Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:
Está lá, no artigo 78 da Constituição, que sintetiza o dever inaugural de um presidente da República, um juramento obrigatório, no dia da posse: "Manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil".
Parte do ritual obrigatório da República, sem esse juramento um presidente eleito nem toma posse.
Por isso, desde ontem, a questão é saber como as forças comprometidas pela defesa da democracia irão reagir a um presidente que, em vez de "manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis", insistiu em fazer o contrário, na frente de todos.
Mais tarde, diante do repúdio geral, fez o de sempre.
Disse para ninguém acreditar que não queria a volta do AI-5, mas dos empregos.
Antes, durante ou depois da eleição, Bolsonaro jamais demonstrou qualquer compromisso com a democracia. Em 27 de março, quando o apresentador José Luiz Datena lhe perguntou se era "capaz de fechar o país e dar um golpe", ele disse um não que queria dizer sim: "Quem quer dar um golpe jamais fala que quer dar".
A insistência de Bolsonaro em voltar ao tema não indica que tenha força para passar da teoria à prática. Neste momento, talvez seja o contrário.
Não se conhece golpe de Estado sem participação ativa do empresariado.
Fora os bajuladores incorrigíveis, atrás da última boquinha, grande parte já havia tomado distância quando ficou claro que Paulo Guedes era um bom camelô de reformas mas incapaz de reanimar a economia. Afastou-se ainda mais, diante do genocídio anunciado pelo presidente como tática para enfrentar o Covid-19.
Na prática, Bolsonaro encontra-se sob tutela militar desde 28 de fevereiro, quando o general Braga Netto assumiu a Casa Civil, com influência inclusive nas decisões sobre o novo coronavírus.
Defendido por Braga, Luiz Henrique Mandetta teria sido capaz de preservar a própria cabeça no Ministério da Saúde se, mesmo em situações de alta pressão, tivesse controlado o deslumbramento com 75% de aprovação popular a seu trabalho, evitando confrontar o presidente sem necessidade.
A nova configuração do governo veio na sequência de um período em que a desordem bolsonarista lembrava instabilidades típicas que costumam anteceder rupturas políticas e mesmo golpes de Estado.
Infiltrada por milícias, a PM do Ceará tentou emparedar o governador Camilo Santana.
Na Bahia, o bolsonarista condecorado Adriano da Nóbrega foi executado, levando consigo segredos da família presidencial.
Para completar, o país inteiro ouviu o Foda-se do general Augusto Heleno, elo de ligação com a extrema direita da ditadura militar, berço do presidente.
O repúdio a participação de Bolsonaro no ato golpista, envolveu o STF, o Congresso, vinte governadores de Estado, além de uma cobertura crítica dos principais veículos de mídia. É um bom sinal para o país. Mas é preciso esclarecer, investigar, denunciar.
Mesmo enfraquecido, enquanto estiver na presidência Bolsonaro será um personagem nocivo - e é preciso que seja contido antes que se torne mais perigoso.
Alguma dúvida?
Está lá, no artigo 78 da Constituição, que sintetiza o dever inaugural de um presidente da República, um juramento obrigatório, no dia da posse: "Manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil".
Parte do ritual obrigatório da República, sem esse juramento um presidente eleito nem toma posse.
Por isso, desde ontem, a questão é saber como as forças comprometidas pela defesa da democracia irão reagir a um presidente que, em vez de "manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis", insistiu em fazer o contrário, na frente de todos.
Mais tarde, diante do repúdio geral, fez o de sempre.
Disse para ninguém acreditar que não queria a volta do AI-5, mas dos empregos.
Antes, durante ou depois da eleição, Bolsonaro jamais demonstrou qualquer compromisso com a democracia. Em 27 de março, quando o apresentador José Luiz Datena lhe perguntou se era "capaz de fechar o país e dar um golpe", ele disse um não que queria dizer sim: "Quem quer dar um golpe jamais fala que quer dar".
A insistência de Bolsonaro em voltar ao tema não indica que tenha força para passar da teoria à prática. Neste momento, talvez seja o contrário.
Não se conhece golpe de Estado sem participação ativa do empresariado.
Fora os bajuladores incorrigíveis, atrás da última boquinha, grande parte já havia tomado distância quando ficou claro que Paulo Guedes era um bom camelô de reformas mas incapaz de reanimar a economia. Afastou-se ainda mais, diante do genocídio anunciado pelo presidente como tática para enfrentar o Covid-19.
Na prática, Bolsonaro encontra-se sob tutela militar desde 28 de fevereiro, quando o general Braga Netto assumiu a Casa Civil, com influência inclusive nas decisões sobre o novo coronavírus.
Defendido por Braga, Luiz Henrique Mandetta teria sido capaz de preservar a própria cabeça no Ministério da Saúde se, mesmo em situações de alta pressão, tivesse controlado o deslumbramento com 75% de aprovação popular a seu trabalho, evitando confrontar o presidente sem necessidade.
A nova configuração do governo veio na sequência de um período em que a desordem bolsonarista lembrava instabilidades típicas que costumam anteceder rupturas políticas e mesmo golpes de Estado.
Infiltrada por milícias, a PM do Ceará tentou emparedar o governador Camilo Santana.
Na Bahia, o bolsonarista condecorado Adriano da Nóbrega foi executado, levando consigo segredos da família presidencial.
Para completar, o país inteiro ouviu o Foda-se do general Augusto Heleno, elo de ligação com a extrema direita da ditadura militar, berço do presidente.
O repúdio a participação de Bolsonaro no ato golpista, envolveu o STF, o Congresso, vinte governadores de Estado, além de uma cobertura crítica dos principais veículos de mídia. É um bom sinal para o país. Mas é preciso esclarecer, investigar, denunciar.
Mesmo enfraquecido, enquanto estiver na presidência Bolsonaro será um personagem nocivo - e é preciso que seja contido antes que se torne mais perigoso.
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