O Valor publica hoje o que deveria fazer muita gente repensar a ideia primária de que “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”, frase estúpida pronunciada por Juraci Magalhães, embaixador brasileiro nos Estados Unidos no início da ditadura militar de 1964.
Estamos comerciando menos com o país de Trump do que fazíamos com o país de Obama, voltando aos níveis de comércio de 2009, quando a economia estava deprimidíssima por conta de crise do subprime.
Aliás, os mesmo níveis que tínhamos no período FHC.
E nas exportações, apesar do dólar nas alturas, muito menos ainda.
Os EUA ainda são, é verdade, o segundo maior destino de nossas exportações, mas representam hoje pouco mais de um quinto do que representa a China.
Elevar o comércio com os EUA não é, com certeza, uma tarefa fácil, porque somos competidores em áreas importante como soja e milho. Mas nunca estivemos nestes patamares desde a década de 1990, em valores, e isso é estar três décadas atrasado.
Na contramão, a elevação dólar e a retração do setor industrial também reduziram as importações, que só não ficaram mais baixas porque 7% deste total se refere a uma única compra, a de uma de uma plataforma de petróleo de US$ 1,2 bilhão.
A acusação sempre feita à esquerda, de não dar valor às relações econômicas com os EUA e o aceno da direita que, sendo “amigos íntimos” dos norte-americanos só teríamos vantagens provam-se, pelos números, uma balela.
O aumento das políticas protecionistas por lá, enquanto nos exigem todas as fronteiras abertas é uma via suicida para nossas relações comerciais.
Ao contrário da frase célebre, talvez um dia façamos compreender que o que é bom para o Brasil é bom para os EUA, porque somos um grande mercado de consumo, porque somos uma potencial plataforma de exportação, porque temos uma história de relacionamento que vem desde a revolta das 13 colônias que fundou aquele país.
Há séculos, porém, impera por lá a ideia de que um cachorrinho é o melhor amigo e, infelizmente, também aqui as mentes miúdas ainda pensam assim.
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