Editorial do site Vermelho:
A afirmação de Carlos Bolsonaro de que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos” vai além das conhecidas molecagens dos filhos do presidente. No mesmo dia, o outro filho, o deputado Eduardo, candidato a ser embaixador no Estados Unidos, exibiu uma arma na cintura durante visita ao hospital em que o pai convalesce de uma cirurgia. As atitudes de ambos, repudiadas em tom elevado numa escala que abrangeu quase todo o leque ideológico do país, traduzem o pensamento do clã Bolsonaro e suas adjacências.
É sabido que existe um arranjo no governo para sustentá-lo em quatro vertentes - a do clã; a do ministro da Economia, Paulo Guedes; e a do ministro da Justiça, Sérgio Moro; e os militares -, mas atitudes assim mostram que o ponto central dessa composição comanda o jogo das regras autoritárias. A retórica de um, e o exibicionismo belicoso de outro - o “embaixador chapeiro”, que fecharia o STF com um jipe, um cabo e um soldado -, apesar de serem comportamentos néscios, são o resultado da doutrinação ideológica no ambiente em que foram formados. Tal pai, tais filhos. E não se diferenciam, no essencial, das truculências e grosserias de Paulo Guedes e das prepotências de Sérgio Moro.
Os casos soam triviais, algo como mais um capítulo dos devaneios bolsonaristas-lavajatistas, mas servem para uma reflexão sobre para onde eles pretendem levar o país. Devem ser vistos no âmbito de um projeto de poder, que tem a missão de executar um programa de governo. A fala de Carlos é mera repetição do que disse certa vez o pai, Jair, de que se fosse presidente fecharia o Congresso Nacional por que “através do voto você não vai mudar nada nesse país” — com ênfase no “nada”, antecedido do advérbio “absolutamente”.
A conclusão é inescapável. O Brasil tem um primeiro grande problema para resolver: a defesa da democracia. Com ele vêm outros, relacionados à rápida deterioração da economia. O governo anuncia que seu pacote de privatizações - rejeitadas por 67% dos brasileiros -, que produzirá fusões e aquisições numa escala de desnacionalização sem limites, mais as “reformas” previdenciária, trabalhista e tributária, impulsionarão o crescimento. A questão é saber se essa combinação pode gerar investimento e consumo - as molas-mestras do desenvolvimento.
A experiência diz que não. Como se diz, os erros nunca se anulam; eles se somam e geram um resultado muito pior. A fotografia da economia mundial também diz que não. As previsões são de que a guerra comercial do governo dos Estados Unidos contra a China afeta 3,4% do comércio mundial. O Brasil, que pelo tamanho da sua economia depende enormemente dos intercâmbios comerciais, sobretudo com a China, certamente será atingido de frente pelos efeitos dessa guerra. Sem falar nos indícios de que o mundo caminha para uma recessão, com seus anunciados resultados devastadores.
É um cenário que deveria motivar a união do país para se adotar medidas para esses tempos duros. Seria a hora de um governo com respaldo popular, capaz de assumir a regência de um processo político que movimentasse as alancas da construção nacional - o Estado, com seus entes desenvolvimentistas, como as estatais, sobretudo os bancos públicos - e apontasse um norte definido por políticas de desenvolvimento e de conteúdo social. Um projeto de poder que priorizasse, antes de tudo, nos destinos do país e do povo.
Mas essa meta não virá pelo bolsonarismo, que tenta governar pelo choque do prolixo, da verborragia estridente e oca. Esse arranjo de poder é incapaz de considerar os problemas nacionais, de auscultar o coração do povo, de ler e entender os processos sociais democráticos. Por isso ele desrespeita abertamente a Constituição e outras cartas, recorrendo ao autoritarismo e ao entreguismo. A defesa do país e do povo virá pela coragem e clareza de uma oposição ampla, com condições de superar as atuais ameaças bolsonaristas e restaurar a esperança.
A afirmação de Carlos Bolsonaro de que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos” vai além das conhecidas molecagens dos filhos do presidente. No mesmo dia, o outro filho, o deputado Eduardo, candidato a ser embaixador no Estados Unidos, exibiu uma arma na cintura durante visita ao hospital em que o pai convalesce de uma cirurgia. As atitudes de ambos, repudiadas em tom elevado numa escala que abrangeu quase todo o leque ideológico do país, traduzem o pensamento do clã Bolsonaro e suas adjacências.
É sabido que existe um arranjo no governo para sustentá-lo em quatro vertentes - a do clã; a do ministro da Economia, Paulo Guedes; e a do ministro da Justiça, Sérgio Moro; e os militares -, mas atitudes assim mostram que o ponto central dessa composição comanda o jogo das regras autoritárias. A retórica de um, e o exibicionismo belicoso de outro - o “embaixador chapeiro”, que fecharia o STF com um jipe, um cabo e um soldado -, apesar de serem comportamentos néscios, são o resultado da doutrinação ideológica no ambiente em que foram formados. Tal pai, tais filhos. E não se diferenciam, no essencial, das truculências e grosserias de Paulo Guedes e das prepotências de Sérgio Moro.
Os casos soam triviais, algo como mais um capítulo dos devaneios bolsonaristas-lavajatistas, mas servem para uma reflexão sobre para onde eles pretendem levar o país. Devem ser vistos no âmbito de um projeto de poder, que tem a missão de executar um programa de governo. A fala de Carlos é mera repetição do que disse certa vez o pai, Jair, de que se fosse presidente fecharia o Congresso Nacional por que “através do voto você não vai mudar nada nesse país” — com ênfase no “nada”, antecedido do advérbio “absolutamente”.
A conclusão é inescapável. O Brasil tem um primeiro grande problema para resolver: a defesa da democracia. Com ele vêm outros, relacionados à rápida deterioração da economia. O governo anuncia que seu pacote de privatizações - rejeitadas por 67% dos brasileiros -, que produzirá fusões e aquisições numa escala de desnacionalização sem limites, mais as “reformas” previdenciária, trabalhista e tributária, impulsionarão o crescimento. A questão é saber se essa combinação pode gerar investimento e consumo - as molas-mestras do desenvolvimento.
A experiência diz que não. Como se diz, os erros nunca se anulam; eles se somam e geram um resultado muito pior. A fotografia da economia mundial também diz que não. As previsões são de que a guerra comercial do governo dos Estados Unidos contra a China afeta 3,4% do comércio mundial. O Brasil, que pelo tamanho da sua economia depende enormemente dos intercâmbios comerciais, sobretudo com a China, certamente será atingido de frente pelos efeitos dessa guerra. Sem falar nos indícios de que o mundo caminha para uma recessão, com seus anunciados resultados devastadores.
É um cenário que deveria motivar a união do país para se adotar medidas para esses tempos duros. Seria a hora de um governo com respaldo popular, capaz de assumir a regência de um processo político que movimentasse as alancas da construção nacional - o Estado, com seus entes desenvolvimentistas, como as estatais, sobretudo os bancos públicos - e apontasse um norte definido por políticas de desenvolvimento e de conteúdo social. Um projeto de poder que priorizasse, antes de tudo, nos destinos do país e do povo.
Mas essa meta não virá pelo bolsonarismo, que tenta governar pelo choque do prolixo, da verborragia estridente e oca. Esse arranjo de poder é incapaz de considerar os problemas nacionais, de auscultar o coração do povo, de ler e entender os processos sociais democráticos. Por isso ele desrespeita abertamente a Constituição e outras cartas, recorrendo ao autoritarismo e ao entreguismo. A defesa do país e do povo virá pela coragem e clareza de uma oposição ampla, com condições de superar as atuais ameaças bolsonaristas e restaurar a esperança.
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