Editorial do site Vermelho:
Até mesmo o Banco Mundial, que em essência não diverge da agenda fiscalista de Bolsonaro, projeta uma derrocada da economia este ano, ao contrário do falso otimismo de Paulo Guedes, que semeia a ilusão de que o Brasil vai surpreender e se recuperará rapidamente
A previsão do Banco Mundial de que a economia brasileira vai encolher 8% em 2020 deveria ser o centro das atenções do governo. A instituição se baseia em fatores altamente subjetivos, como as medidas de mitigação à pandemia do Covid-19 – entre elas, a queda acentuada do investimento e dos preços das commodities –, mas o prognóstico não deixa de ter consistência. Até porque as causas alegadas se ligam ao papel do Estado.
Elas são vistas pelo modelo em vigor no governo Bolsonaro como uma anomalia que pode ser corrigida – ou amenizada – com a decisão de não alterar o projeto original do ministro da Economia, Paulo Guedes, centrado no rigor das metas de arrocho orçamentário nas áreas destinadas aos serviços públicos, aos programas sociais e à infraestrutura, ao passo que estabiliza os pagamentos do circuito financeiro. É a mesma receita, basicamente, do Banco Mundial.
De acordo com a abstração da instituição, existe “uma esperada recuperação para um crescimento de 2,2 por cento em 2021 (…), baseada na suposição de uma redução constante dos fatores que pesaram sobre a atividade em 2020, assim como uma retomada da agenda de reforma tributária e de ambiente de negócios que foi colocada em espera de forma a dar prioridade à resposta ao Covid-19”. Trocando em miúdos: o crescimento esperado para o ano que vem depende da manutenção dos parâmetros orçamentários atuais.
Isso quer dizer que o Estado não pode afrouxar o rigor fiscal, mesmo com o agravamento da pandemia, além de reforçar a arrecadação de tributos – Guedes falou recentemente em “criar uma outra base de tributação qualquer” –, promover privatizações selvagens e fazer a “reforma” administrativa, na prática um violento ataque à estrutura do Estado, a começar pelo funcionalismo público. Exatamente o que o governo vem fazendo.
A previsão do Banco Mundial tem muito do que é prescrito na cartilha de Paulo Guedes. O encolhimento prognosticado de 8% para este ano é apenas a extensão da tendência que vinha se manifestando antes da pandemia. O milagre anunciado por Guedes com sua receita não havia dado nenhum sinal de que aconteceria. Segundo ele, bastaria fazer as “reformas” – como a trabalhista e a previdenciária – e manter o cumprimento rigoroso do teto de gastos para que os investidores fluíssem em massa para o Brasil.
Não foi o que aconteceu. Tampouco há evidências de que acontecerá. Sem o Estado puxando os investimentos não haverá o prometido ânimo dos investidores para fazer o país retomar a economia. Consequentemente, a economia não tem como entrar na dinâmica de geração de emprego e renda, essenciais para ativar o consumo e o desenvolvimento do país. Ou seja: com essa política, a crise econômica e social se agravará dramaticamente.
Além disso, o povo seguirá sentindo as agruras da irresponsabilidade do governo no trato da prevenção e dos efeitos da pandemia, sem renda, sem perspectiva e sem esperança. E a economia – especialmente as micro, pequenas e médias empresas –, os estados e os municípios continuarão praticamente sem ajuda. Esse é mais um aspecto determinante da natureza perversa desse governo.
Até mesmo o Banco Mundial, que em essência não diverge da agenda fiscalista de Bolsonaro, projeta uma derrocada da economia este ano, ao contrário do falso otimismo de Paulo Guedes, que semeia a ilusão de que o Brasil vai surpreender e se recuperará rapidamente
A previsão do Banco Mundial de que a economia brasileira vai encolher 8% em 2020 deveria ser o centro das atenções do governo. A instituição se baseia em fatores altamente subjetivos, como as medidas de mitigação à pandemia do Covid-19 – entre elas, a queda acentuada do investimento e dos preços das commodities –, mas o prognóstico não deixa de ter consistência. Até porque as causas alegadas se ligam ao papel do Estado.
Elas são vistas pelo modelo em vigor no governo Bolsonaro como uma anomalia que pode ser corrigida – ou amenizada – com a decisão de não alterar o projeto original do ministro da Economia, Paulo Guedes, centrado no rigor das metas de arrocho orçamentário nas áreas destinadas aos serviços públicos, aos programas sociais e à infraestrutura, ao passo que estabiliza os pagamentos do circuito financeiro. É a mesma receita, basicamente, do Banco Mundial.
De acordo com a abstração da instituição, existe “uma esperada recuperação para um crescimento de 2,2 por cento em 2021 (…), baseada na suposição de uma redução constante dos fatores que pesaram sobre a atividade em 2020, assim como uma retomada da agenda de reforma tributária e de ambiente de negócios que foi colocada em espera de forma a dar prioridade à resposta ao Covid-19”. Trocando em miúdos: o crescimento esperado para o ano que vem depende da manutenção dos parâmetros orçamentários atuais.
Isso quer dizer que o Estado não pode afrouxar o rigor fiscal, mesmo com o agravamento da pandemia, além de reforçar a arrecadação de tributos – Guedes falou recentemente em “criar uma outra base de tributação qualquer” –, promover privatizações selvagens e fazer a “reforma” administrativa, na prática um violento ataque à estrutura do Estado, a começar pelo funcionalismo público. Exatamente o que o governo vem fazendo.
A previsão do Banco Mundial tem muito do que é prescrito na cartilha de Paulo Guedes. O encolhimento prognosticado de 8% para este ano é apenas a extensão da tendência que vinha se manifestando antes da pandemia. O milagre anunciado por Guedes com sua receita não havia dado nenhum sinal de que aconteceria. Segundo ele, bastaria fazer as “reformas” – como a trabalhista e a previdenciária – e manter o cumprimento rigoroso do teto de gastos para que os investidores fluíssem em massa para o Brasil.
Não foi o que aconteceu. Tampouco há evidências de que acontecerá. Sem o Estado puxando os investimentos não haverá o prometido ânimo dos investidores para fazer o país retomar a economia. Consequentemente, a economia não tem como entrar na dinâmica de geração de emprego e renda, essenciais para ativar o consumo e o desenvolvimento do país. Ou seja: com essa política, a crise econômica e social se agravará dramaticamente.
Além disso, o povo seguirá sentindo as agruras da irresponsabilidade do governo no trato da prevenção e dos efeitos da pandemia, sem renda, sem perspectiva e sem esperança. E a economia – especialmente as micro, pequenas e médias empresas –, os estados e os municípios continuarão praticamente sem ajuda. Esse é mais um aspecto determinante da natureza perversa desse governo.
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