quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Weintraub, um caso de impeachment

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Em qualquer governo com um mínimo de respeito aos governados, Abraham Weintraub já teria sido demitido. Um deputado, Alexandre Frota (PSDB) pediu seu afastamento ao Ministério Público. UNE e UBES anunciam ação judicial, agora pelo vazamento da classificação no SISU, apesar da proibição da Justiça. Mas a solução para o caso de Weintraub está ao alcance do Congresso. É seu impeachment.

Ministros de Estado também são sujeitos a impedimento por afrontas à Constituição, como fez ele ao violar a regra da impessoalidade, atendendo a pedido individual de apoiador por rede social. E agora, ao desobedecer à Justiça, deixando vazar um resultado embargado por conta da lambança no Enem.

A incompetência do ministro e seus gestores amadores está comprometendo toda a cadeia de passagem do ensino médio para o superior. Ela está assentada nos resultados do Enem, que perderam completamente a confiabilidade depois dos absurdos erros de correção das provas.

A nota no Enem regula o acesso às universidades federais pelo SISU.

A Justiça tentou adiar as inscrições, mas elas aconteceram, depois barrou a divulgação das notas, que também acabaram vazando.

Encerrada a etapa do Sisu, os que ficaram de fora podem concorrer a vagas com bolsas em escolas particulares através do Prouni.

O próprio MEC adiou as inscrições para o Prouni para conter a barbúrdia.

Finalmente, estudantes não contemplados nestas modalidades podem pedir o financiamento do FIES, que também usa como critério de seleção a nota no Enem, além da renda das famílias.

Os três vetores foram contaminados pela lambança no Enem.

Qualquer parlamentar poderia apresentar o pedido de impedimento do ministro mas o Congresso está em recesso.

Está, mas existe uma comissão representativa (que ninguém sabe se está funcionando).

Mas o fato que a oposição parece perplexa e fatigada, e pensando muito nas eleições deste ano e na de 2022. Enquanto isso, o caos vai se instalando.

Como disse Marina Silva, quem sabota a educação é o governo.

Custa crer que haja tanta incompetência reunida numa pasta tão conectada com o futuro do país, que é a educação de seus jovens.

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