Caricatura de Macri, por Tomás Müller |
Bajulado pelos abutres financeiros do mundo inteiro, o
presidente-ricaço Mauricio Macri conseguiu destruir a Argentina, que virou um
caos. Nesta quarta-feira (28), o governo do país vizinho decretou moratória de
parte da sua dívida de curto prazo e anunciou que também renegociará os empréstimos
de médio e longo prazos, inclusive a parcela de US$ 57 bilhões obtida do Fundo
Monetário Internacional (FMI) em junho de 2018.
Diante da devastação da economia argentina, muitos “analistas
de mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos banqueiros na mídia rentista –
e representantes da cloaca burguesa estão se fingindo de mortos no Brasil. Os
mais cínicos até juram que já tinham previsto o colapso. Entre os oportunistas
vale mencionar o patético João Doria. Em setembro de 2017, já se preparando
para trair os otários paulistanos e disputar o governo de São Paulo, o ex-prefake
visitou Mauricio Macri na Casa Rosada, em Buenos Aires, e declarou:
“Nossas ideias são absolutamente iguais, sem retoque. Foi um
encontro inspirador, Macri é absolutamente inspirador”. Na ocasião, a imprensa
até especulou que o novato tucano contrataria o assessor de marketing do ídolo
argentino, Jaime Durán Barba. Como realçou na época a revista Fórum, “João Doria
ainda disputava internamente com o seu padrinho político, o então governador
Geraldo Alckmin, o sonho de se candidatar à presidência e não se cansou de elogiar
Macri”. O que será que ele pensa hoje sobre seu incapaz amiguinho?
Outros picaretas que hoje fogem são os fascistinhas do Movimento
Brasil Livre (MBL). No final de 2015, eles tuitaram: “Macri assumiu na
Argentina há menos de duas semanas e está tomando uma política econômica antagônica
à de Dilma. Daqui a um tempo veremos o resultado dessa nova Argentina, e o
caminho tomado pelo Brasil”. Já no Facebook, elogiaram a “reforma” da
Previdência do neoliberal portenho – que também prometia melhorar a economia,
como no Brasil – e decretaram em junho de 2016: “Argentina vive dias mais
liberais – e distantes do bolivarianismo kirchnerista – e seu povo reconhece a
melhoria”. Depois, quando a crise eclodiu, os “tontos” do MBL – segundo a
carinhosa definição de Sergio Moro – deletaram as postagens.
No caso da mídia rentista, os vexames também são hilários. Miriam
Leitão, porta-voz econômica da famiglia Marinho, até virou motivo de chacota em
função da sua torcida militante por Mauricio Macri. Em um texto que ficou
famoso pelo erro crasso, ela escreveu no jornal O Globo em 2017: “A economia da
Argentina está em recuperação e pode crescer 3% este ano e 4% no ano que vem.
Isso explica em parte a vitória de Mauricio Macri nas eleições do último final
de semana. O ajuste promovido pelo governo já traz resultados concretos que
começam a ser percebidos pela população”.
Até hoje, Miriam Leitão não fez uma autocrítica mais severa do
seu erro de leitura. Em artigo publicado nessa quinta-feira (28), ela segue com
sua visão ultraneoliberal e não dá a mão à palmatória. “Macri teve um início
promissor, com aumento da confiança e dos indicadores financeiros da Argentina.
Mas seu primeiro grande erro foi ter optado pelo gradualismo no ajuste que o
país precisa fazer. O tempo foi passando, e o melhor momento de liquidez nos
mercados internacionais foi perdido sem que o governo entregasse as reformas
que prometera durante campanha”. A ortodoxia dos adoradores do “deus-mercado” parece
uma doença!
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