Ontem (6) veio a público a notícia de que a chancelaria do Irã pediu explicações ao Brasil por conta da nota do Itamaraty sobre a morte do general Qassim Soleimani, assassinado em um ataque promovido pelos Estados Unidos na sexta-feira (3).
A nota do Ministério de Relações Exteriores manifestava “seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”, dizendo ainda “que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo.”
A conversa se deu com a encarregada de negócios da embaixada, Maria Cristina Lopes, que representou o governo brasileiro, já que o embaixador do país no Irã, Rodrigo Azeredo, está em férias. O teor da conversa não foi revelado.
“O apoio automático do Brasil aos EUA é humilhante. Não por outra razão, o governo do Irã chamou a representante da Embaixada brasileira para explicar a nota do Itamaraty em apoio ao assassinato de Soleimani. O perturbado Ernesto Araújo aplica a diplomacia da submissão. Vergonha”, escreveu em seu perfil no Twitter o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP). “Nenhum país do mundo soltou nota tão insana quanto a do Itamaraty”, criticou o também deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
O Irã é um importante parceiro comercial do Brasil. As exportações para aquele país, de 2008 a 2018, mais que dobraram, passando de US$ 1,13 bilhão para US$ 2,26 bilhões. O principal produto vendido para os iranianos é o milho, que representou 44% das exportações entre janeiro e junho de 2019, equivalente a US$ 940 milhões. Em seguida vem a soja e derivados, que representaram 39% das vendas; a carne bovina, com 10%, e o açúcar de cana bruto, 7,1%.
É o 23º país na lista de maiores importadores do Brasil e o 70º no ranking de importações, o que garante um saldo comercial volumoso. Entre janeiro e novembro de 2019, o saldo positivo foi de US$ 2,082 bilhões. A parceria é mais relevante quando se leva em conta que a balança comercial fechou 2019 com um superávit de apenas US$ 46,674 bilhões, representando um recuo de 20,5% pela média diária sobre 2018, o pior resultado para o país desde 2015.
Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, o consultor internacional Amauri Chamorro falou sobre as possíveis consequências econômicas do alinhamento com os Estados Unidos para o país. “A gente sabe que o mercado do Oriente Médio é importantíssimo para o Brasil e os países árabes são grandes importadores, e o Irã também, de comida, da carne e produtos da agroindústria brasileira. Se o Irã decidir, pela postura patética do governo Bolsonaro de apoiar o assassinato do Soleimani, fazer uma retaliação econômica e comercial, isso vai gerar desemprego no Brasil”, pontuou.
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