Por César Locatelli, no site Carta Maior:
A manchete que diz: “PIB cresce 1,1% em 2019 e fecha o ano em R$ 7,3 trilhões”, esconde que para voltar ao PIB de 2014 precisaríamos ter produzido cerca de R$ 230 bilhões a mais, que o PIB per capita foi 7,5% abaixo daquele de 2014 e que temos 26,4 milhões de trabalhadores subutilizados.
“Cambaleante”, talvez seja o adjetivo mais adequado para definir o comportamento da economia brasileira nos últimos anos. E o principal dano causado ao povo brasileiro é evidenciado pelo número de trabalhadores que a economia não consegue absorver.
Podemos dizer que, praticamente, um em cada quatro trabalhadores brasileiros ou está desempregado (11 milhões e 913 mil) ou deixou de procurar emprego por desalento (4 milhões e 698 mil) ou trabalha menos horas do que poderia e gostaria (6 milhões e 599 mil) ou pode e quer trabalhar mas não poderia começar na semana pesquisada (3 milhões e 180 mil).
Os cortes nos gastos sociais e a retirada de direitos dos trabalhadores, ambos patrocinados pelo governo, se juntam à subutilização da força de trabalho para compor um quadro de desânimo que não se restringe aos trabalhadores: o investimento privado não reagirá enquanto não tiver sinais de fortalecimento da demanda.
O gráfico acima mostra, linha amarela, que vínhamos investindo pouco acima de 20% do PIB entre 2010 e 2013. Mesmo 2014, tido como o início das agruras da economia, teve 19,9% do PIB em investimento. Tenhamos em conta que esse nível de investimento está longe de ser ideal se pretendemos nos aproximar dos países desenvolvidos. Pior, porém, é que há quatro anos permanecemos no patamar dos 15%. Ou seja, estamos em um patamar 25% menor do que o nível de investimento já baixo que tínhamos antes do golpe.
O PIB per capita, em que dividimos o PIB pela população do país, indica que temos ficado cada vez mais para trás do mundo desenvolvido. Em 2014, o PIB per capita brasileiro, atualizado pela inflação para 2019, era de 37,2 mil reais. Em 2019, o PIB per capita registrou 34,6 mil reais. Um valor 7,5% abaixo daquele de 2014.
Não recuperamos o otimismo ao avaliar o gráfico acima, que tem na linha azul a taxa de crescimento ou retração do PIB e na linha amarela o PIB per capita. Depois das fortes quedas de 2015 e 2016, nossa produção total de bens e serviços se estabilizou em nível muito baixo, embora tenha passado para o terreno positivo. Percebamos que quedas anteriores foram seguidas por recuperação forte, como em 2003/2004 e 2009/2010, o que não ocorreu dessa vez.
Uma das explicações para a ausência de ímpeto na recuperação talvez esteja na linha verde do gráfico abaixo, que retrata o investimento, ou formação bruta de capital fixo. O salto que o investimento dá após a queda, especialmente no biênio 2009/2010, mas também em menor intensidade em 2003/2004, não acontece em 2017.
A taxa de crescimento do investimento passa para o lado positivo em 2018, mas sem muita força e volta para 2,2% em 2019. Em resumo, podemos dizer que o investimento, tanto público quanto privado, se consolidou em patamar muito aquém do que seria necessário para voltarmos a crescer de verdade.
Quando temos a infelicidade de entrar num atoleiro temos duas saídas: ou conseguimos alguém para nos dar um empurrão - papel que cabe ao governo - ou esperamos a lama secar, que sabe-se lá quando se dará. Os atuais ocupantes do executivo parecem ter feito sua opção.
A manchete que diz: “PIB cresce 1,1% em 2019 e fecha o ano em R$ 7,3 trilhões”, esconde que para voltar ao PIB de 2014 precisaríamos ter produzido cerca de R$ 230 bilhões a mais, que o PIB per capita foi 7,5% abaixo daquele de 2014 e que temos 26,4 milhões de trabalhadores subutilizados.
“Cambaleante”, talvez seja o adjetivo mais adequado para definir o comportamento da economia brasileira nos últimos anos. E o principal dano causado ao povo brasileiro é evidenciado pelo número de trabalhadores que a economia não consegue absorver.
Podemos dizer que, praticamente, um em cada quatro trabalhadores brasileiros ou está desempregado (11 milhões e 913 mil) ou deixou de procurar emprego por desalento (4 milhões e 698 mil) ou trabalha menos horas do que poderia e gostaria (6 milhões e 599 mil) ou pode e quer trabalhar mas não poderia começar na semana pesquisada (3 milhões e 180 mil).
Os cortes nos gastos sociais e a retirada de direitos dos trabalhadores, ambos patrocinados pelo governo, se juntam à subutilização da força de trabalho para compor um quadro de desânimo que não se restringe aos trabalhadores: o investimento privado não reagirá enquanto não tiver sinais de fortalecimento da demanda.
O gráfico acima mostra, linha amarela, que vínhamos investindo pouco acima de 20% do PIB entre 2010 e 2013. Mesmo 2014, tido como o início das agruras da economia, teve 19,9% do PIB em investimento. Tenhamos em conta que esse nível de investimento está longe de ser ideal se pretendemos nos aproximar dos países desenvolvidos. Pior, porém, é que há quatro anos permanecemos no patamar dos 15%. Ou seja, estamos em um patamar 25% menor do que o nível de investimento já baixo que tínhamos antes do golpe.
O PIB per capita, em que dividimos o PIB pela população do país, indica que temos ficado cada vez mais para trás do mundo desenvolvido. Em 2014, o PIB per capita brasileiro, atualizado pela inflação para 2019, era de 37,2 mil reais. Em 2019, o PIB per capita registrou 34,6 mil reais. Um valor 7,5% abaixo daquele de 2014.
Não recuperamos o otimismo ao avaliar o gráfico acima, que tem na linha azul a taxa de crescimento ou retração do PIB e na linha amarela o PIB per capita. Depois das fortes quedas de 2015 e 2016, nossa produção total de bens e serviços se estabilizou em nível muito baixo, embora tenha passado para o terreno positivo. Percebamos que quedas anteriores foram seguidas por recuperação forte, como em 2003/2004 e 2009/2010, o que não ocorreu dessa vez.
Uma das explicações para a ausência de ímpeto na recuperação talvez esteja na linha verde do gráfico abaixo, que retrata o investimento, ou formação bruta de capital fixo. O salto que o investimento dá após a queda, especialmente no biênio 2009/2010, mas também em menor intensidade em 2003/2004, não acontece em 2017.
A taxa de crescimento do investimento passa para o lado positivo em 2018, mas sem muita força e volta para 2,2% em 2019. Em resumo, podemos dizer que o investimento, tanto público quanto privado, se consolidou em patamar muito aquém do que seria necessário para voltarmos a crescer de verdade.
Quando temos a infelicidade de entrar num atoleiro temos duas saídas: ou conseguimos alguém para nos dar um empurrão - papel que cabe ao governo - ou esperamos a lama secar, que sabe-se lá quando se dará. Os atuais ocupantes do executivo parecem ter feito sua opção.
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