Por Fernando Brito, em seu blog:
Segurança pública, sabem todos os que a analisam como política pública, é um indicador essencialmente subjetivo – é a sensação de segurança.
Ainda que alimentado por uma base real – os índices de criminalidade – esta sensação provém de percepções que vêm da experiência nas ruas e do impacto da mídia.
No Rio, ambos favorecem – e há muito tempo – que esta percepção seja negativa.
Não é preciso aprofundar-se em estudos, basta olhar os jornais de hoje.
Ontem, oito assaltantes invadiram uma agência bancária na Avenida Dona Belarmina Marin, a mais importante do bairro do Grajaú, Zona Sul (e mais pobre) da capital. Explodiram caixas eletrônicos, atravessaram ônibus interrompendo o trânsito por horas, trocaram tiros de arma pesadas com a polícia.
Na capas do Estadão e da Folha, nem uma palavra sobre o fato. No popular Agora São Paulo, uma pequenina nota.
No Rio, as cenas de guerra ganhariam, no mínimo, um quarto das primeiras páginas, senão mais.
É discussão longa e matizada, porque necessário agir sobre sensações tanto quanto sobre as causas reais desta percepção, tanto no crime quanto nos organismos que, tão criminosos quanto, surgem para controlar os bairros e comunidades pobres e constituir as máfias armadas e policialescas das milícias.
A pesquisa Datafolha publicada hoje, sobre esta percepção dos cariocas – a pesquisa não abrange metade da população do Grande Rio, portanto – tem importância por revelar que, mesmo num quadro de alívio desta tensão, não vai além de 15% a aprovação de uma política de “mirar na cabecinha” como alternativa para a segurança pública.
Há um erro grosseiro na apresentação dos números, porque induzem à ideia de que a elevação da aprovação da política de segurança (ainda que a míseros 15%) saltou a este índice por conta do desempenho do governo estadual. O número usado para esta comparação foi março de 2018, quando recém se iniciava a intervenção militar na área de segurança pública.
O que é objetivo é que se elevou a proporções incríveis o medo da população em relação às forças policiais. Quatro em cada cinco cariocas temem a PM e ainda um pouco mais, à milicia que se formou à sua sombra.
A violência policial (e parapolicial), embora seja tida como “aceitável” para muitos, tomou uma proporção que permite dizer que uma imensa maioria se considera, também, potencial vítima desta escalada repressiva.
Como é esta a orientação tanto do Governo Witzel quanto do Governo Bolsonaro , é espaço pequeno para que, politicamente, entrem em conflito. De maneira menos confrontada, o mesmo se passa na capital paulista, onde o “Bolsodória” encolheu a proporções minúsculas.
Tomara que isto seja um indicador de que as eleições de 2020 não sejam, como as últimas, campo fértil para a histeria e tire do estrelato tanto milicianos quanto genocidas.
Segurança pública, sabem todos os que a analisam como política pública, é um indicador essencialmente subjetivo – é a sensação de segurança.
Ainda que alimentado por uma base real – os índices de criminalidade – esta sensação provém de percepções que vêm da experiência nas ruas e do impacto da mídia.
No Rio, ambos favorecem – e há muito tempo – que esta percepção seja negativa.
Não é preciso aprofundar-se em estudos, basta olhar os jornais de hoje.
Ontem, oito assaltantes invadiram uma agência bancária na Avenida Dona Belarmina Marin, a mais importante do bairro do Grajaú, Zona Sul (e mais pobre) da capital. Explodiram caixas eletrônicos, atravessaram ônibus interrompendo o trânsito por horas, trocaram tiros de arma pesadas com a polícia.
Na capas do Estadão e da Folha, nem uma palavra sobre o fato. No popular Agora São Paulo, uma pequenina nota.
No Rio, as cenas de guerra ganhariam, no mínimo, um quarto das primeiras páginas, senão mais.
É discussão longa e matizada, porque necessário agir sobre sensações tanto quanto sobre as causas reais desta percepção, tanto no crime quanto nos organismos que, tão criminosos quanto, surgem para controlar os bairros e comunidades pobres e constituir as máfias armadas e policialescas das milícias.
A pesquisa Datafolha publicada hoje, sobre esta percepção dos cariocas – a pesquisa não abrange metade da população do Grande Rio, portanto – tem importância por revelar que, mesmo num quadro de alívio desta tensão, não vai além de 15% a aprovação de uma política de “mirar na cabecinha” como alternativa para a segurança pública.
Há um erro grosseiro na apresentação dos números, porque induzem à ideia de que a elevação da aprovação da política de segurança (ainda que a míseros 15%) saltou a este índice por conta do desempenho do governo estadual. O número usado para esta comparação foi março de 2018, quando recém se iniciava a intervenção militar na área de segurança pública.
O que é objetivo é que se elevou a proporções incríveis o medo da população em relação às forças policiais. Quatro em cada cinco cariocas temem a PM e ainda um pouco mais, à milicia que se formou à sua sombra.
A violência policial (e parapolicial), embora seja tida como “aceitável” para muitos, tomou uma proporção que permite dizer que uma imensa maioria se considera, também, potencial vítima desta escalada repressiva.
Como é esta a orientação tanto do Governo Witzel quanto do Governo Bolsonaro , é espaço pequeno para que, politicamente, entrem em conflito. De maneira menos confrontada, o mesmo se passa na capital paulista, onde o “Bolsodória” encolheu a proporções minúsculas.
Tomara que isto seja um indicador de que as eleições de 2020 não sejam, como as últimas, campo fértil para a histeria e tire do estrelato tanto milicianos quanto genocidas.
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