Editorial do site Vermelho:
O furacão que varreu a economia mundial na segunda-feira (10) trouxe, além de prejuízos astronômicos, um duro alerta para a situação do Brasil nas mãos do governo Bolsonaro. A crise na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a expansão do coronavírus foram o detonador do movimento que derrubou as bolsas, mas as causas são estruturais e bem conhecidas – menos, pelo que dizem o presidente e o ministro da Economia Paulo Guedes, para o governo.
Bolsonaro reagiu com seu habitual descaso em relação aos problemas do país e do povo, afirmando que no diagnóstico da crise tem “muito mais fantasia” do que realidade e que “a questão do coronavírus” não “é isso tudo que a grande mídia propaga”. Já o ministro da Economia garantiu que basta aplicar o seu programa que tudo se resolve, inclusive o coronavírus. Para ele, o Brasil é uma ilha de boa gestão econômica cercada de caos por todos os lados.
O presidente foge dos questionamentos e das contestações recorrendo à prática sistemática de criar factoides, sempre de maneira calculada para forjar diversionismo e intriga política com o objetivo de desviar a atenção sobre os reais problemas do país. O mais recente foi a afronta à Justiça Eleitoral, alegando, com base em “provas” com fortes indícios de ficção, que houve fraudes nas eleições de 2018, prontamente respondido pela presidenta do TSE e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, entre outros.
Antes, oficializou a convocação dos seus apoiadores para o ato que tem como pauta ameaças ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro não fez o menor esforço para preservar a harmonia constitucional dos poderes, causando atritos em série sobretudo com a Câmara dos Deputados – onde alguns dos seus projetos têm enfrentado resistência. A constatação de que ele e alguns de seus auxiliares fazem chantagem com os parlamentares já é manifestada abertamente naquela Casa.
Na mais recente, o presidente disse que as manifestações golpistas poderiam perder força se os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), declarassem publicamente que são a favor da concentração do Orçamento nas mãos do Poder Executivo. É um claro exercício de chantagem.
Indiretamente, o presidente da Câmara respondeu ao presidente. “É óbvio que esses conflitos para quem vai investir a médio e longo prazo gera insegurança e certamente tiveram parte de culpa na queda do investimento”, disse ele ao fazer o diagnóstico da persistência da crise econômica.
Enquanto o país presencia essas barbaridades, o mundo capitalista se afunda na crise deflagrada em 2007-2008. Dizer que o Brasil é uma ilha, diante de tantas evidências de que o tsunami que se levantou com a quebra das oligarquias de Wall Street, com altos e baixos, tem porte para engolfar espaços muito maiores e mais resistentes do que o Brasil, é ter postura de avestruz – enfiar a cabeça na terra para não ver o perigo.
Com essa postura de Bolsonaro e Guedes, o país fica totalmente vulnerável aos efeitos da crise global do capitalismo. Eles se recusam, intransigentemente, a abrir mão de uma receita sem a menor possibilidade de criar barreiras de proteção ao país. A alegação de que o Estado não tem condições de promover investimentos mínimos para dar a partida numa nova dinâmica econômica não se sustenta.
Numa situação emergencial como essa, de crise internacional persistente – agora mais ainda –, uma resposta minimamente condizente com os dramas do povo seria priorizar a geração de emprego e renda. Ao priorizar o “ajuste fiscal”, se utilizando de recursos públicos que poderiam socorrer as emergências do país, o governo dá as costas para as necessidades do povo.
Não se pode esperar do governo uma resposta desse porte. A esperança de que o país possa retomar o caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento passa por outra perspectiva política. Ela só pode ser gerada por uma plataforma fundada na soberania do país, com o Estado no centro, e na democracia, o único meio para envolver o povo num projeto nacional de desenvolvimento.
O furacão que varreu a economia mundial na segunda-feira (10) trouxe, além de prejuízos astronômicos, um duro alerta para a situação do Brasil nas mãos do governo Bolsonaro. A crise na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a expansão do coronavírus foram o detonador do movimento que derrubou as bolsas, mas as causas são estruturais e bem conhecidas – menos, pelo que dizem o presidente e o ministro da Economia Paulo Guedes, para o governo.
Bolsonaro reagiu com seu habitual descaso em relação aos problemas do país e do povo, afirmando que no diagnóstico da crise tem “muito mais fantasia” do que realidade e que “a questão do coronavírus” não “é isso tudo que a grande mídia propaga”. Já o ministro da Economia garantiu que basta aplicar o seu programa que tudo se resolve, inclusive o coronavírus. Para ele, o Brasil é uma ilha de boa gestão econômica cercada de caos por todos os lados.
O presidente foge dos questionamentos e das contestações recorrendo à prática sistemática de criar factoides, sempre de maneira calculada para forjar diversionismo e intriga política com o objetivo de desviar a atenção sobre os reais problemas do país. O mais recente foi a afronta à Justiça Eleitoral, alegando, com base em “provas” com fortes indícios de ficção, que houve fraudes nas eleições de 2018, prontamente respondido pela presidenta do TSE e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, entre outros.
Antes, oficializou a convocação dos seus apoiadores para o ato que tem como pauta ameaças ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro não fez o menor esforço para preservar a harmonia constitucional dos poderes, causando atritos em série sobretudo com a Câmara dos Deputados – onde alguns dos seus projetos têm enfrentado resistência. A constatação de que ele e alguns de seus auxiliares fazem chantagem com os parlamentares já é manifestada abertamente naquela Casa.
Na mais recente, o presidente disse que as manifestações golpistas poderiam perder força se os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), declarassem publicamente que são a favor da concentração do Orçamento nas mãos do Poder Executivo. É um claro exercício de chantagem.
Indiretamente, o presidente da Câmara respondeu ao presidente. “É óbvio que esses conflitos para quem vai investir a médio e longo prazo gera insegurança e certamente tiveram parte de culpa na queda do investimento”, disse ele ao fazer o diagnóstico da persistência da crise econômica.
Enquanto o país presencia essas barbaridades, o mundo capitalista se afunda na crise deflagrada em 2007-2008. Dizer que o Brasil é uma ilha, diante de tantas evidências de que o tsunami que se levantou com a quebra das oligarquias de Wall Street, com altos e baixos, tem porte para engolfar espaços muito maiores e mais resistentes do que o Brasil, é ter postura de avestruz – enfiar a cabeça na terra para não ver o perigo.
Com essa postura de Bolsonaro e Guedes, o país fica totalmente vulnerável aos efeitos da crise global do capitalismo. Eles se recusam, intransigentemente, a abrir mão de uma receita sem a menor possibilidade de criar barreiras de proteção ao país. A alegação de que o Estado não tem condições de promover investimentos mínimos para dar a partida numa nova dinâmica econômica não se sustenta.
Numa situação emergencial como essa, de crise internacional persistente – agora mais ainda –, uma resposta minimamente condizente com os dramas do povo seria priorizar a geração de emprego e renda. Ao priorizar o “ajuste fiscal”, se utilizando de recursos públicos que poderiam socorrer as emergências do país, o governo dá as costas para as necessidades do povo.
Não se pode esperar do governo uma resposta desse porte. A esperança de que o país possa retomar o caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento passa por outra perspectiva política. Ela só pode ser gerada por uma plataforma fundada na soberania do país, com o Estado no centro, e na democracia, o único meio para envolver o povo num projeto nacional de desenvolvimento.
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