Da Rede Brasil Atual:
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demonstrou seu “desprezo” pela vida das pessoas, ao sair às ruas de Brasília para visitar lojas e confraternizar com a população neste domingo (29), em meio à pandemia de coronavírus. “Todas as suas declarações relativas à tortura já mostravam isso há muitos anos. Não vai ser agora que vai mudar”, afirma.
A ação coloca Bolsonaro em rota de colisão com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que apesar de às vezes tentar contemporizar com o chefe, tem reafirmado a necessidade de se manter o isolamento social como a principal estratégia no combate à disseminação da doença.
De acordo com o colunista do portal UOL Tales Faria, Bolsonaro estaria “de saco cheio de Mandetta”, e poderia demitir o ministro a qualquer momento. Caso ocorra a demissão, haveria a ruptura de um “pacto implícito”, e os poderes Legislativo e Judiciário adotariam posturas mais drásticas para conter Bolsonaro, segundo Romão, incluindo a abertura de processo de impeachment.
Nesse “pacto”, as autoridades do Legislativo, do Judiciário, da área da saúde, além dos governadores, tomariam as medidas cabíveis no combate à pandemia, ignorando ações e posturas do presidente. “A demissão do ministro hoje instauraria uma crise muito violenta dentro do governo”, disse o professor da Unicamp, em entrevista a Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (30).
Isolamento
Partidos de oposição, como PT, PCdoB, PSB, Psol e Rede, anunciaram que vão processar Bolsonaro por estimular as pessoas as saírem às ruas, descumprindo às orientações de quarentena de seu próprio Ministério da Saúde, e também da Organização Mundial da Saúde (OMS). Governadores de quase todos os estados também têm afirmado que vão colocar a saúde da população em primeiro lugar, ignorando qualquer ordem contrária do presidente.
Durante o “passeio” em Brasília e cidades-satélite, ele afirmou que cogitava baixar um decreto determinando o retorno ao trabalho para todas as profissões. Tal diretriz também não encontra nenhum respaldo internacional. O presidente norte-americano, Donald Trump, que também pressionava pela normalização das atividades econômicas, afirmou que o isolamento social deverá ser mantido até pelo menos o final de abril.
A socióloga Rosana Pinheiro-Machado publicou artigo no jornal The Washington Post afirmando que Bolsonaro coloca o Brasil em risco e deve ser afastado. Já professor da Universidade Harvard Steven Levitsky, autor do livro Como as democracias morrem (Ed. Zahar), em entrevista ao jornal O Globo, também disse que “é impressionante ver um líder colocar em risco a vida do que podem ser, no pior cenário, milhares de seus cidadãos”.
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demonstrou seu “desprezo” pela vida das pessoas, ao sair às ruas de Brasília para visitar lojas e confraternizar com a população neste domingo (29), em meio à pandemia de coronavírus. “Todas as suas declarações relativas à tortura já mostravam isso há muitos anos. Não vai ser agora que vai mudar”, afirma.
A ação coloca Bolsonaro em rota de colisão com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que apesar de às vezes tentar contemporizar com o chefe, tem reafirmado a necessidade de se manter o isolamento social como a principal estratégia no combate à disseminação da doença.
De acordo com o colunista do portal UOL Tales Faria, Bolsonaro estaria “de saco cheio de Mandetta”, e poderia demitir o ministro a qualquer momento. Caso ocorra a demissão, haveria a ruptura de um “pacto implícito”, e os poderes Legislativo e Judiciário adotariam posturas mais drásticas para conter Bolsonaro, segundo Romão, incluindo a abertura de processo de impeachment.
Nesse “pacto”, as autoridades do Legislativo, do Judiciário, da área da saúde, além dos governadores, tomariam as medidas cabíveis no combate à pandemia, ignorando ações e posturas do presidente. “A demissão do ministro hoje instauraria uma crise muito violenta dentro do governo”, disse o professor da Unicamp, em entrevista a Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (30).
Isolamento
Partidos de oposição, como PT, PCdoB, PSB, Psol e Rede, anunciaram que vão processar Bolsonaro por estimular as pessoas as saírem às ruas, descumprindo às orientações de quarentena de seu próprio Ministério da Saúde, e também da Organização Mundial da Saúde (OMS). Governadores de quase todos os estados também têm afirmado que vão colocar a saúde da população em primeiro lugar, ignorando qualquer ordem contrária do presidente.
Durante o “passeio” em Brasília e cidades-satélite, ele afirmou que cogitava baixar um decreto determinando o retorno ao trabalho para todas as profissões. Tal diretriz também não encontra nenhum respaldo internacional. O presidente norte-americano, Donald Trump, que também pressionava pela normalização das atividades econômicas, afirmou que o isolamento social deverá ser mantido até pelo menos o final de abril.
A socióloga Rosana Pinheiro-Machado publicou artigo no jornal The Washington Post afirmando que Bolsonaro coloca o Brasil em risco e deve ser afastado. Já professor da Universidade Harvard Steven Levitsky, autor do livro Como as democracias morrem (Ed. Zahar), em entrevista ao jornal O Globo, também disse que “é impressionante ver um líder colocar em risco a vida do que podem ser, no pior cenário, milhares de seus cidadãos”.
Calculista
Para Romão, Bolsonaro atua de maneira fria e calculista, ao tentar minar os esforços de isolamento necessários para conter a pandemia. Dessa maneira, ele procura terceirizar as responsabilidades pelas consequências econômicas da crise, e busca agradar a sua base política, em especial empresários do setor do varejo que pressionam pela reabertura do comércio. Cabe lembrar que a economia já enfrentava um cenário de estagnação, ainda antes do aparecimento do coronavírus. Em 2019, o crescimento do PIB ficou em apenas 1,1%, segundo o IBGE.
Para Romão, Bolsonaro atua de maneira fria e calculista, ao tentar minar os esforços de isolamento necessários para conter a pandemia. Dessa maneira, ele procura terceirizar as responsabilidades pelas consequências econômicas da crise, e busca agradar a sua base política, em especial empresários do setor do varejo que pressionam pela reabertura do comércio. Cabe lembrar que a economia já enfrentava um cenário de estagnação, ainda antes do aparecimento do coronavírus. Em 2019, o crescimento do PIB ficou em apenas 1,1%, segundo o IBGE.
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