Por Abigail Pereira, no site Vermelho:
Nesta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL), da base do governo Bolsonaro, destruiu charge do artista Latuff que denunciava a violência policial contra os negros em exposição na Câmara dos Deputados. Em 2018, dois trogloditas candidatos que depois viraram deputados, também apoiadores de primeira hora de Bolsonaro, destruíram placa em homenagem a Marielle, vereadora negra brutalmente assassinada.
Os dois fatos (bem como a morte de Marielle) estão diretamente relacionados e são sintomáticos do tempo que vivemos. O Brasil está mergulhado numa perigosa onda de ódio, ignorância e preconceito que procura criminalizar e intimidar todos que denunciam e resistem a tudo aquilo que temos de pior, como se o erro estivesse não nos problemas estruturais do país, mas naqueles que se rebelam contra eles e suas causas. Dentre estes problemas estão o racismo e a desigualdade, que seguem sendo ignorados ou minimizados por parcela considerável da população.
Ao contrário do que muitos preferem defender, o Brasil é um país profundamente desigual e racista sim. Atingidas pela discriminação e pelo machismo, as mulheres negras sofrem duplamente. O aumento no número de homicídios de mulheres foi pior para as negras, conforme o Atlas da Violência 2019. Em números absolutos, o crescimento foi de 1,7% entre brancas no período de 2007 a 2017, mas de 60% entre as negras. Elas também são as principais vítimas da violência doméstica, do estupro e de agressões. No campo econômico, as negras têm rendimentos 44% inferior aos de um homem branco e a taxa de desemprego ultrapassa os 16% entre elas.
Entre os homens, a realidade também é dura: em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram de indivíduos negros, a maioria deles jovens. E a população negra representa 64% dos desocupados e 66% dos subutilizados. Também é negra a população com menor escolaridade, mais vulnerável à violência (inclusive policial), a maioria da população carcerária e com as piores condições de moradia, saneamento e atendimento à saúde. Dados como estes são apenas alguns que mostram a realidade vivida pela maioria da população (55% é composta por pretos e pardos).
Não é possível continuar se negando a enxergar tamanha desigualdade, tamanha iniquidade, que atinge os negros e negras. A denúncia e a luta devem ser cotidianas, devem extrapolar o mês de novembro, devem ultrapassar os limites da população negra; tem de envolver todos os brasileiros e brasileiras. Enquanto essa situação persistir, o Brasil continuará sendo uma nação infeliz que, ao invés de enfrentar seus problemas, prefere fingir que eles não existem, quebrando placas e obras para fingir que o racismo não existe.
Nesta quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL), da base do governo Bolsonaro, destruiu charge do artista Latuff que denunciava a violência policial contra os negros em exposição na Câmara dos Deputados. Em 2018, dois trogloditas candidatos que depois viraram deputados, também apoiadores de primeira hora de Bolsonaro, destruíram placa em homenagem a Marielle, vereadora negra brutalmente assassinada.
Os dois fatos (bem como a morte de Marielle) estão diretamente relacionados e são sintomáticos do tempo que vivemos. O Brasil está mergulhado numa perigosa onda de ódio, ignorância e preconceito que procura criminalizar e intimidar todos que denunciam e resistem a tudo aquilo que temos de pior, como se o erro estivesse não nos problemas estruturais do país, mas naqueles que se rebelam contra eles e suas causas. Dentre estes problemas estão o racismo e a desigualdade, que seguem sendo ignorados ou minimizados por parcela considerável da população.
Ao contrário do que muitos preferem defender, o Brasil é um país profundamente desigual e racista sim. Atingidas pela discriminação e pelo machismo, as mulheres negras sofrem duplamente. O aumento no número de homicídios de mulheres foi pior para as negras, conforme o Atlas da Violência 2019. Em números absolutos, o crescimento foi de 1,7% entre brancas no período de 2007 a 2017, mas de 60% entre as negras. Elas também são as principais vítimas da violência doméstica, do estupro e de agressões. No campo econômico, as negras têm rendimentos 44% inferior aos de um homem branco e a taxa de desemprego ultrapassa os 16% entre elas.
Entre os homens, a realidade também é dura: em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram de indivíduos negros, a maioria deles jovens. E a população negra representa 64% dos desocupados e 66% dos subutilizados. Também é negra a população com menor escolaridade, mais vulnerável à violência (inclusive policial), a maioria da população carcerária e com as piores condições de moradia, saneamento e atendimento à saúde. Dados como estes são apenas alguns que mostram a realidade vivida pela maioria da população (55% é composta por pretos e pardos).
Não é possível continuar se negando a enxergar tamanha desigualdade, tamanha iniquidade, que atinge os negros e negras. A denúncia e a luta devem ser cotidianas, devem extrapolar o mês de novembro, devem ultrapassar os limites da população negra; tem de envolver todos os brasileiros e brasileiras. Enquanto essa situação persistir, o Brasil continuará sendo uma nação infeliz que, ao invés de enfrentar seus problemas, prefere fingir que eles não existem, quebrando placas e obras para fingir que o racismo não existe.
“O tráfico absorve uma boa parte das pessoas que moram nas comunidades, e a maioria dessas pessoas é de origem negra. E aí, se a maioria é negra, o resultado só pode ser esse”, declarou o corona canalha Tadeu ao jornal Falha de São Paulo. Pois bem, na ditadura militar PRETO era o carro de outro deputato bandido como revela o dossier do The Intercept: https://theintercept.com/2019/07/07/dossies-politicos-trafico-ditadura-ms/
ResponderExcluir“O OPALA PRETO, com placas do Poder Legislativo Federal, cruzava tranquilamente a fronteira do Brasil com o Paraguai em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Afinal, em plena ditadura, nenhum policial cometeria o erro de parar o carro que era usado pelo então deputado federal Gandi Jamil Georges, aliado do governo militar. No porta-malas, inúmeras cargas de armas e drogas traficadas sem problemas país adentro, como revelam dossiês exclusivos obtidos pelo Intercept.
Os arquivos do Serviço Nacional de Informações, o todo poderoso SNI, esquecidos por 30 anos, ligam pela primeira vez políticos da ditadura ao tráfico de drogas. Eles mostram que políticos apoiados pelo regime eram amigos, aliados e até irmãos de traficantes e contrabandistas que atuavam no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. O Opala da Câmara é o exemplo mais característico.”