terça-feira, 5 de março de 2019

Os militares e o resmungo final

Por Fernando Rosa, no blog Senhor X:

O Exército Brasileiro designou o general de brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior para ocupar o cargo de subcomandante de interoperabilidade do Comando Sul. O Comando Sul, atualmente chefiado pelo almirante Craig Faller, é uma unidade militar dos Estados Unidos responsável por coordenar os interesses estratégicos do país na América do Sul, na América Central e no Caribe. “É uma coisa tão insólita, tão inusitada, que eu não me lembro de nenhuma situação semelhante, a não ser em tempo de guerra”, alertou o ex-chanceler Celso Amorim.

Daniela Mercury dá “aula” para Bolsonaro

Da revista Fórum:

Considerada uma das artistas mais importantes do Brasil, a cantora Daniela Mercury, através de uma nota oficial divulgada na tarde desta terça-feira (5), deu uma verdadeira “aula” sobre Lei Rouanet, economia e carnaval ao presidente Jair Bolsonaro.

No texto, veiculado em suas redes sociais, Daniela rebate uma provocação feita mais cedo por Jair Bolsonaro contra ela e o cantor Caetano Veloso. Pelo Twitter, o capitão da reserva postou um vídeo de um homem cantando uma marchinha dedicada aos dois artistas que diz que “o carnaval não está proibido”, mas “não será feito com o dinheiro do povo”. Como legenda do vídeo, Bolsonaro escreveu: “Dois ‘famosos’ acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de “artista” não mais se locupletará da Lei Rouanet”.

A (im)previdência chilena e a capitalização

Por Renato Martins, na revista Teoria e Debate:

A reforma do sistema de aposentadoria no Chile foi implementada em 1980, com a publicação do Decreto Lei nº 3.500, num dos períodos mais duros da ditadura de Augusto Pinochet.

A reforma consistiu no fim das aposentadorias por antiguidade; na definição do valor dos benefícios com base na contribuição realizada durante toda vida, e não só nos últimos anos de quotização; na adoção de mecanismos automáticos de ajuste do sistema às mudanças demográficas de longo prazo e às variações econômicas conjunturais; na substituição do modelo de repartição pelo sistema de capitalização e, finalmente, na transferência da administração pública das Caixas de Pensão para as Administradoras de Fundo de Pensão (AFPs), sob controle de grupos privados. Das múltiplas Caixas de Pensão existentes, as únicas que restaram foram a das Forças Armadas e a dos Carabineros. Ambas deficitárias, cobertas até hoje por recursos fiscais.

A briga de facções: Lava-Jato e os Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Tales Faria é um dos mais experientes repórteres políticos brasilienses, jornalista de total confiabilidade. No seu Blog na UOL, Tales descreve a reação de procuradores da Lava Jato à humilhação imposta ao ex-juiz Sérgio Moro por Jair Bolsonaro, desautorizando uma indicação dele para um cargo irrelevante.

Mencionaram as investigações sobre o Ministro do Turismo, sobre Flávio Bolsonaro e suas relações suspeitas com milicianos. No artigo de Tales, fica mais do que caracterizada a guerra entre facções políticas, com um dos lados dotado de poder de Estado, de investigar, denunciar e prender.

A reforma agrária no governo Bolsonaro

Por Gustavo Noronha, no site Brasil Debate:

Se no debate público o tema da reforma agrária surge e ressurge no Brasil pelo menos desde José Bonifácio, passando por Joaquim Nabuco, entre outros pensadores brasileiros, sua implementação efetiva como política pública foi muito circunscrita. De tanto se falar em reforma agrária no Brasil, sem nunca avançar na sua concretização, entendemos como caracterização adequada a este processo no Brasil como a reforma agrária perene. Não necessariamente perene em sua execução, mas como uma agenda que sempre esteve colocada (embora nunca implementada).

ONG bilionária dará superpoderes a Lava-Jato

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país que há cinco anos paga uma pesada contrapartida à Lava Jato, seja na economia, seja na democracia, acaba de surgir uma novidade espantosa.

Pretende-se criar uma Fundação para administrar um fundo bilionário, a ser alimentado por multas, indenizações e delações premiadas apuradas na operação.

"Serão milhões de reais por ano," admite Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, em entrevista a Folha de S. Paulo.

Haverá vida além do PIB?

Por Ladislau Dowbor, no site Outras Palavras:

Crescer por crescer é a filosofia da célula cancerosa.

O objetivo da economia, o cuidado com a nossa casa, consiste essencialmente em assegurar o bem-estar das famílias sem prejudicar as gerações futuras. Isso exige inteligência no uso dos recursos que, por sua vez, exige formas adequadas e transparentes de fazer as contas. O PIB, como todos devem saber, é o produto interno bruto. Para o comum dos mortais, que não faz contas macroeconômicas, trata-se da diferença entre aparecerem novas oportunidades de emprego (PIB em alta) ou ameaças de desemprego (PIB em baixa). Para o governo, é a diferença entre ganhar uma eleição e perdê-la: não à toa o governo britânico acrescentou ao PIB as estimativas do comércio de drogas e da prostituição, para poder dizer que “estamos crescendo”. Para os jornalistas, é uma ótima oportunidade de dar a impressão de que entendem do que se trata, mas reduzir a questão do desenvolvimento a uma cifra escancara a porta para “interpretações”. Para os que se preocupam com a destruição do meio-ambiente, é uma causa de desespero, já que a nossa principal conta esqueceu este detalhe. Para o economista que assina o presente artigo, é uma oportunidade para desancar o que é uma contabilidade clamorosamente deformada, e apresentar algo que funcione.

Ernesto Araújo é folclórico, tosco e perigoso

Por Gilberto Maringoni


A notícia que o 247 veiculou nesta segunda (4) - Ernesto Araújo inicia perseguição ideológica no Itamaraty - é surpreendente sobre o tipo de guerra ideológica empreendida pelo governo Bolsonaro.

Ou pelo menos por seus setores mais hidrófobos. Vai um trecho:

"A política de caça às bruxas no governo de Jair Bolsonaro atingiu o embaixador Paulo Roberto de Almeida nesta segunda-feira (4). Ele foi demitido do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores após republicar, em seu blog pessoal, textos recentes sobre a crise na Venezuela [da autoria de Fernando Henrique Cardoso e Rubens Ricupero]."


Clã Bolsonaro: Filho neurótico, pai patético

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O espetáculo que a estranha relação entre Jair Bolsonaro e seus filhos – que acabaram sendo seu único e verdadeiro partido político – atinge seu clímax com o filho Carlos, cujo comportamento de “cão de guarda” do pai se aproxima de uma obsessão.

Como o pai o consente e estimula, isso acaba assumindo ares patéticos, como na publicação que o ex-capitão fez, ontem à noite, no Facebook, com uma foto que é uma verdadeira ilustração do conteúdo: andando apoiado no ombro do filho, num momento de fraqueza no hospital.

O ataque da "Lava-Jato da Educação"

Por Maria do Rosário, na revista CartaCapital:

A educação tem sido duramente atacada pelo governo Bolsonaro. São exemplos a extinção de pastas que coordenavam ações sobre alfabetização, inclusão e diversidade, o projeto Escola sem Partido e a militarização das escolas. Mais recentemente, o episódio do Hino Nacional executado e filmado nos colégios como uma “ordem” evidenciou o caráter autoritário e invasivo à autonomia do pensar na escola. Mostrou o total despreparo do seu titular e sua equipe, que além de desconectada com a educação, não demonstra grau de responsabilidade para assumir a gestão de um órgão com o peso de um Ministério da Educação.