quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Moro será como um Cunha do Judiciário

Por Rodrigo Vianna, no blog Viomundo:

Algumas pessoas se perguntam por que o STF não enfrenta Sergio Moro, apesar de tantas evidências de abuso de poder e ilegalidades reveladas na Vaza-Jato.

Parece-me óbvio que na Corte Suprema há uma leitura da correlação de forças.

Moro ainda tem poder simbólico na sociedade: cerca de 50% de ótimo/bom, pelo Datafolha. Mais que o “chefe” Bolsonaro.

Adversários precisam de Moro mais fraco, antes de ir pra cima.

Bolsonaro, esquerda e centro direita – por motivos diferentes – querem Moro mais fraco. Estamos no meio do processo de enfraquecimento dele.

Antes desse processo de fritura avançar, não há ainda condições políticas de contê-lo no STF… A não ser de forma pontual e precária.

Na correlação de forças midiáticas, a Globo se alinha a Moro e ao lavajatismo, impedindo que o desgaste do “conje“ se aprofunde.

Graças, em boa parte, ao bloqueio da Globo imposto à Vaza-Jato, a maior parte do povo ou não conhece as entranhas reveladas por The Intercept, ou conhece e acha que apesar das ilegalidades Moro fez o que devia ser feito para interditar Lula.

Para a família Marinho, Moro ainda é “o juiz que faz a diferença”. Em breve, a família pode encontrar o “apresentador que faz a diferença”. É que Luciano Huck já começa a mostrar força na centro-direita

Entre operadores de Direito, no entanto, o desgaste de Moro é gigante e irreversível. Apostaria que a médio prazo ele não sobrevive como força política autônoma.

Será usado e enfraquecido pelo bolsonarismo. Até se tornar descartável, como um Eduardo Cunha do Judiciário.

*Rodrigo Vianna é jornalista e historiador.

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