Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
A nova pesquisa Datafolha nos diz que, apesar dos 55 mil mortos e das agruras da economia, da prisão do Queiroz e da aparição do trapaceiro Wassef, Bolsonaro se mantém como o presidente dos 30% de apoio e é rejeitado por menos da metade do país (42%). Perdeu apenas um ponto porcentual de aprovação, ficando com 32%. Tanta complacência popular para com quem aduba a pandemia, ameaça a democracia, está perdido na economia e desmoraliza o país diante do mundo com sua ignorância e rusticidade traz a pergunta: Que mais ele terá de fazer para que o percebam como nefasto, inepto e contraindicado para governar o Brasil e seus problemas?
Como compreender que 64% acham que ele sabia que Queiroz estava escondido na casa de seu escudeiro Frederick Wassef, e que isso não tenha resultado em desgaste e perda de apoio? Bolsonaro saiba mas, para 46%, não tem envolvimento com o esquema de "rachadinha", embora empregasse a filha do Queirós em seu gabinete. Ela já disse que devolveu tudo o que ganhou. Era uma funcionária alugada para sorver dinheiro público para o hoje senador. Os que acham que Bolsonaro participava do esquema são 38%, inferiores, portanto, aos 42% que rejeitam seu governo.
Tanta indulgência só pode ser explicada pela adesão cega de boa parte da população a Bolsonaro, por um conservantismo e uma inflexão à direita que não supúnhamos tão arraigada na sociedade brasileira, que embutem também complacência moral. Falar da índole fascista e autoritária de Bolsonaro, ou de seu despreparo, não parece fazer sentido para seus apoiadores. O país ainda terá que sangrar mais para que uma parte compreenda o significado de Bolsonaro na Presidência.
A nova pesquisa Datafolha nos diz que, apesar dos 55 mil mortos e das agruras da economia, da prisão do Queiroz e da aparição do trapaceiro Wassef, Bolsonaro se mantém como o presidente dos 30% de apoio e é rejeitado por menos da metade do país (42%). Perdeu apenas um ponto porcentual de aprovação, ficando com 32%. Tanta complacência popular para com quem aduba a pandemia, ameaça a democracia, está perdido na economia e desmoraliza o país diante do mundo com sua ignorância e rusticidade traz a pergunta: Que mais ele terá de fazer para que o percebam como nefasto, inepto e contraindicado para governar o Brasil e seus problemas?
Como compreender que 64% acham que ele sabia que Queiroz estava escondido na casa de seu escudeiro Frederick Wassef, e que isso não tenha resultado em desgaste e perda de apoio? Bolsonaro saiba mas, para 46%, não tem envolvimento com o esquema de "rachadinha", embora empregasse a filha do Queirós em seu gabinete. Ela já disse que devolveu tudo o que ganhou. Era uma funcionária alugada para sorver dinheiro público para o hoje senador. Os que acham que Bolsonaro participava do esquema são 38%, inferiores, portanto, aos 42% que rejeitam seu governo.
Tanta indulgência só pode ser explicada pela adesão cega de boa parte da população a Bolsonaro, por um conservantismo e uma inflexão à direita que não supúnhamos tão arraigada na sociedade brasileira, que embutem também complacência moral. Falar da índole fascista e autoritária de Bolsonaro, ou de seu despreparo, não parece fazer sentido para seus apoiadores. O país ainda terá que sangrar mais para que uma parte compreenda o significado de Bolsonaro na Presidência.
Bolsonaro continua sendo o presidente mais rejeitado após 18 meses no cargo, batendo até mesmo Fernando Collor, que confiscou o que tínhamos nos bancos ao tomar posse. No Datafolha, ele é rejeitado por 44%, que se concentram no Nordeste, de forte memória lulista, entre as mulheres (48 x 41% de rejeição masculina), entre os mais jovens (só entre os de 16 a 24 anos ele alcança os 54% de rejeição), os mais escolarizados (53% entre os de nível superior) e os de maior renda, chegando a 50% na faixa de 5 a 10 salários-mínimos e a 52% entre os que ganham mais que isso.
Já sabemos que ele vem compensando as perdas nestes extratos sociais mais iluminados com o crescimento entre os mais pobres. Ele chega a 33% entre as pessoas com ensino fundamental e obtém 29% entre os que ganham até dois salários-mínimos. Mas é na classe média baixa, aquela que foi gerada pelo crescimento e a ascensão social dos anos Lula/Dilma, na época chamada nova classe C, que ele vem se ancorando mais. Nessas camadas, que ganham de dois a cinco salários-mínimos, ele chega a 35%, mais que sua média nacional. É no que dá promover a ascensão desacompanhada da educação política.
Já sabemos também que o auxílio emergencial de R$ 600,00 tem contribuído muito para isso, embora Bolsonaro e Guedes tenham proposto inicialmente R$ 200,00. O Congresso bateu o martelo em R$ 500 e Bolsonaro colocou mais R$ 100 para não ficar para trás. Agora, quando ele propõe mais três parcelas de R$ 500, R$ 400 e R$ 300, o Congresso fará tudo para manter os R$ 600, mas ainda que consiga, ele é que ficará com os louros.
Outro fato que ajuda a explicar que Bolsonaro tenha passado quase incólume pelas adversidades recentes que enfrentou - dos inquéritos do STF à prisão de Queiroz, passando pela trapaça para ajudar na fuga de Weingarten - é a tática da transfiguração que ele adotou. Ameaçado de impeachment e de ter a chapa cassada, e não tendo encontrado apoio militar para uma aventura golpista, tratou de se distanciar ficticiamente do filho e vestiu nova fantasia. Deixou de ir aos atos de apoiadores há dois domingos, trocou Weintraub pelo técnico Decotelli na Educação e agora discursa em favor do diálogo e da harmonia entre os poderes. E segue firme na prática da velha política, entregando nacos do governo ao Centrão, avançando com o estelionato eleitoral que, por ora, não incomoda apoiadores.
Ninguém muda a própria essência depois dos 60 anos. Bolsonaro continua sendo o mesmo, a qualquer hora vai reencarnar sua autêntica natureza autoritária e voltada para o confronto permanente.
Agora, porém, está contido, sobretudo pela ação do STF, e prometendo autocontenção. Preservando os 30%, com a ajuda da pandemia não verá as oposições exibirem ao Congresso grandes manifestações por seu impeachment, que pelo visto, não sairá. Crimes de responsabilidade há de sobra mas o Congresso não marcha contra o humor da sociedade, onde predomina a tolerância. A soma dos 32% de bom e ótimo com os 23% que lhe dão nota regular resulta em que 55% dos brasileiros não estão interessados em interromper o mandado de Bolsonaro.
Este é o futuro médio que nos aguarda, pelo menos até o final deste ano perdido de 2020. Que mais ele terá de fazer? Terá de fazer o país sangrar mais. Terá que nos enredar por longo tempo na pandemia, assumindo o papel de epicentro dela no mundo. Terá que nos levar ao isolamento global, precipitar o país numa recessão sem precedentes, gerando uma situação social explosiva, em que seu afastamento já não será remédio.
Já sabemos que ele vem compensando as perdas nestes extratos sociais mais iluminados com o crescimento entre os mais pobres. Ele chega a 33% entre as pessoas com ensino fundamental e obtém 29% entre os que ganham até dois salários-mínimos. Mas é na classe média baixa, aquela que foi gerada pelo crescimento e a ascensão social dos anos Lula/Dilma, na época chamada nova classe C, que ele vem se ancorando mais. Nessas camadas, que ganham de dois a cinco salários-mínimos, ele chega a 35%, mais que sua média nacional. É no que dá promover a ascensão desacompanhada da educação política.
Já sabemos também que o auxílio emergencial de R$ 600,00 tem contribuído muito para isso, embora Bolsonaro e Guedes tenham proposto inicialmente R$ 200,00. O Congresso bateu o martelo em R$ 500 e Bolsonaro colocou mais R$ 100 para não ficar para trás. Agora, quando ele propõe mais três parcelas de R$ 500, R$ 400 e R$ 300, o Congresso fará tudo para manter os R$ 600, mas ainda que consiga, ele é que ficará com os louros.
Outro fato que ajuda a explicar que Bolsonaro tenha passado quase incólume pelas adversidades recentes que enfrentou - dos inquéritos do STF à prisão de Queiroz, passando pela trapaça para ajudar na fuga de Weingarten - é a tática da transfiguração que ele adotou. Ameaçado de impeachment e de ter a chapa cassada, e não tendo encontrado apoio militar para uma aventura golpista, tratou de se distanciar ficticiamente do filho e vestiu nova fantasia. Deixou de ir aos atos de apoiadores há dois domingos, trocou Weintraub pelo técnico Decotelli na Educação e agora discursa em favor do diálogo e da harmonia entre os poderes. E segue firme na prática da velha política, entregando nacos do governo ao Centrão, avançando com o estelionato eleitoral que, por ora, não incomoda apoiadores.
Ninguém muda a própria essência depois dos 60 anos. Bolsonaro continua sendo o mesmo, a qualquer hora vai reencarnar sua autêntica natureza autoritária e voltada para o confronto permanente.
Agora, porém, está contido, sobretudo pela ação do STF, e prometendo autocontenção. Preservando os 30%, com a ajuda da pandemia não verá as oposições exibirem ao Congresso grandes manifestações por seu impeachment, que pelo visto, não sairá. Crimes de responsabilidade há de sobra mas o Congresso não marcha contra o humor da sociedade, onde predomina a tolerância. A soma dos 32% de bom e ótimo com os 23% que lhe dão nota regular resulta em que 55% dos brasileiros não estão interessados em interromper o mandado de Bolsonaro.
Este é o futuro médio que nos aguarda, pelo menos até o final deste ano perdido de 2020. Que mais ele terá de fazer? Terá de fazer o país sangrar mais. Terá que nos enredar por longo tempo na pandemia, assumindo o papel de epicentro dela no mundo. Terá que nos levar ao isolamento global, precipitar o país numa recessão sem precedentes, gerando uma situação social explosiva, em que seu afastamento já não será remédio.
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