continuar no poder, mesmo que isso seja a total destruição da economia argentina, como vem fazendo desde que começou a governar.
P.S.: Dedicamos essa vitória ao ex-presidente Lula, que é muito querido na Argentina, e de quem esperamos sua liberdade imediata, não apenas para um futuro melhor para o Brasil, mas para toda a região e o mundo. Lula é um estadista. Nestes tempos de líderes magros, sua presença e visão são mais que necessárias.
Por la memoria/ Verdad y Justicia,/ Macri chau, chau, chau,/ Por los ajustes y los despidos/ Macri chau, chau, chau.
A versão da clássica canção antifascista Bella Ciao que se tornou viral na Argentina em março do ano passado começa a se transformar em realidade, para desespero de macristas e bolsonaristas: neste final de semana, a chapa Alberto Fernández-Cristina Fernández de Kirchner ganhou de lavada do partido do atual presidente, Mauricio Macri, nas eleições primárias. Com quase 90% dos votos contados, a diferença foi de 47,36% para a chapa Fernández & Fernández contra 32,24% de Macri. Uma surra.
Os resultados também foram arrasadores para o candidato a governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, representante da mesma coligação que os Fernández e ex-ministro da Economia no segundo mandato de Cristina, que alcançou 49,25% dos votos contra 32,67% da candidata com a melhor imagem do partido de Macri, Maria Eugenia Vidal. Surra dupla. Macri chau, chau, chau.
Embora obrigatórias por lei, as eleições primárias na Argentina são feitas para os próprios partidos: quem recebe mais votos representa a legenda. Este ano, porém, todas as chapas já tinham seus candidatos definidos e não houve embates internos. Na prática, as primárias funcionam como uma grande pesquisa eleitoral, e esta demonstrou a vantagem incontestável do kirchnerismo. Elas também servem para fazer um filtro entre os candidatos em geral: aquele que não obteve 1,5% dos votos não pode participar das eleições de 27 de outubro.
A versão da clássica canção antifascista Bella Ciao que se tornou viral na Argentina em março do ano passado começa a se transformar em realidade, para desespero de macristas e bolsonaristas: neste final de semana, a chapa Alberto Fernández-Cristina Fernández de Kirchner ganhou de lavada do partido do atual presidente, Mauricio Macri, nas eleições primárias. Com quase 90% dos votos contados, a diferença foi de 47,36% para a chapa Fernández & Fernández contra 32,24% de Macri. Uma surra.
Os resultados também foram arrasadores para o candidato a governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, representante da mesma coligação que os Fernández e ex-ministro da Economia no segundo mandato de Cristina, que alcançou 49,25% dos votos contra 32,67% da candidata com a melhor imagem do partido de Macri, Maria Eugenia Vidal. Surra dupla. Macri chau, chau, chau.
Embora obrigatórias por lei, as eleições primárias na Argentina são feitas para os próprios partidos: quem recebe mais votos representa a legenda. Este ano, porém, todas as chapas já tinham seus candidatos definidos e não houve embates internos. Na prática, as primárias funcionam como uma grande pesquisa eleitoral, e esta demonstrou a vantagem incontestável do kirchnerismo. Elas também servem para fazer um filtro entre os candidatos em geral: aquele que não obteve 1,5% dos votos não pode participar das eleições de 27 de outubro.
A divulgação dos resultados oficiais foi uma vergonha. Estavam programados para as 21 horas, e atrasaram duas horas. Antes disso, o presidente deu uma entrevista no seu comitê de campanha, sem os dados, anunciando a derrota, e mandando os argentinos “dormir”. Depois disso é que liberaram os resultados.
Após 3 anos e 8 meses de governo, a campanha de Macri foi baseada em mais do mesmo: ódio ao peronismo/kirchnerismo, à semelhança do que ocorreu no Brasil em 2018 contra o PT. Com uma campanha violenta, o que se viu em cena um presidente descontrolado, gritando, xingando e até mesmo ordenando a seus eleitores, via twitter, que o apoiem, sem ter que dar “argumentos ou explicações” para defender seu voto.
Macri decaiu de prometer “Zero Pobreza” e uma “Revolução de alegria” há 4 anos para pedir agora um “ato de fé” em seu próximo governo. Patético.
O destempero do presidente se justifica: com os resultados das primárias, há uma boa perspectiva para a esquerda argentina em outubro e é provável que a eleição possa ser definida em primeiro turno. Não é à toa que nesta segunda-feira Bolsonaro já tenha saído em defesa do aliado. “Se essa esquerdalha voltar na Argentina, nós poderemos ter no Rio Grande do Sul uma nova Roraima, com nossos irmãos argentinos fugindo para cá”, disse o brasileiro, fingindo não saber que foi Macri quem lançou o país à fome, miséria e desemprego.
As fake news, fundamentais para Macri vencer as eleições passadas, estão esgotadas diante da terrível realidade econômica pós-governo de direita. No ano passado, o ex-CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, reconheceu diante do parlamento britânico que realizou uma campanha anti-Kirchner na Argentina, o que claramente favoreceu o atual presidente, fazendo com que ele ganhasse pela minúscula diferença de 1,34% dos votos em 2015. Uma notícia que, outras vezes, teria sido um escândalo, mas que passou completamente despercebida pela armadura da mídia oficial.
Nós, argentinos, temos que agradecer a Jair Bolsonaro, que acrescentou seu grão de areia à campanha macrista. Ele certamente acredita que na Argentina não temos memória e que seu apoio às ditaduras sejam bem-vindas em nosso país… Pelo contrário, seu apoio a Macri foi tão eficaz quanto um salva-vidas num avião em queda. É como disse o presidenciável Alberto Fernández quando visitou Lula em Curitiba, no início do mês de julho: “Que Bolsonaro continue falando mal de mim, não sabe o favor que me faz”.
Neste domingo, Macri ameaçou que, se perder a eleição, os mercados iriam ficar nervosos. “Os mercados”, na verdade, são os amigos e o entorno do presidente. Até o momento, o dólar disparou, passando de 45 pesos a 57,30, em torno de 27% de alta. Uma campanha de terror na reta final de alguém que partirá para o tudo ou nada para continuar no poder, mesmo que isso seja a total destruição da economia argentina, como vem fazendo desde que começou a governar.
P.S.: Dedicamos essa vitória ao ex-presidente Lula, que é muito querido na Argentina, e de quem esperamos sua liberdade imediata, não apenas para um futuro melhor para o Brasil, mas para toda a região e o mundo. Lula é um estadista. Nestes tempos de líderes magros, sua presença e visão são mais que necessárias.
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