Por Eric Nepomuceno
O pianista Miguel Proença foi expelido da presidência da Funarte.
E expelido grosseiramente, como é do feitio de tudo que se refere ao clã Bolsonaro e seus ministros.
Não que mereça gesto algum de solidariedade.
Afinal, ninguém, absolutamente ninguém – exceto os funcionários de carreira –, que participe desse governo merece nem vestígio de respeito ou tem sequer verniz de dignidade.
Ao longo de nove meses, sua passagem opaca e medíocre pela presidência da Funarte registra apenas a gestação de um vazio semelhante ao legado deixado por ele onde passou.
Diante disso, qual a importância de ele ter sido catapultado?
Uma e uma só: o risco tremendo ter em seu lugar uma aberração chamada Roberto Alvim.
Se Proença primou pela mediocridade, todos os antecedentes de Alvim apontam para o contrário: um ativismo tresloucado, fundamentalista, radical.
Um camarada movido a um combustível especialmente caro ao clã Bolsonaro: o ódio somado ao ressentimento.
Sua nomeação será mais uma foiçada no trabalho incessante de amputar pouco a pouco as artes e a cultura deste país estraçalhado.
O que acontece na Casa Rui Barbosa é um escândalo.
O centenário casarão da rua São Clemente, no Rio de Janeiro, abriga desde 1930 um dos mais fabulosos acervos da memória da cultura brasileira.
Lá estão tesouros como os arquivos pessoais (cartas, manuscritos, fotografias) de Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Antonio Callado, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes, para ficarmos em apenas cinco nomes. Além, é claro, do próprio Rui Barbosa.
Por tradição, os funcionários da Casa indicam os candidatos, cujos nomes são chancelados pelo governo de turno.
Este ano, a indicada foi a filóloga Rachel Valença, com 33 anos de dedicação à Casa de Rui e uma das acadêmicas mais respeitadas desse país à deriva.
No entanto, outra voz mais alta se alevantou: a de um desses autonomeados pastores eletrônicos, Marco Feliciano.
Ele apadrinhou uma senhora chamada Letícia Dornelles para o cargo que já foi ocupado por, entre outros, Américo Jacobina Lacombe e Wanderley Guilherme dos Santos.
Não se trata de preconceito ou pessimismo antecipado.
Mas basta recordar que, entre outras prendas culturais, a referida senhora ostenta em seu currículo ter escrito roteiros para programas da TV Record e do SBT.
Também se louva por ter sido vizinha de Carlos Drummond de Andrade.
Se o fato de ser vizinho de alguém significa proximidade, mais vale Bolsonaro colocar em seu currículo (se é que ele sabe de que se trata...) o nome de Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Ah, sim: ela também escreveu um livro cujo título é “Como enlouquecer em dez lições”.
Pelo visto, a bizarra figura gaúcha que atende pelo nome de Osmar Terra e ocupa a poltrona de ministro da Cidadania, sob cujas garras está a secretaria de Cultura (nem bem pôs os pés em Brasília, Bolsonaro exterminou o ministério), não precisou ler o livro inteiro.
Enlouqueceu nas primeiras páginas.
Tudo, absolutamente tudo relacionado às artes e à cultura virou alvo preferencial da manada bolsonarista.
Que um beócio chamado Marcos Feliciano indique a uma extravagância ministerial alguém tão completamente desqualificado para um posto da importância da presidência da Casa de Rui é apenas parte desse projeto de destruição que está paralisando o cinema brasileiro, sufocando o teatro, pressionando com mal disfarçados métodos de censura qualquer forma de expressão.
Desde a chegada de Michel Temer à presidência as instituições vinculadas às artes e à cultura vêm sendo vítimas de um evidente processo de desmanche.
Mas nem o regime cleptômano instalado depois do golpe que derrubou Dilma Rousseff ousou fazer o que Bolsonaro fez em dez meses de desgoverno.
Ter na Funarte um desmiolado como Alvim e na Casa de Rui a senhora que foi vizinha de Drummond é ultrajante. É criminoso. É Bolsonaro em estado puro.
E, pelo visto, não há como impedir que ele continue sendo o que é.
O pianista Miguel Proença foi expelido da presidência da Funarte.
E expelido grosseiramente, como é do feitio de tudo que se refere ao clã Bolsonaro e seus ministros.
Não que mereça gesto algum de solidariedade.
Afinal, ninguém, absolutamente ninguém – exceto os funcionários de carreira –, que participe desse governo merece nem vestígio de respeito ou tem sequer verniz de dignidade.
Ao longo de nove meses, sua passagem opaca e medíocre pela presidência da Funarte registra apenas a gestação de um vazio semelhante ao legado deixado por ele onde passou.
Diante disso, qual a importância de ele ter sido catapultado?
Uma e uma só: o risco tremendo ter em seu lugar uma aberração chamada Roberto Alvim.
Se Proença primou pela mediocridade, todos os antecedentes de Alvim apontam para o contrário: um ativismo tresloucado, fundamentalista, radical.
Um camarada movido a um combustível especialmente caro ao clã Bolsonaro: o ódio somado ao ressentimento.
Sua nomeação será mais uma foiçada no trabalho incessante de amputar pouco a pouco as artes e a cultura deste país estraçalhado.
O que acontece na Casa Rui Barbosa é um escândalo.
O centenário casarão da rua São Clemente, no Rio de Janeiro, abriga desde 1930 um dos mais fabulosos acervos da memória da cultura brasileira.
Lá estão tesouros como os arquivos pessoais (cartas, manuscritos, fotografias) de Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Antonio Callado, Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes, para ficarmos em apenas cinco nomes. Além, é claro, do próprio Rui Barbosa.
Por tradição, os funcionários da Casa indicam os candidatos, cujos nomes são chancelados pelo governo de turno.
Este ano, a indicada foi a filóloga Rachel Valença, com 33 anos de dedicação à Casa de Rui e uma das acadêmicas mais respeitadas desse país à deriva.
No entanto, outra voz mais alta se alevantou: a de um desses autonomeados pastores eletrônicos, Marco Feliciano.
Ele apadrinhou uma senhora chamada Letícia Dornelles para o cargo que já foi ocupado por, entre outros, Américo Jacobina Lacombe e Wanderley Guilherme dos Santos.
Não se trata de preconceito ou pessimismo antecipado.
Mas basta recordar que, entre outras prendas culturais, a referida senhora ostenta em seu currículo ter escrito roteiros para programas da TV Record e do SBT.
Também se louva por ter sido vizinha de Carlos Drummond de Andrade.
Se o fato de ser vizinho de alguém significa proximidade, mais vale Bolsonaro colocar em seu currículo (se é que ele sabe de que se trata...) o nome de Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Ah, sim: ela também escreveu um livro cujo título é “Como enlouquecer em dez lições”.
Pelo visto, a bizarra figura gaúcha que atende pelo nome de Osmar Terra e ocupa a poltrona de ministro da Cidadania, sob cujas garras está a secretaria de Cultura (nem bem pôs os pés em Brasília, Bolsonaro exterminou o ministério), não precisou ler o livro inteiro.
Enlouqueceu nas primeiras páginas.
Tudo, absolutamente tudo relacionado às artes e à cultura virou alvo preferencial da manada bolsonarista.
Que um beócio chamado Marcos Feliciano indique a uma extravagância ministerial alguém tão completamente desqualificado para um posto da importância da presidência da Casa de Rui é apenas parte desse projeto de destruição que está paralisando o cinema brasileiro, sufocando o teatro, pressionando com mal disfarçados métodos de censura qualquer forma de expressão.
Desde a chegada de Michel Temer à presidência as instituições vinculadas às artes e à cultura vêm sendo vítimas de um evidente processo de desmanche.
Mas nem o regime cleptômano instalado depois do golpe que derrubou Dilma Rousseff ousou fazer o que Bolsonaro fez em dez meses de desgoverno.
Ter na Funarte um desmiolado como Alvim e na Casa de Rui a senhora que foi vizinha de Drummond é ultrajante. É criminoso. É Bolsonaro em estado puro.
E, pelo visto, não há como impedir que ele continue sendo o que é.
e, ainda, não chegamos ao fundo do poço...
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirPor favor, que falem o mínimo ou nada sobre essa hiena louca, sem fotos dela e dos pets. Imagine esse insano acordar e não ver nenhuma referência a ele. Ele comete todas essas asneiras para aparecer.
Ele é asqueroso demais.