A decisão do governo do presidente Jair Bolsonaro de não divulgar os dados completos sobre a pandemia de Covid-19, como o fazem quase todos os países do mundo é mais um ato de irresponsabilidade. Ele tenta, criminosamente, ocultar a verdade sobre os danos causados por sua conduta incompatível com o cargo que exerce, em grande parte a responsável pelo descontrole da contaminação e das mortes.
Bolsonaro e seu ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, buscam, com essa decisão de sonegar informações para tentar ocultar a dimensão da tragédia, minimizar a culpa do governo e gerar desinformação entre os brasileiros. Mas não há como esconder que a catástrofe decorre de atitudes como o incentivo ao desrespeito ao isolamento social, à protelação das medidas aprovadas pelo Congresso Nacional para o auxílio emergencial às famílias dos trabalhadores, aos estados e municípios, às micro, pequenas e médias empresas.
E mais: decorre da falta de iniciativa para dotar o Sistema Único de Saúde (SUS) com um orçamento condizente com a demanda, investindo em equipamentos e recursos humanos. Em lugar disso, Bolsonaro usou o Ministério da Saúde para fazer politicagem, demitindo dois ministros e desmontando a estrutura profissional dos organismos públicos de saúde em plena ascensão da pandemia .
Esse é mais um ato irresponsável de Bolsonaro, conforme apontam juristas e especialistas no assunto, que pode ser caracterizado como um ato de improbidade administrativa e até a prática de crime de responsabilidade. Ao ocultar as informações, o governo, além de esconder a gravidade da pandemia, desorienta a população e dificulta o trabalho dos cientistas e pesquisadores que precisam de dados para traçar estratégias e buscar meios de combate à Covid-19.
O cenário reforça a importância de pressão sobre o governo. Nesse sentido, o Congresso Nacional, os governadores, as entidades representativas da sociedade e veículos de comunicação têm agido para combater mais esse crime bolsonarista.
Esse é mais traço da natureza autoritária e antidemocrática do presidente, algo que lembra a ditadura militar, que em 1970 estabeleceu a censura prévia aos veículos de comunicação para esconder dados sobre a epidemia de meningite que se espalhava pelo país, assim como impediu que viessem à tona os crimes cometidos contra os brasileiros e brasileiras que ousaram lutar em defesa da democracia e das liberdades.
Diante do comportamento de Bolsonaro, a construção de uma ampla frente se coloca como uma necessidade indispensável para que tenha fim esse governo inimigo da vida e da democracia.
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