domingo, 23 de fevereiro de 2020

A liberação de ofensas morais

Por Manuel Domingos Neto

Vontade de dirigir-me aos congressistas, aos integrantes do Judiciário, às autoridades do país...

Vontade de alertar sobre a necessidade irrecorrível de destituição, o mais brevemente possível, do Presidente da República, seguida de processo legal e punição conforme à lei vigente.

Não exatamente por conta do entreguismo desavergonhado e da imposição de sofrimentos à sociedade, problemas que só podem ser resolvidos no embate político.

É que o Presidente ofendeu moralmente a mulher brasileira na pessoa da jornalista Patrícia Campos Mello.

Esse crime deu sequência à longa série de agressões morais assacadas por esse indivíduo ao longo de sua vida pública.

O fato de esse homem ter se tornado presidente revela que as instituições não exerceram em tempo hábil o papel que lhes cumpria. O corporativismo da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e da Câmara Federal acobertou seus vilipêndios.

Ficou sobremaneira revelada a falência do ensino militar, regiamente bancado com o suor do povo.

É inconcebível que tal aberração moral tenha logrado diplomas na Academia Militar de Agulhas Negras e na Escola de Aperfeiçoamento dos Oficiais do Exército!

Espanta-me o tipo de oficial que compõe hoje nossas Forças Armadas. É inacreditável que tantos generais suportem alegremente conviver e submeter-se às ordens desse rebotalho!

Se o atual mandatário da Presidência ficar impune no presente caso, estarão liberadas as ofensas mais sórdidas e inacreditáveis contra a mulher.

As conseqüências políticas e sociais serão imprevisíveis.

As autoridades deveriam imaginar que, sem a sua punição, qualquer um poderia atribuir-se o direito de direito de referir-se pública e jocosamente às partes íntimas de suas próprias avós, mães, esposas e filhas sem que seja passível de punição.

No parlamento, no tribunal, no quartel, nas escolas o enxovalhar da honra da mulher é a forma mais eficaz de destruição da convivência respeitosa entre humanos. Essa regra é milenar!

O conceito "decoro" estará, na prática, revogado da Lei brasileira e a defesa da honra competirá a cada um, individualmente.

Penso em minha família e nas famílias brasileiras. Eu admitiria impassível um marginal atingir minhas filhas como o calhorda atingiu à jornalista?

Mergulharíamos no mundo-cão caso essa torpeza seja admitida pelas instituições brasileiras.

Está evidente que a preservação da civilidade, da Lei e da Ordem passa pela destituição do Chefe de Estado.

Atacando a esquerda, o general Villas-Boas e seus camaradas falavam de "esgarçamento moral da sociedade". Autoproclamados pastores cristãos sedentos de dinheiro lhes faziam coro.

Balela! Desmentiram-se ao conduzir a excrescência moral ao mais alto cargo do país. Promoveram a degradação!

O Presidente é um covarde. Garantindo-lhe o mandato, as instituições acompanharão o seu padrão moral e dirão ao povo: salve-se quem puder!

As fábricas de retroescavadeiras bombarão!

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