quarta-feira, 20 de maio de 2020

Os ataques de Trump à China e à OMS

Editorial do site Vermelho:

A Assembleia Mundial da Saúde, reunião anual de tomada de decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) por seus 194 membros, foi um palco para o mundo conhecer ideias e propostas para o combate à Covid-19. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recusou-se a discursar, ao passo que o presidente da China, Xi Jinping, falou logo na abertura, anunciando que Pequim doará US$ 2 bilhões para combater o coronavírus e despachar médicos e suprimentos médicos para países pobres.

A contribuição é superior ao dobro do que os Estados Unidos estavam contribuindo com a OMS antes de Trump cortar o financiamento do seu país no mês passado, o que faz da China a vanguarda dos esforços internacionais para conter a pandemia. Xi Jinping afirmou que uma eventual vacina em seu país será imediatamente universalizada. “Na China, depois de fazer esforços e sacrifícios minuciosos, mudamos a situação do vírus e protegemos vidas”, disse ele. “Fizemos tudo ao nosso alcance para apoiar e ajudar os países necessitados”, enfatizou.

Os Estados Unidos reagiram batendo na velha tecla de que o presidente chinês estava tentando ocultar informações sobre a Covid-19. Alex Azar, secretário de Saúde e Serviços Humanos do governo estadunidense – conhecido lobista e executivo farmacêutico – atacou a China acusando o país de ser o responsável pelo descontrole do surto mundial de coronavírus, com a conivência da OMS.

Outros líderes mundiais criticaram a falta de unidade no combate à pandemia. Sem citar nenhum país, instaram as nações a deixar de lado suas diferenças. “Nenhum país pode resolver esse problema sozinho”, disse, por exemplo, a chanceler Angela Merkel, da Alemanha. “Devemos trabalhar juntos.”

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ignorou o governo Trump ao não considerar as suas alegações amplamente rejeitadas por cientistas de que o coronavírus se originou em um laboratório na China. Em seu discurso, Xi Jinping afirmou que a China, “com árduos esforços e enormes sacrifícios, tem revertido a situação, conseguindo proteger a vida e a saúde do povo”.

Segundo ele, com atitude de abertura, transparência e responsabilidade, o país informou regularmente a OMS e seus países membros sobre a Covid-19. “Disponibilizamos na primeira hora a sequência genética do vírus, compartilhamos, sem reserva nenhuma, as experiências do controle e tratamento com todas as partes, e oferecemos todos os apoios e assistências dentro das nossas capacidades aos países em necessidade”. afirmou.

A OMS, no contexto de escassa solidariedade internacional e enfraquecimento dos organismos multilaterais, tem cumprido papel destacado em termos de orientação cientifica, emitindo protocolos sanitários e diretrizes eficientes, como o isolamento social a testagem em massa. Mesmo dispondo de poucos recursos, tem ajudado sistematicamente os países mais pobres.

Ao atacar a OMS e a China, o governo dos Estados Unidos expõe a diferença entre duas concepções para o combate à Covid-19. A China, seguindo as orientações da OMS, controlou o coronavírus e criou as condições para a retomada da economia.

Já o governo Trump minimizou a pandemia e se ocupou de usá-la em sua guerra geopolítica, propagando fake news sobre a China. O resultado aparece nas estatísticas que mostram os Estados Unidos na liderança de contágios e mortes.

No Brasil, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, vai pelo mesmo caminho. Segundo ele, o país vive em cenário cor-de-rosa, absolutamente irreal. Na verdade, o Brasil está sem orientação, com o governo Bolsonaro insistindo no desrespeito às regras da OMS, atacando governadores que instituíram o isolamento social e se omitindo ao não garantir emprego e salário, sobretudo com socorro a micro, pequenas e médias empresas.

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