quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Petroleiros organizam greve contra demissões

Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (14), a Petrobras anunciou o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, localizada no Paraná, e a demissão sumária de todos os seus 396 petroquímicos. Em comunicado lacônico, a empresa apenas informou que a unidade estaria gerando prejuízo, já que “no contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia)”. O facão foi imposto sem qualquer negociação com o sindicato e a Federação Única dos Petroleiros.

“A categoria tomou conhecimento das demissões pela imprensa. Só então o Sindiquímica-PR foi formalmente comunicado sobre o fato. Os dirigentes da FUP e dos sindicatos filiados estarão nos próximos dias em Curitiba para discutir uma greve nacional em defesa dos direitos dos trabalhadores e da preservação dos empregos. Cerca de mil postos de trabalho serão fechados com a desativação da Araucária Nitrogenados, já que a unidade emprega em torno de 600 trabalhadores terceirizados, além dos 396 diretos”, informa a FUP.

Outros golpes sujos contra os petroleiros e a empresa símbolo da riqueza nacional estão previstos para breve. A direção bolsonarista da Petrobras está negociando a venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e da Usina do Xisto (SIX), ambas no polo de Araucária, no Paraná. Essas duas unidades integram o pacote de oito refinarias, com suas redes de dutos e terminais, que a direção da estatal pretende privatizar, no rastro da desintegração da empresa, que está em curso desde 2016 – ano do golpe do impeachment contra Dilma Rousseff e da chegada ao poder da quadrilha privatista de Michel Temer.

Conforme registra a FUP, os cortes na fábrica Araucária Fertilizantes (Fafen) são ilegais porque afrontam os acordos negociados recentemente com a empresa. “As demissões em massa anunciadas pela direção da Petrobrás descumprem o Acordo Coletivo de Trabalho, pactuado em novembro com as representações sindicais através da mediação do Tribunal Superior do Trabalho, e o Acordo assinado no dia 17 de dezembro com Ministério Público do Trabalho (MPT), onde a empresa se compromete que não fará demissões em massa durante cinco anos, sem que haja negociação prévia com os sindicatos”.

Não é de hoje que a FUP e os sindicatos filiados denunciam as ações truculentas da Petrobras, que atropela legislações e acordos firmados, desrespeitando fóruns de negociação e impondo decisões unilaterais. Sob direção dos bolsonaristas, a empresa tem alterado regras e condições de trabalho à revelia dos petroleiros, como ocorre com a tabela de turno, relógio de ponto, banco de horas, interstício total, quadros de efetivos, descumprimento das novas regras da PLR, entre várias outras ingerências.

“A FUP e seus sindicatos não irão assistir de braços cruzados a esse desmonte promovido pela gestão da Petrobrás, que quer demitir, alterar direitos e fazer imposições que impactam cruelmente a vida dos trabalhadores. A direção da empresa está nos chamando para a briga e a categoria irá responder à altura. Vai ter luta e resistência em todas as esferas. Não iremos recuar, nem deixar pra trás nenhum trabalhador”, garante o diretor da FUP, Deyvid Bacelar.

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