domingo, 19 de julho de 2020

Vox Populi: Bolsonaro pagará por seus crimes

Por Altamiro Borges

A postura negacionista e criminosa de Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus cobrará seu preço. Ele não terá como fugir da pecha de genocida e incompetente. A mais recente pesquisa Vox Populi mostra que a imagem do “capetão” é muito ruim, seja na resposta à doença seja na gestão da economia.

De abril até agora, a proporção de pessoas que avaliam positivamente o desempenho do governo no combate à pandemia caiu de 34% para 24%. Já a opinião de que é “ruim” ou “péssimo” subiu para 49%. "Ou seja, hoje, a reprovação é o dobro da aprovação", afirma o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi.

Três quartos dos entrevistados avaliam que a situação da epidemia estaria melhor se Bolsonaro não tivesse “incentivado as pessoas a saírem de casa”. Quase a metade dos ouvidos, 48%, atribui ao presidente a “única responsabilidade” ou “a maior parte da responsabilidade” pelo avanço assustador das mortes no Brasil.

Culpado por falências e desemprego

Na condução econômica frente à pandemia da Covid-19, o resultado do Vox Populi também é negativo para a dupla Bolsonaro-Guedes. 52% dos entrevistados acham que o governo federal é o único ou o maior responsável por “milhares de pequenas empresas haverem quebrado e milhões ficarem desempregados”.

Apesar das bravatas de Bolsonaro nas redes sociais e do falso otimismo de Paulo Guedes na mídia amiga, a dupla infernal não tem como escapar das suas responsabilidades. Para 58% dos ouvidos, o governo "tem a obrigação de socorrer pequenas empresas na crise, mas não quer ou não tem interesse”.

A pesquisa Vox Populi indica que hoje apenas uma minoria bota fé no “capetão”. Só 16% dos entrevistados acham que situação atual da epidemia “é menos grave do que imaginavam no princípio”, a mesma taxa dos que acham que a “economia vai se recuperar assim que a pandemia passar”.

Para Marcos Coimbra, "o otimismo do capitão é motivo de chacota para quase todo o país e para o resto do mundo. Achava que era muito esperto e que escaparia das responsabilidades... Aos olhos da maioria, é dele a responsabilidade pelo que estamos passando e vamos passar". Ele não tem como escapar de seus crimes!

A ilusão dos 30%

A desidratação da popularidade de Bolsonaro não é uma constatação apenas do Instituo Vox Populi. Várias sondagens têm sinalizado no mesmo rumo. Num estudo do professor Cesar Zucco publicado na revista Piauí, essa queda fica evidente a partir da análise de 127 pesquisas feitas desde o início do governo da ultradireita.

Apesar dos institutos e das metodologias diferentes, a agregação das sondagens comprova sua perda de prestígio. “Vemos uma queda fortíssima nos primeiros meses de governo, seguido de um período de certa estabilidade com levíssima recuperação que durou até o início de 2020”. O professor da FGV segue com a sua análise:

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Essa estabilidade deu origem à ideia de que o presidente conta com apoio sólido de cerca de um terço do eleitorado, mas apesar de um ou outro resultado desviante, a trajetória agregada indica que desde fevereiro de 2020 houve uma queda bastante pronunciada... A ideia do terço resiliente continua sendo propalada apesar da evidência sugerir que não passa de uma ilusão.

O terço simpático a Bolsonaro foi interpretado como sólido por conta da estabilidade da popularidade em face dos quase diários conflitos e das notícias negativas nos campos institucionais, educacionais, ambientais e, por que não?, policiais. Depois que o seu estilo beligerante de ser e do caótico funcionamento do governo levaram àquela acelerada queda inicial, a manutenção da popularidade demandava explicações.

Independentemente de suas causas, a análise agregada das pesquisas indica que o “chão” de um terço de apoio já cedeu há alguns meses e vários fatores sugerem que esse pode ser o “novo normal” do futuro próximo. A crise econômica durará mais algum tempo, mesmo na melhor das hipóteses.

O auxílio emergencial é um fator apenas temporário. Os acontecimentos políticos imprevistos têm sido, até hoje, praticamente todos negativos e, apesar de o presidente estar numa fase “silenciosa”, nada nos faria crer que passassem a ser majoritariamente positivos daqui para a frente.

Assim, apenas uma recuperação econômica forte a médio prazo levará a popularidade a um patamar mais alto. A continuidade da crise, por outro lado, poderá fazer o apoio atual minguar mais ainda. O terço sólido era um mito. Na realidade, o chão pode ser bem mais embaixo. E os proponentes do movimento #somos70% podem atualizar seu nome para #somos75%.

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