Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:
Só um presidente sem respeito pelo decoro exigido no exercício do cargo (lei 1079, conhecida como lei do impeachment) poderia permitir uma operação vergonhosa como viagem do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para Miami.
Alegando que temia ir para a prisão, ("cadeião", em suas palavras), na 6a. feira, 19, Weintraub embarcou às pressas para os Estados Unidos, onde espera sentar-se numa cadeira de diretor do Banco Mundial (salário equivalente a R$ 115 000 mensais).
O problema é que Weintraub não queria submeter-se a quarentena de 14 dias para atravessar a fronteira norte-americana, exigência cobrada de todo estrangeiro que visita o país, havendo exceção apenas para autoridades estrangeiras.
Ocorreu, então, uma cena impensável.
Weintraub embarcou como ministro e passou pela alfândega como ministro. Só que já não era mais ministro nem tinha qualquer missão oficial a cumprir no cargo.
Estava fora do governo.
Dias antes havia se despedido do posto num vídeo que deixou Bolsonaro em situação constrangedora.
Mas sua exoneração só seria publicada - numa edição extra do Diário Oficial - quando se encontrava, são e salvo, do lado de lá da fronteira norte-americana.
Num país onde o Ministério da Educação é uma pasta essencial, com um orçamento de R$ 118 bilhões, é no mínimo constrangedor imaginar que a formalidades que acompanham um cargo de ministro podem ser preenchidas ou não de acordo com as conveniências pessoais do titular.
Como é sabido, Weintraub deixa um folha corrida de medidas destrutivas contra a educação pública, inclusive um decreto derradeiro, que pretende eliminar o sistema de cotas nos cursos de pós-graduação de nossas universidades.
No país desses dias, o episódio integra o ambiente de fim de linha da presidência Bolsonaro.
Quarenta e oito horas antes, uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro foi até Atibaia para dar voz de prisão a Fabrício Queiroz, tesoureiro das "rachadinhas" do gabinete do 01 Flávio Bolsonaro.
Mais grave até que a aparição de Queiroz, foi a descoberta do endereço do esconderijo, um imóvel de Frederick Assef, advogado de 01 e também do presidente da República.
Personagem obrigatório em eventos no Planalto e mesmo no Alvorada, Assef é sócio de uma empresa de informática fundada por sua ex-mulher, que tem feito bons negócios com o governo.
Se já atuava nos governos Dilma e Temer, a Globalweb Outsourcing conseguiu faturar R$ 41 milhões em 15 meses de governo Bolsonaro - contra R$ 42 nos quatro anos anteriores.
Segundo levantamento feito no Portal da Transparência e no Diário Oficial, contratos que a empresa já mantinha anteriormente receberam aditivos para chegar a R$ 165 milhões na gestão Bolsonaro (UOL, 21/06/2020).
O trabalho de investigação do Ministério Público pode produzir novidades nas conexões de Queiroz e a família Bolsonaro.
Será possível esclarecer a dupla demissão de Fabrício Queiroz e da filha, Natália, preparadora física, no mesmo dia, entre o primeiro e o segundo turno da campanha de 2018.
Conforme o empresário Paulo Marinho disse a jornalista Monica Bergamo, a decisão foi tomada depois que um delegado da Polícia Federal vazou a informação de que a operação Furna da Onça reunira indícios de movimentação financeira suspeita contra Queiroz.
A prisão de Queiroz é vista como um momento de aprofundar as investigações.
Nem todos integrantes do esquema estão felizes com seu lugar no fim da história e podem se dispor a falar, levando o governo Bolsonaro a ficar cada vez mais próximo do submundo da política, aquela zona cinzenta que sempre acaba misturada ao crime.
Alguma dúvida?
Só um presidente sem respeito pelo decoro exigido no exercício do cargo (lei 1079, conhecida como lei do impeachment) poderia permitir uma operação vergonhosa como viagem do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para Miami.
Alegando que temia ir para a prisão, ("cadeião", em suas palavras), na 6a. feira, 19, Weintraub embarcou às pressas para os Estados Unidos, onde espera sentar-se numa cadeira de diretor do Banco Mundial (salário equivalente a R$ 115 000 mensais).
O problema é que Weintraub não queria submeter-se a quarentena de 14 dias para atravessar a fronteira norte-americana, exigência cobrada de todo estrangeiro que visita o país, havendo exceção apenas para autoridades estrangeiras.
Ocorreu, então, uma cena impensável.
Weintraub embarcou como ministro e passou pela alfândega como ministro. Só que já não era mais ministro nem tinha qualquer missão oficial a cumprir no cargo.
Estava fora do governo.
Dias antes havia se despedido do posto num vídeo que deixou Bolsonaro em situação constrangedora.
Mas sua exoneração só seria publicada - numa edição extra do Diário Oficial - quando se encontrava, são e salvo, do lado de lá da fronteira norte-americana.
Num país onde o Ministério da Educação é uma pasta essencial, com um orçamento de R$ 118 bilhões, é no mínimo constrangedor imaginar que a formalidades que acompanham um cargo de ministro podem ser preenchidas ou não de acordo com as conveniências pessoais do titular.
Como é sabido, Weintraub deixa um folha corrida de medidas destrutivas contra a educação pública, inclusive um decreto derradeiro, que pretende eliminar o sistema de cotas nos cursos de pós-graduação de nossas universidades.
No país desses dias, o episódio integra o ambiente de fim de linha da presidência Bolsonaro.
Quarenta e oito horas antes, uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro foi até Atibaia para dar voz de prisão a Fabrício Queiroz, tesoureiro das "rachadinhas" do gabinete do 01 Flávio Bolsonaro.
Mais grave até que a aparição de Queiroz, foi a descoberta do endereço do esconderijo, um imóvel de Frederick Assef, advogado de 01 e também do presidente da República.
Personagem obrigatório em eventos no Planalto e mesmo no Alvorada, Assef é sócio de uma empresa de informática fundada por sua ex-mulher, que tem feito bons negócios com o governo.
Se já atuava nos governos Dilma e Temer, a Globalweb Outsourcing conseguiu faturar R$ 41 milhões em 15 meses de governo Bolsonaro - contra R$ 42 nos quatro anos anteriores.
Segundo levantamento feito no Portal da Transparência e no Diário Oficial, contratos que a empresa já mantinha anteriormente receberam aditivos para chegar a R$ 165 milhões na gestão Bolsonaro (UOL, 21/06/2020).
O trabalho de investigação do Ministério Público pode produzir novidades nas conexões de Queiroz e a família Bolsonaro.
Será possível esclarecer a dupla demissão de Fabrício Queiroz e da filha, Natália, preparadora física, no mesmo dia, entre o primeiro e o segundo turno da campanha de 2018.
Conforme o empresário Paulo Marinho disse a jornalista Monica Bergamo, a decisão foi tomada depois que um delegado da Polícia Federal vazou a informação de que a operação Furna da Onça reunira indícios de movimentação financeira suspeita contra Queiroz.
A prisão de Queiroz é vista como um momento de aprofundar as investigações.
Nem todos integrantes do esquema estão felizes com seu lugar no fim da história e podem se dispor a falar, levando o governo Bolsonaro a ficar cada vez mais próximo do submundo da política, aquela zona cinzenta que sempre acaba misturada ao crime.
Alguma dúvida?
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