Bem que ele avisou aos seus parceiros de extrema direita nos Estados Unidos, logo no início do governo, que primeiro era preciso destruir muita coisa antes de começar a construir um novo país.
A primeira parte Bolsonaro já cumpriu: com método na loucura, muito ódio e mentiras, em apenas um ano de mandato o seu governo apequenou o país, ao atacar uma a uma as conquistas sociais das últimas décadas e abalar os alicerces democráticos de um Brasil em transe permanente.
Deve ser um caso inédito na história mundial. Nunca, antes, que eu me lembre, um presidente declarou guerra ao seu próprio país, tratando o povo e as instituições como inimigos.
De quem, afinal, ele está querendo se vingar?
Em permanente posição de combate, com os olhos injetados e vociferando contra tudo e contra todos, disparando frases desconexas recheadas de ameaças, sorrisos forçados e piadas sem graça, parece que já nos acostumamos a ver esta triste figura, eleita por 57 milhões de brasileiros, no comando de uma das maiores economias do mundo.
Pois eu até hoje não me conformo. Como foi possível?
Já tivemos outros tiranos na chefia do governo, mas nenhum com essa postura beligerante, que se apresenta entre o cômico e o trágico.
Chego a duvidar que ele tenha a mínima noção da responsabilidade do cargo que ocupa.
Comporta-se como um recruta zero cercado de generais neste quartel-condomínio em que o Brasil foi transformado.
Enjeitado pelos principais líderes mundiais, virou motivo de deboche e preocupação na imprensa internacional, carregando junto a imagem do Brasil, um país que não é mais levado a sério.
Consegue ser ainda mais facinoroso e tosco do que seu êmulo Trump, diante de quem se mostra um aliado serviçal e subalterno, miando para ser reconhecido.
Cada vez mais apoia-se nas milícias digitais e reais, liberando armas a granel, enquanto a equipe econômica pinochetista rifa o patrimônio nacional e tritura os direitos trabalhistas.
Acabou com os órgãos de controle e fiscalização do Ministério do Meio Ambiente, liberou a Amazônia para os garimpeiros e madeireiros, e agora quer transformar terras indígenas em pastos para criar mais bois e reduzir o preço da carne.
Transformou a Procuradoria Geral da República e o Ministério da Justiça no escritório particular de advocacia da família, para garantir a impunidade do clã, envolvido num sem-número de processos.
Para fechar o ano com chave de ouro, largou a mulher em Brasília e foi pescar na Bahia acompanhado de um séquito de seguranças e uma filha de nove anos.
Até aqui, estamos perdendo essa guerra, que tem um lado só, sem nenhum sinal de reconstrução no que já foi destruído _ na educação, na cultura, no meio ambiente e na autoestima dos brasileiros, tratados como inimigos em sua própria terra.
Se algum escritor de ficção descrevesse esse cenário um ano atrás, seria chamado de maluco porque o enredo parece inverosímel.
Mas tornou-se absolutamente real.
Ainda bem que faltam apenas três dias para esse ano da desgraça acabar.
Será que o Brasil sobrevive a mais três anos dessa guerra sem tanques na rua, que vai pouco a pouco consumindo o que ainda nos resta de civilidade e esperança?
Vida que segue.
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