Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:
Só faz bem ao ambiente político quando os agentes públicos que detêm posições de mando e ambições de mais poder atuam com transparência e dizem as coisas às claras. Isto cria condições favoráveis ao jogo político e permite às forças em disputa um posicionamento realista.
O método faz enorme bem, igualmente, à luta de ideias, pois afasta os delírios e de per si contribui para a autocrítica daqueles que se equivocam, malgrado as boas intenções.
É com este otimismo que encaro as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a sua proposta de frente das forças de direita.
“Se ninguém tiver capacidade de unificar o centro, significa que o centro estará fora do segundo turno. Isso serve pro Doria, pro Luciano Huck, pro Ciro Gomes, serve para todos que estão nesse campo aqui de centro-esquerda até centro-direita, no meu ponto de vista. Se não unificar isso aqui, vai dar certamente Bolsonaro de um lado e o candidato do Lula do outro”, diz o líder máximo do partido de direita DEM, em entrevista à Globonews. Diga-se de passagem que o grupo Globo parece tomado de ansiedade na busca do reforço desse setor da direita, mal designado como centro, e na tentativa de sedução de personagens que os jornalistas da família Marinho consideram como de centro-esquerda.
Destaca-se na fala de Maia a reiteração do aceno a Ciro Gomes, que encontra sua manifestação prática em diferentes articulações em curso para as eleições municipais deste ano.
As posições políticas de Maia e Ciro são suficientemente expressivas sobre o campo político em que ambos hoje se situam.
Malgrado o truque de fazer-se passar como originário do PDT e de se apresentar como “de centro”, Maia, apesar da idade, é um velho político da direita brasileira. Não esconde ser adepto do neoliberalismo, atuar nas hostes políticas como um preposto do capital financeiro, um adepto das políticas antissociais inerentes ao programa de seu partido, dos governos liberal-conservadores, do golpe de 2016 e fiel combatente pela realização da agenda antissocial e entreguista do governo Bolsonaro.
Muitos dirão que Maia é politicamente liberal, dialoga com todo mundo, defende o Estado democrático de direito, tem sido um freio e um contrapeso ao autoritarismo do governo Bolsonaro, protestou contra a tentativa de transferir Lula para o cárcere de Tremembé e realizou outras ações como presidente da Câmara que o credenciam como democrata e aliado orgânico das forças populares .
Tudo isto tem sua lógica no comportamento de setores expressivos das classes dominantes e se relaciona à luta por protagonismo e poder entre seus diferentes representantes. O mérito das declarações do líder do DEM é precisamente este. Explicita que hoje há, grosso modo, dois campos políticos das classes dominantes disputando o poder, com a mirada voltada para as eleições presidenciais de 2022. A extrema-direita, vitoriosa com o golpe de 2016 e as eleições disputadas em condições anormais em 2018, e a direita liberal, empenhada em apresentar-se como “centro” e com capacidade de seduzir setores da centro-esquerda. Maia quer constituir um campo sob a hegemonia da direita liberal, capaz de impedir uma polarização entre Bolsonaro e a esquerda. Quer ocupar o lugar de Bolsonaro para combater a esquerda, segundo suas pretensões com mais eficácia.
Quanto a Ciro, viveu as mais diversas experiências e ensaia agora este embarque na insensata nau da direita liberal, a despeito de ser um nacional-desenvolvimentista e de ter algumas boas ideias a incorporar a um programa democrático e patriótico. Mas deixou-se cegar pelo antipetismo e transformou sua posição política equivocada em ódio ao mais importante líder democrático-popular do país, Lula.
Os demais citados por Maia representam uma espécie de neodireita, homens pretensamente comuns, capazes de numa eleição fazer campanha intensa para Bolsonaro e meses depois, por oportunismo, pretender integrar um campo “progressista”, mas anti-esquerda. São os novos espécimes da decadência final do PSDB e do ex-presidente FHC (padrinho de Huck).
Os caminhos da luta pela democracia, os direitos do povo e a soberania nacional são complexos e difíceis, principalmente numa conjuntura em que a extrema-direita encontra-se em ofensiva e as de esquerda, dispersas. E em que internacionalmente o chefe de fila do imperialismo estadunidense se arvora a dar ordens de assassinar generais de um país soberano no território de outro país soberano, e no discurso sobre o Estado da União se dá o direito de proclamar que vai esmagar o presidente legitimamente eleito da Venezuela.
Situações assim exigem convergência de ações, diálogo amplo, exploração de contradições no seio do inimigo e esforços consistentes para unir as forças suscetíveis de serem unidas no combate às derivas autoritárias, ao neoliberalismo e às ameaças de intervenção do imperialismo em nações soberanas.
Requerem também uma estratégia e flexões táticas que passem ao largo das manobras da direita liberal com pretensões de construir uma frente sob o seu comando.
Para a esquerda consequente, a proposta de construir a frente de direita prefigurada por Rodrigo Maia equivale a arar no mar. O momento exige, ao contrário, fincar fortes estacas em terreno sólido, construir um campo democrático, patriótico e social, dotado de lucidez e flexibilidade e capacidade de unir as forças progressistas partidárias e dos movimentos sociais visando a abrir uma nova perspectiva ao país.
Só faz bem ao ambiente político quando os agentes públicos que detêm posições de mando e ambições de mais poder atuam com transparência e dizem as coisas às claras. Isto cria condições favoráveis ao jogo político e permite às forças em disputa um posicionamento realista.
O método faz enorme bem, igualmente, à luta de ideias, pois afasta os delírios e de per si contribui para a autocrítica daqueles que se equivocam, malgrado as boas intenções.
É com este otimismo que encaro as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a sua proposta de frente das forças de direita.
“Se ninguém tiver capacidade de unificar o centro, significa que o centro estará fora do segundo turno. Isso serve pro Doria, pro Luciano Huck, pro Ciro Gomes, serve para todos que estão nesse campo aqui de centro-esquerda até centro-direita, no meu ponto de vista. Se não unificar isso aqui, vai dar certamente Bolsonaro de um lado e o candidato do Lula do outro”, diz o líder máximo do partido de direita DEM, em entrevista à Globonews. Diga-se de passagem que o grupo Globo parece tomado de ansiedade na busca do reforço desse setor da direita, mal designado como centro, e na tentativa de sedução de personagens que os jornalistas da família Marinho consideram como de centro-esquerda.
Destaca-se na fala de Maia a reiteração do aceno a Ciro Gomes, que encontra sua manifestação prática em diferentes articulações em curso para as eleições municipais deste ano.
As posições políticas de Maia e Ciro são suficientemente expressivas sobre o campo político em que ambos hoje se situam.
Malgrado o truque de fazer-se passar como originário do PDT e de se apresentar como “de centro”, Maia, apesar da idade, é um velho político da direita brasileira. Não esconde ser adepto do neoliberalismo, atuar nas hostes políticas como um preposto do capital financeiro, um adepto das políticas antissociais inerentes ao programa de seu partido, dos governos liberal-conservadores, do golpe de 2016 e fiel combatente pela realização da agenda antissocial e entreguista do governo Bolsonaro.
Muitos dirão que Maia é politicamente liberal, dialoga com todo mundo, defende o Estado democrático de direito, tem sido um freio e um contrapeso ao autoritarismo do governo Bolsonaro, protestou contra a tentativa de transferir Lula para o cárcere de Tremembé e realizou outras ações como presidente da Câmara que o credenciam como democrata e aliado orgânico das forças populares .
Tudo isto tem sua lógica no comportamento de setores expressivos das classes dominantes e se relaciona à luta por protagonismo e poder entre seus diferentes representantes. O mérito das declarações do líder do DEM é precisamente este. Explicita que hoje há, grosso modo, dois campos políticos das classes dominantes disputando o poder, com a mirada voltada para as eleições presidenciais de 2022. A extrema-direita, vitoriosa com o golpe de 2016 e as eleições disputadas em condições anormais em 2018, e a direita liberal, empenhada em apresentar-se como “centro” e com capacidade de seduzir setores da centro-esquerda. Maia quer constituir um campo sob a hegemonia da direita liberal, capaz de impedir uma polarização entre Bolsonaro e a esquerda. Quer ocupar o lugar de Bolsonaro para combater a esquerda, segundo suas pretensões com mais eficácia.
Quanto a Ciro, viveu as mais diversas experiências e ensaia agora este embarque na insensata nau da direita liberal, a despeito de ser um nacional-desenvolvimentista e de ter algumas boas ideias a incorporar a um programa democrático e patriótico. Mas deixou-se cegar pelo antipetismo e transformou sua posição política equivocada em ódio ao mais importante líder democrático-popular do país, Lula.
Os demais citados por Maia representam uma espécie de neodireita, homens pretensamente comuns, capazes de numa eleição fazer campanha intensa para Bolsonaro e meses depois, por oportunismo, pretender integrar um campo “progressista”, mas anti-esquerda. São os novos espécimes da decadência final do PSDB e do ex-presidente FHC (padrinho de Huck).
Os caminhos da luta pela democracia, os direitos do povo e a soberania nacional são complexos e difíceis, principalmente numa conjuntura em que a extrema-direita encontra-se em ofensiva e as de esquerda, dispersas. E em que internacionalmente o chefe de fila do imperialismo estadunidense se arvora a dar ordens de assassinar generais de um país soberano no território de outro país soberano, e no discurso sobre o Estado da União se dá o direito de proclamar que vai esmagar o presidente legitimamente eleito da Venezuela.
Situações assim exigem convergência de ações, diálogo amplo, exploração de contradições no seio do inimigo e esforços consistentes para unir as forças suscetíveis de serem unidas no combate às derivas autoritárias, ao neoliberalismo e às ameaças de intervenção do imperialismo em nações soberanas.
Requerem também uma estratégia e flexões táticas que passem ao largo das manobras da direita liberal com pretensões de construir uma frente sob o seu comando.
Para a esquerda consequente, a proposta de construir a frente de direita prefigurada por Rodrigo Maia equivale a arar no mar. O momento exige, ao contrário, fincar fortes estacas em terreno sólido, construir um campo democrático, patriótico e social, dotado de lucidez e flexibilidade e capacidade de unir as forças progressistas partidárias e dos movimentos sociais visando a abrir uma nova perspectiva ao país.
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