Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
A corrupção deitou raízes profundas no Estado do Rio e precisa naturalmente ser combatida.
Mas a operação Placebo, que fulminou nesta terça-feira o governador do Estado, Wilson Witzel, levanta suspeitas por um conjunto de fatores: acontece sob a nova direção, federal e estadual, imposta por Bolsonaro, e foi precedida de vazamento para a deputada Carla Zambelli, que dela falou na véspera.
E veio também dois dias depois de Sérgio Moro ter declarado que o combate a corrupção nunca foi uma prioridade de Bolsonaro.
E há ainda o fato de a ministra Damares ter anunciado, na reunião ministerial de 22/4, que prefeitos e governadores poderiam ser presos, embora falasse que seria por abusos na imposição do isolamento social para conter a difusão do coronavírus.
No domingo, em entrevista ao Fantástico, Moro desculpou-se com os seguidores de Jair Bolsonaro pela verdade incômoda que ia dizer: a agenda de combate à corrupção, desde o início, não foi prioridade do governo.
E citou dois exemplos de leniência: transferência do Coaf, de sua pasta para a Economia e a falta de empenho do governo para aprovar seu pacote anticrime.
Junto aos seguidores de Bolsonaro, que o têm como santo guerreiro contra todos os males, tal declaração causa desgaste. Moro a fez com o devido cálculo, pedindo desculpas à falange por decepcioná-la. E nas redes, ela teria realmente produzido efeito.
Também por isso a operação Placebo, que acertou o governador que Bolsonaro chamou de “estrume” na reunião ministerial de 22/4, teria sido antecipada. Estava engatilhada mas, segundo um deputado ligado às estruturas policiais, foi acelerada para neutralizar as declarações de Moro.
Amigos de Moro teriam lhe perguntado por que, diante do descompromisso de Bolsonaro com o combate à corrupção, e de tantas outras humilhações que sofreu no governo (como a ameaça de ter o ministério desmembrado, perdendo a parte de Segurança), ele permaneceu no cargo por tanto tempo.
Ele respondeu que foi ficando porque tinha certeza de que, se saísse, Bolsonaro “tomaria conta da Polícia Federal”.
Ficava para protegê-la.
Moro, é claro, precisa de uma desculpa bonita como esta, que o coloca em posição de sacrifício em nome do combate à corrupção e da independência da PF.
Mas, de fato, agora Bolsonaro parece ter tomado conta do aparelho.
Este é o ponto que importa agora: se houve uso político da PF para atingir o governador desafeto.
Neste caso, a ditadura bolsonarista terá dado mais um passo preocupante, transformando a PF em polícia política. Depois de Witzel viriam ações contra outros governadores, contra prefeitos e políticos.
E depois, contra os cidadãos em geral que tenham posições ostensivamente contrárias ao governo.
A corrupção deitou raízes profundas no Estado do Rio e precisa naturalmente ser combatida.
Mas a operação Placebo, que fulminou nesta terça-feira o governador do Estado, Wilson Witzel, levanta suspeitas por um conjunto de fatores: acontece sob a nova direção, federal e estadual, imposta por Bolsonaro, e foi precedida de vazamento para a deputada Carla Zambelli, que dela falou na véspera.
E veio também dois dias depois de Sérgio Moro ter declarado que o combate a corrupção nunca foi uma prioridade de Bolsonaro.
E há ainda o fato de a ministra Damares ter anunciado, na reunião ministerial de 22/4, que prefeitos e governadores poderiam ser presos, embora falasse que seria por abusos na imposição do isolamento social para conter a difusão do coronavírus.
No domingo, em entrevista ao Fantástico, Moro desculpou-se com os seguidores de Jair Bolsonaro pela verdade incômoda que ia dizer: a agenda de combate à corrupção, desde o início, não foi prioridade do governo.
E citou dois exemplos de leniência: transferência do Coaf, de sua pasta para a Economia e a falta de empenho do governo para aprovar seu pacote anticrime.
Junto aos seguidores de Bolsonaro, que o têm como santo guerreiro contra todos os males, tal declaração causa desgaste. Moro a fez com o devido cálculo, pedindo desculpas à falange por decepcioná-la. E nas redes, ela teria realmente produzido efeito.
Também por isso a operação Placebo, que acertou o governador que Bolsonaro chamou de “estrume” na reunião ministerial de 22/4, teria sido antecipada. Estava engatilhada mas, segundo um deputado ligado às estruturas policiais, foi acelerada para neutralizar as declarações de Moro.
Amigos de Moro teriam lhe perguntado por que, diante do descompromisso de Bolsonaro com o combate à corrupção, e de tantas outras humilhações que sofreu no governo (como a ameaça de ter o ministério desmembrado, perdendo a parte de Segurança), ele permaneceu no cargo por tanto tempo.
Ele respondeu que foi ficando porque tinha certeza de que, se saísse, Bolsonaro “tomaria conta da Polícia Federal”.
Ficava para protegê-la.
Moro, é claro, precisa de uma desculpa bonita como esta, que o coloca em posição de sacrifício em nome do combate à corrupção e da independência da PF.
Mas, de fato, agora Bolsonaro parece ter tomado conta do aparelho.
Este é o ponto que importa agora: se houve uso político da PF para atingir o governador desafeto.
Neste caso, a ditadura bolsonarista terá dado mais um passo preocupante, transformando a PF em polícia política. Depois de Witzel viriam ações contra outros governadores, contra prefeitos e políticos.
E depois, contra os cidadãos em geral que tenham posições ostensivamente contrárias ao governo.
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