Por Dilma Rousseff, em seu site:
O pronunciamento infame e irresponsável de Bolsonaro em cadeia nacional revela o seu desprezo pela ciência, pela saúde e pela vida da população. Bolsonaro faz uma aposta no escuro. Aposta em manter o apoio das camadas sociais que o elegeram, e não apenas sua milícia. Por isso, sua fala não contempla a sociedade, só os seus. Para ele, não tem a menor importância se a mídia que lhe deu suporte na eleição já não acredita nele, nem que integrantes do mercado já não o queiram com tanta intensidade como antes, ou até já lhe abandonem, sequer que os governadores que apoiou já estejam contra ele. As manifestações de Maia e Alcolumbre tampouco lhe pesam.
E aí começam a aparecer alguns impasses. Na ordem neoliberal que ele impôs, não há dinheiro para a saúde, para garantir os necessários testes generalizados, os respiradores para as UTIs, os equipamentos para a proteção dos profissionais de saúde, e leitos suficientes. É imprescindível a ação do Estado, rompendo com esse neoliberalismo tacanho. O governo Bolsonaro continua sem propostas, sem medidas econômicas e sociais drásticas para conter o coronavirus e a crise econômica. Há que despejar dinheiro no SUS e nos hospitais para impedir que nosso povo morra como moscas.
Tão inepta como a fala de Bolsonaro é a fala de Rodrigo Maia defendendo o corte nos salários do funcionalismo como fonte de recursos, tanto para a crise do Coronavirus, quanto para aquela decorrente da paralisia da economia. Isso nada resolve. Todos os países irão emitir dívida e imprimir moeda emergencialmente, como já estão fazendo os EUA e outros. Consideram que, num quadro drástico de queda da demanda, não haverá inflação, mas provavelmente uma brutal deflação.
Ao desdenhar da gravidade e do poder mortal da epidemia que assola o mundo; ao não oferecer recursos para o SUS e os hospitais; ao não garantir um seguro em quantidade adequada, não R$ 200,00, mas R$ 1.045,00, para os trabalhadores informais; ao não garantir o pagamento de um seguro-desemprego aos já demitidos e agora aos que estão sendo desempregados; ao voltar às costas para investimentos públicos; ao não ampliar extraordinariamente recursos para as micro e pequenas empresas, Bolsonaro contribuirá para a morte de milhares ou até de milhões de pessoas, tanto na área da saúde quanto devido às consequências econômicas sobre a renda.
Bolsonaro mostra-se um psicopata eleitoreiro e pretensioso ao nada fazer e ainda culpar os governadores, a imprensa e os que usam a ciência contra o vírus. Lança os dados de um jogo macabro: se a epidemia diminuir, ele dirá que tinha razão e era apenas uma gripezinha; se aumentar, dirá que o isolamento de nada adiantou. Assim, em qualquer hipótese, aposta na morte.
Está tentando colocar a culpa pela depressão econômica que certamente se verificará no Brasil, assim como atingirá o mundo, em todos os que não lhe apoiam e alguns que considera inimigos porque, para ele, ameaçam sua reeleição e até mesmo sua estabilidade no cargo.
Toda a sua avaliação, porém, tem um problema: ao ter apenas um objetivo imediato e de curto prazo, erra porque não parece perceber que a crise será profunda e de longo prazo, e mal está começando. Ao desprezar a crise política e de governabilidade que ele mesmo provoca, Bolsonaro não terá fôlego, competência e, em breve, não terá apoio social e político para sobreviver ao colapso sanitário e social do qual é autor, pois contribuiu para a destruição do sistema de saúde, a expulsão dos médicos cubanos que atuavam no país, e das medidas de proteção dos mais pobres.
Focado apenas em sua sobrevivência política eleitoral, Bolsonaro negligencia a sobrevivência do povo e do país que deveria governar. Não admite o que todos já sabem – autoridades mundiais, governantes sensatos, cientistas e a maioria da população: a pandemia do coronavírus e suas sequelas só serão superadas com cooperação e solidariedade entre as Nações, com medidas generosas de proteção às vítimas, sobretudo aos mais pobres e vulneráveis, e com pesados investimentos públicos para preservar os empregos, a renda e as forças produtivas.
O governo Bolsonaro não tem uma resposta econômica e social ampla, efetiva e imediata para a iminência da derrocada da economia, do desemprego, da perda de renda assustadora dos informais, do fechamento de pequenas e microempresas, da redução da demanda em todas as áreas, em especial nas de serviço e indústria. Sobretudo, não percebe que se permanecer na perigosa negação do coronavirus, e apegado às restrições de investimento público, como o teto dos gastos, e às medidas absurdas e pontuais de Guedes, caminharemos para mortes, fome, quebradeira e a inevitabilidade de uma grave comoção social.
A aposta de Bolsonaro, copiando Trump, não dará certo porque ele não tem um Banco Central disposto a imprimir moeda sem restrição, como é o caso do Federal Reserve, que está praticando um “quantitative easing” infinito, e mesmo do acordo imposto pelos democratas a Trump, no Congresso, autorizando a colocação de US$ 2 trilhões de dólares na economia americana, para contemplar não só as empresas, mas o povo americano, com uma renda básica emergencial. Nem tampouco Angela Merkel que defendeu romper com as restrições fiscais e de endividamento clássicas do governo alemão, liberando de imediato recursos para dar sustentação à saúde das pessoas e da economia. A estratégia de Bolsonaro é pobre e de curto prazo. Brigar com os governadores é um crime contra a federação. É também uma tolice.
Ele será atropelado por seu imobilismo diante da duração e do tamanho, tanto da crise do coronavirus, como do debacle econômico, que finge querer evitar. São necessárias medidas rápidas, amplas e abrangentes para proteger as pessoas, a sociedade e a nação. O isolamento social é necessário e as medidas econômicas imprescindíveis.
Gasto público destinado à saúde e à economia!!!
E aí começam a aparecer alguns impasses. Na ordem neoliberal que ele impôs, não há dinheiro para a saúde, para garantir os necessários testes generalizados, os respiradores para as UTIs, os equipamentos para a proteção dos profissionais de saúde, e leitos suficientes. É imprescindível a ação do Estado, rompendo com esse neoliberalismo tacanho. O governo Bolsonaro continua sem propostas, sem medidas econômicas e sociais drásticas para conter o coronavirus e a crise econômica. Há que despejar dinheiro no SUS e nos hospitais para impedir que nosso povo morra como moscas.
Tão inepta como a fala de Bolsonaro é a fala de Rodrigo Maia defendendo o corte nos salários do funcionalismo como fonte de recursos, tanto para a crise do Coronavirus, quanto para aquela decorrente da paralisia da economia. Isso nada resolve. Todos os países irão emitir dívida e imprimir moeda emergencialmente, como já estão fazendo os EUA e outros. Consideram que, num quadro drástico de queda da demanda, não haverá inflação, mas provavelmente uma brutal deflação.
Ao desdenhar da gravidade e do poder mortal da epidemia que assola o mundo; ao não oferecer recursos para o SUS e os hospitais; ao não garantir um seguro em quantidade adequada, não R$ 200,00, mas R$ 1.045,00, para os trabalhadores informais; ao não garantir o pagamento de um seguro-desemprego aos já demitidos e agora aos que estão sendo desempregados; ao voltar às costas para investimentos públicos; ao não ampliar extraordinariamente recursos para as micro e pequenas empresas, Bolsonaro contribuirá para a morte de milhares ou até de milhões de pessoas, tanto na área da saúde quanto devido às consequências econômicas sobre a renda.
Bolsonaro mostra-se um psicopata eleitoreiro e pretensioso ao nada fazer e ainda culpar os governadores, a imprensa e os que usam a ciência contra o vírus. Lança os dados de um jogo macabro: se a epidemia diminuir, ele dirá que tinha razão e era apenas uma gripezinha; se aumentar, dirá que o isolamento de nada adiantou. Assim, em qualquer hipótese, aposta na morte.
Está tentando colocar a culpa pela depressão econômica que certamente se verificará no Brasil, assim como atingirá o mundo, em todos os que não lhe apoiam e alguns que considera inimigos porque, para ele, ameaçam sua reeleição e até mesmo sua estabilidade no cargo.
Toda a sua avaliação, porém, tem um problema: ao ter apenas um objetivo imediato e de curto prazo, erra porque não parece perceber que a crise será profunda e de longo prazo, e mal está começando. Ao desprezar a crise política e de governabilidade que ele mesmo provoca, Bolsonaro não terá fôlego, competência e, em breve, não terá apoio social e político para sobreviver ao colapso sanitário e social do qual é autor, pois contribuiu para a destruição do sistema de saúde, a expulsão dos médicos cubanos que atuavam no país, e das medidas de proteção dos mais pobres.
Focado apenas em sua sobrevivência política eleitoral, Bolsonaro negligencia a sobrevivência do povo e do país que deveria governar. Não admite o que todos já sabem – autoridades mundiais, governantes sensatos, cientistas e a maioria da população: a pandemia do coronavírus e suas sequelas só serão superadas com cooperação e solidariedade entre as Nações, com medidas generosas de proteção às vítimas, sobretudo aos mais pobres e vulneráveis, e com pesados investimentos públicos para preservar os empregos, a renda e as forças produtivas.
O governo Bolsonaro não tem uma resposta econômica e social ampla, efetiva e imediata para a iminência da derrocada da economia, do desemprego, da perda de renda assustadora dos informais, do fechamento de pequenas e microempresas, da redução da demanda em todas as áreas, em especial nas de serviço e indústria. Sobretudo, não percebe que se permanecer na perigosa negação do coronavirus, e apegado às restrições de investimento público, como o teto dos gastos, e às medidas absurdas e pontuais de Guedes, caminharemos para mortes, fome, quebradeira e a inevitabilidade de uma grave comoção social.
A aposta de Bolsonaro, copiando Trump, não dará certo porque ele não tem um Banco Central disposto a imprimir moeda sem restrição, como é o caso do Federal Reserve, que está praticando um “quantitative easing” infinito, e mesmo do acordo imposto pelos democratas a Trump, no Congresso, autorizando a colocação de US$ 2 trilhões de dólares na economia americana, para contemplar não só as empresas, mas o povo americano, com uma renda básica emergencial. Nem tampouco Angela Merkel que defendeu romper com as restrições fiscais e de endividamento clássicas do governo alemão, liberando de imediato recursos para dar sustentação à saúde das pessoas e da economia. A estratégia de Bolsonaro é pobre e de curto prazo. Brigar com os governadores é um crime contra a federação. É também uma tolice.
Ele será atropelado por seu imobilismo diante da duração e do tamanho, tanto da crise do coronavirus, como do debacle econômico, que finge querer evitar. São necessárias medidas rápidas, amplas e abrangentes para proteger as pessoas, a sociedade e a nação. O isolamento social é necessário e as medidas econômicas imprescindíveis.
Gasto público destinado à saúde e à economia!!!
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