sábado, 8 de fevereiro de 2020

Um novo normal no mundo do trabalho

Por João Guilherme Vargas Netto

Todo fenômeno social complexo que envolve grandes números necessita de critérios classificatórios para sua melhor compreensão.

É o que se passa hoje no Brasil com o quadro aterrorizante de precarização das relações do trabalho e de desemprego. Quais os conceitos para uma descrição correta? Quais os números que quantificam a situação?

Em artigo de novembro de 2018 o economista Alexandre Schwartsman alertava que o fenômeno do desemprego (e a correlata precarização) é suscetível de variadas definições e mensurações e isto induz correntemente a erros, perturbando a compreensão e ocasionando mentiras (como as que criticava do então recém eleito presidente Jair Bolsonaro).


Mas agora o seu colega economista Marcel Balassiano do IBRE-FGV aponta em artigo da jornalista Miriam Leitão (o Globo, 5 de fevereiro) um quadro “real” do mercado de trabalho que considero correto porque o descreve de maneira pertinente.

O economista, partindo da força de trabalho brasileira de 106,2 milhões em dezembro de 2019, considera que 67,4 milhões de trabalhadores estão em “situação precária de emprego”, assim discriminados:

- 41,2 milhões de trabalhadores informais

- 11,6 milhões de desempregados

- 6,8 milhões de subocupados

- 4,6 milhões de desalentados

- 3,1 milhões que procuraram emprego, mas não estavam disponíveis para a vaga

(a soma contempla os arredondamentos).

Nesta descrição vemos como em torno do núcleo duro do desemprego se agregam as variadas formas de precarização, totalizando 65,3% da força de trabalho.

Esta é a chaga social por excelência, um novo normal, que é preciso ser enfrentado com urgência e com persistência.

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