Da Rede Brasil Atual:
Para o professor da faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Uallace Moreira não há nenhum indício de retomada vigorosa da economia brasileira. Pelo contrário, os dados relativos ao consumo das famílias e dos investimentos público e privado apontam para uma provável lenta recuperação. A revisão do PIB do primeiro trimestre, com queda de 2,5%, – em vez de 1,5% anunciado anteriormente – demonstra que o Brasil não estava “decolando” antes da pandemia, como afirma o ministro da Economia, Paulo Guedes.
No segundo trimestre, a queda registrada pelo IBGE foi de 9,7%, na comparação com os três primeiros meses do ano. Frente ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 11,2%.
Para alimentar as expectativas do mercado, Guedes diz que o pior já passou, e que a economia estaria registrando uma recuperação em “V”, com crescimento proporcional à queda registrada na primeira metade do ano.
Mas, para Moreira, “Guedes vive num mundo paralelo”. Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (3), ele destaca que o “buraco” só não foi ainda maior graças a dois fatores. Primeiro, o auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo Congresso Nacional, a contragosto da própria equipe econômica, que queria um benefício de R$ 200. A situação pode se agravar, inclusive, por conta da redução do auxílio até o fim do ano, que será de R$ 300.
E, em segundo lugar, porque a base de comparação está deprimida, já que o país registra, desde 2017, crescimento do PIB ao redor de 1% ao ano. Caso o país estivesse registrando taxas de crescimento mais robustas, a retração com a pandemia seria sentida mais fortemente ainda.
Piora geral
Os dados que mais chamam a atenção do economista são a retração de 12,5% no consumo das famílias, no segundo trimestre, e a queda de 15,4% na Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos), conforme revelados pelo IBGE. “Esses indicadores consolidam a gravidade da crise na economia brasileira que se arrasta desde 2014. E deixa em evidência que as reformas que foram implementadas com a promessa de criação de emprego e retomada do dinamismo econômico fracassaram.”
A reforma trabalhista e a aprovação do teto de gastos colaboraram fundamentalmente para o atual cenário de degradação, segundo o professor da UFBA. A primeira contribui para a piora do mercado de trabalho, que registra recorde de desemprego, desalento e informalidade. Já a segunda medida impede o Estado de adotar medidas “anticíclicas”, com a ampliação dos investimentos públicos, para combater os efeitos da crise.
“Não existe possibilidade de retomada do crescimento com o atual governo, dadas as medidas que estão sendo implementadas. E também aquelas que vêm sendo implementadas desde o governo Temer. Nossa crise não é de agora. O que Guedes e Bolsonaro estão fazendo é aprofundar a crise na economia brasileira”, afirmou Moreira.
Armadilha
O professor também criticou a proposta do ministro da Economia para viabilizar a criação do Renda Brasil, programa que pretende substituir o Bolsa Família. Para fortalecer os repasses para esse novo programa, Guedes anunciou que pretende acabar com o abono salarial, seguro defeso, o programa Farmácia Popular e, até mesmo, o seguro-desemprego. “O que ele está tentando fazer é tirar direitos sociais universais e substituir por políticas sociais focalizadas. Isso não pode acontecer, em hipótese alguma. A sociedade não pode aceitar esse tipo de substituição”, alertou Moreira.
Assista à entrevista [aqui].
Para o professor da faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Uallace Moreira não há nenhum indício de retomada vigorosa da economia brasileira. Pelo contrário, os dados relativos ao consumo das famílias e dos investimentos público e privado apontam para uma provável lenta recuperação. A revisão do PIB do primeiro trimestre, com queda de 2,5%, – em vez de 1,5% anunciado anteriormente – demonstra que o Brasil não estava “decolando” antes da pandemia, como afirma o ministro da Economia, Paulo Guedes.
No segundo trimestre, a queda registrada pelo IBGE foi de 9,7%, na comparação com os três primeiros meses do ano. Frente ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 11,2%.
Para alimentar as expectativas do mercado, Guedes diz que o pior já passou, e que a economia estaria registrando uma recuperação em “V”, com crescimento proporcional à queda registrada na primeira metade do ano.
Mas, para Moreira, “Guedes vive num mundo paralelo”. Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (3), ele destaca que o “buraco” só não foi ainda maior graças a dois fatores. Primeiro, o auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo Congresso Nacional, a contragosto da própria equipe econômica, que queria um benefício de R$ 200. A situação pode se agravar, inclusive, por conta da redução do auxílio até o fim do ano, que será de R$ 300.
E, em segundo lugar, porque a base de comparação está deprimida, já que o país registra, desde 2017, crescimento do PIB ao redor de 1% ao ano. Caso o país estivesse registrando taxas de crescimento mais robustas, a retração com a pandemia seria sentida mais fortemente ainda.
Piora geral
Os dados que mais chamam a atenção do economista são a retração de 12,5% no consumo das famílias, no segundo trimestre, e a queda de 15,4% na Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos), conforme revelados pelo IBGE. “Esses indicadores consolidam a gravidade da crise na economia brasileira que se arrasta desde 2014. E deixa em evidência que as reformas que foram implementadas com a promessa de criação de emprego e retomada do dinamismo econômico fracassaram.”
A reforma trabalhista e a aprovação do teto de gastos colaboraram fundamentalmente para o atual cenário de degradação, segundo o professor da UFBA. A primeira contribui para a piora do mercado de trabalho, que registra recorde de desemprego, desalento e informalidade. Já a segunda medida impede o Estado de adotar medidas “anticíclicas”, com a ampliação dos investimentos públicos, para combater os efeitos da crise.
“Não existe possibilidade de retomada do crescimento com o atual governo, dadas as medidas que estão sendo implementadas. E também aquelas que vêm sendo implementadas desde o governo Temer. Nossa crise não é de agora. O que Guedes e Bolsonaro estão fazendo é aprofundar a crise na economia brasileira”, afirmou Moreira.
Armadilha
O professor também criticou a proposta do ministro da Economia para viabilizar a criação do Renda Brasil, programa que pretende substituir o Bolsa Família. Para fortalecer os repasses para esse novo programa, Guedes anunciou que pretende acabar com o abono salarial, seguro defeso, o programa Farmácia Popular e, até mesmo, o seguro-desemprego. “O que ele está tentando fazer é tirar direitos sociais universais e substituir por políticas sociais focalizadas. Isso não pode acontecer, em hipótese alguma. A sociedade não pode aceitar esse tipo de substituição”, alertou Moreira.
Assista à entrevista [aqui].
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