Por Frederico Rochaferreira, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
Poucos dias antes de viajar para participar da Assembleia Geral da ONU, Jair Bolsonaro disse que jantaria com o presidente Donald Trump, mas não houve jantar. Apesar de os dois estarem no mesmo hotel, também não houve reunião entre os dois. Trump, no entanto, manteve reunião reservada com os líderes de Cingapura, da Coreia do Sul, da Nova Zelândia, do Paquistão e da Polônia.
Já era esperado que o Brasil na ONU ficasse ausente de importantes encontros por conta das relações de Bolsonaro com os líderes europeus, China e Rússia, que são as piores possíveis. Porém, dada a admiração do presidente brasileiro por Trump e os afagos do americano a Bolsonaro, não estava na agenda do governo a possibilidade de não haver encontro entre os dois líderes. Porém, razões para esse inesperado não encontro existem.
Primeiro, Bolsonaro não se aliou aos Estados Unidos, se aliou à um líder que hoje está acuado pelos norte-americanos acusado de abuso de poder e intimidação e agora, pela abertura do processo de impeachment anunciado pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ocorrido no mesmo dia em que Trump discursava na Assembleia Geral da ONU.
Ainda na ONU, Trump tentou dissuadir os democratas, anunciando que iria disponibilizar a transcrição completa da conversa por telefone que manteve com seu colega, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenski, mas já era tarde.
Em meio à abertura do processo de impeachment, a Casa Branca admitiu ter arquivado a ligação de Trump ao líder ucraniano em um sistema secreto, desse modo, com o aval ou sem o aval de Trump, as transcrições virão a público. Segundo, pesa nas costas de Trump, sua proximidade com o presidente brasileiro, alvo dos congressistas norte-americanos por negligenciar as causas ambientais, sobretudo o desmatamento na Amazônia, bem como por sua admiração e apologia as ditaduras militares e declarações racistas e contra os direitos humanos.
Após o discurso de Bolsonaro na ONU, um grupo de congressistas em Washington apresentou uma resolução na Câmara dos Representantes, em que pedem às autoridades americanas mais cautela e vigilância nas relações de Washington com Brasília. No texto, apresentado no dia 25 de setembro com a assinatura de 16 deputados do Partido Democrata, que tem maioria na Câmara, os legisladores dizem que se o governo brasileiro não implementar medidas efetivas para cumprir as normas internacionais de direitos humanos e o combate ao desmatamento na Amazônia, entre outras medidas, os Estados Unidos devem cancelar a designação do Brasil como aliado preferencial extra-Otan e suspender todo o apoio militar e policial americano ao governo brasileiro, pedindo ainda que o governo dos EUA se oponha a financiamentos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento a projetos que possam contribuir com o desmatamento na região amazônia.
Essas razões expõem o erro estratégico de Bolsonaro em se aliar à Donald Trump e a suas ideias, em particular, negligenciando os EUA e esse erro pode custar caro ao governo brasileiro, com a real possibilidade do impeachment de Trump, (lembrando que Kurt Volker, enviado especial dos EUA para a Ucrânia, já renunciou ao cargo depois de ser citado em uma intimação do Congresso como parte da investigação de impeachment contra o presidente Donald Trump por causa de suas negociações com Kiev) ou com a provável derrota de Trump nas próximas eleições, assim, o Brasil que está cada vez mais isolado da Europa, Rússia e China, corre o risco real de ficar também à margem das relações com os EUA.
Já era esperado que o Brasil na ONU ficasse ausente de importantes encontros por conta das relações de Bolsonaro com os líderes europeus, China e Rússia, que são as piores possíveis. Porém, dada a admiração do presidente brasileiro por Trump e os afagos do americano a Bolsonaro, não estava na agenda do governo a possibilidade de não haver encontro entre os dois líderes. Porém, razões para esse inesperado não encontro existem.
Primeiro, Bolsonaro não se aliou aos Estados Unidos, se aliou à um líder que hoje está acuado pelos norte-americanos acusado de abuso de poder e intimidação e agora, pela abertura do processo de impeachment anunciado pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ocorrido no mesmo dia em que Trump discursava na Assembleia Geral da ONU.
Ainda na ONU, Trump tentou dissuadir os democratas, anunciando que iria disponibilizar a transcrição completa da conversa por telefone que manteve com seu colega, o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenski, mas já era tarde.
Em meio à abertura do processo de impeachment, a Casa Branca admitiu ter arquivado a ligação de Trump ao líder ucraniano em um sistema secreto, desse modo, com o aval ou sem o aval de Trump, as transcrições virão a público. Segundo, pesa nas costas de Trump, sua proximidade com o presidente brasileiro, alvo dos congressistas norte-americanos por negligenciar as causas ambientais, sobretudo o desmatamento na Amazônia, bem como por sua admiração e apologia as ditaduras militares e declarações racistas e contra os direitos humanos.
Após o discurso de Bolsonaro na ONU, um grupo de congressistas em Washington apresentou uma resolução na Câmara dos Representantes, em que pedem às autoridades americanas mais cautela e vigilância nas relações de Washington com Brasília. No texto, apresentado no dia 25 de setembro com a assinatura de 16 deputados do Partido Democrata, que tem maioria na Câmara, os legisladores dizem que se o governo brasileiro não implementar medidas efetivas para cumprir as normas internacionais de direitos humanos e o combate ao desmatamento na Amazônia, entre outras medidas, os Estados Unidos devem cancelar a designação do Brasil como aliado preferencial extra-Otan e suspender todo o apoio militar e policial americano ao governo brasileiro, pedindo ainda que o governo dos EUA se oponha a financiamentos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento a projetos que possam contribuir com o desmatamento na região amazônia.
Essas razões expõem o erro estratégico de Bolsonaro em se aliar à Donald Trump e a suas ideias, em particular, negligenciando os EUA e esse erro pode custar caro ao governo brasileiro, com a real possibilidade do impeachment de Trump, (lembrando que Kurt Volker, enviado especial dos EUA para a Ucrânia, já renunciou ao cargo depois de ser citado em uma intimação do Congresso como parte da investigação de impeachment contra o presidente Donald Trump por causa de suas negociações com Kiev) ou com a provável derrota de Trump nas próximas eleições, assim, o Brasil que está cada vez mais isolado da Europa, Rússia e China, corre o risco real de ficar também à margem das relações com os EUA.
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