Por Israel Aparecido Gonçalves, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
O país vive uma guerra discursiva entre o presidente da República e outras instituições de relevância democrática, como o Supremo Tribunal Federal, e o mapa desse conflito demonstra que Jair Bolsonaro está perdendo espaço político. Ao lado do presidente, de forma serviçal, encontra-se o Exército. Mas por quê?
Primeiramente deve-se lembrar que o Exército brasileiro tem a missão de defender as nossas fronteiras, em especial a terrestre. Por fazer fronteira com quase todos os países da América do Sul, o nosso país pode ficar vulnerável ao tráfico de drogas, de animais, de armas e ao tráfico de pessoas também. O Exército não consegue garantir total segurança a nossas divisas, talvez por falta de soldados, de dinheiro ou de estratégias.
Ao Exército também é permitido assumir a função de Garantidor da Lei e da Ordem (GLO) interna como, por exemplo, as intervenções do Exército no Rio de Janeiro. A propósito, as empreitadas da instituição na cidade em nada reduziu a violência naquele município. O problema da violência carioca não foi e nem será resolvido pelas Forças Armadas. Diante dessas constatações, é notório que o Exército não consegue garantir a segurança das fronteiras e nem da ordem interna, ou seja, mostra-se duplamente incompetente.
Mesmo não conseguindo efetivar seus compromissos constitucionais – de zelar das fronteiras e da ordem pública – o Exército aderiu politicamente ao governo de Bolsonaro. Militares saíram dos seus clubes e da reserva para ocuparem um espaço central no governo Federal. Observam-se muitos deles em ministérios e nos bastidores do Palácio do Planalto. Bolsonaro tem mais militares no governo do que o regime político venezuelano. Militares treinados para a guerra, mas sem habilidade para a política. Um exemplo desta inabilidade militar na governança é o ministro interino da Saúde, além de não conhecer sobre a Saúde Pública, desconhece a geografia brasileira.
Outro fato mal explicado é militar prestigiando bandeiras estrangeiras como a de Israel e a dos EUA em atos políticos, ou seja, o patriotismo institucional é deixado de lado por causa das ideologias políticas.
Por último, percebe-se que a mistura do fuzil com política é tática oportunista para ajudar amigos da caserna a ganhar salários generosos sem sujar as botinas.
Assim é o Exército o fiel da balança de um governo irresponsável e cuja popularidade cai dia a dia. Essa Força Armada deixou para uma nota de rodapé seu prestígio institucional e optou por um jogo sujo de um governo que aposta em uma “guerra de palavras”. Como disse a poeta: “palavras apenas, palavras pequenas, palavras” para um país gigante por natureza.
* Israel Aparecido Gonçalves é autor de quatro livros, cientista político e doutorando em Sociologia Econômica (UFSC).
O país vive uma guerra discursiva entre o presidente da República e outras instituições de relevância democrática, como o Supremo Tribunal Federal, e o mapa desse conflito demonstra que Jair Bolsonaro está perdendo espaço político. Ao lado do presidente, de forma serviçal, encontra-se o Exército. Mas por quê?
Primeiramente deve-se lembrar que o Exército brasileiro tem a missão de defender as nossas fronteiras, em especial a terrestre. Por fazer fronteira com quase todos os países da América do Sul, o nosso país pode ficar vulnerável ao tráfico de drogas, de animais, de armas e ao tráfico de pessoas também. O Exército não consegue garantir total segurança a nossas divisas, talvez por falta de soldados, de dinheiro ou de estratégias.
Ao Exército também é permitido assumir a função de Garantidor da Lei e da Ordem (GLO) interna como, por exemplo, as intervenções do Exército no Rio de Janeiro. A propósito, as empreitadas da instituição na cidade em nada reduziu a violência naquele município. O problema da violência carioca não foi e nem será resolvido pelas Forças Armadas. Diante dessas constatações, é notório que o Exército não consegue garantir a segurança das fronteiras e nem da ordem interna, ou seja, mostra-se duplamente incompetente.
Mesmo não conseguindo efetivar seus compromissos constitucionais – de zelar das fronteiras e da ordem pública – o Exército aderiu politicamente ao governo de Bolsonaro. Militares saíram dos seus clubes e da reserva para ocuparem um espaço central no governo Federal. Observam-se muitos deles em ministérios e nos bastidores do Palácio do Planalto. Bolsonaro tem mais militares no governo do que o regime político venezuelano. Militares treinados para a guerra, mas sem habilidade para a política. Um exemplo desta inabilidade militar na governança é o ministro interino da Saúde, além de não conhecer sobre a Saúde Pública, desconhece a geografia brasileira.
Outro fato mal explicado é militar prestigiando bandeiras estrangeiras como a de Israel e a dos EUA em atos políticos, ou seja, o patriotismo institucional é deixado de lado por causa das ideologias políticas.
Por último, percebe-se que a mistura do fuzil com política é tática oportunista para ajudar amigos da caserna a ganhar salários generosos sem sujar as botinas.
Assim é o Exército o fiel da balança de um governo irresponsável e cuja popularidade cai dia a dia. Essa Força Armada deixou para uma nota de rodapé seu prestígio institucional e optou por um jogo sujo de um governo que aposta em uma “guerra de palavras”. Como disse a poeta: “palavras apenas, palavras pequenas, palavras” para um país gigante por natureza.
* Israel Aparecido Gonçalves é autor de quatro livros, cientista político e doutorando em Sociologia Econômica (UFSC).
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