Por Altamiro Borges
Sem se intimidar diante da censura fascistoide, a jogadora de vôlei Carol Solberg repetiu bordão do "Fora, Bolsonaro" no programa "Papo de Segunda", apresentado por Fábio Porchat no GNT. A advertência absurda imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva não silenciou a atleta.
A jogadora havia gritado o "Fora Bolsonaro" durante uma transmissão ao vivo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, após conquistar a medalha de bronze na primeira etapa. Mesmo censurada, ela não se intimidou e não vacilou diante de uma pergunta em tom de brincadeira de Fábio Porchat.
Ela disse não se sentir aliviada com a "branda" punição do STJD. "Alívio de jeito nenhum. Por tudo que está acontecendo nesse país, esses absurdos todos. Eu acho uma loucura de alguém dizer o que posso e o que eu não posso. É isso, vou recorrer, não concordo com essa decisão".
Jogadora vai recorrer
Carol Solberg ainda acrescentou no programa do GNT: "Não é política, são questões de direitos humanos, vai para outro lugar. É uma indignação, eu sou uma cidadã, como outro qualquer. Quero estar numa entrevista e me sentir à vontade, falar o que eu quiser, o que eu acredito".
A forte reação de setores democráticos da sociedade evitou punição mais dura exigida por hordas bolsonaristas. A atleta poderia pegar até seis etapas de suspensão, mas só um dos juízes votou a favor. Ela foi multada e teve a punição revertida em advertência. Mas ela ainda vai recorrer.
No final da entrevista, Fábio Porchat brincou ao questionar sobre o que ela precisaria falar se tivesse um filho chamado Bolsonaro dentro de casa e quisesse que o garoto saísse para o lado de fora. Em tom de brincadeira, Carol Solberg respondeu sem pestanejar: "Fora, Bolsonaro"
A solidariedade de Casagrande
Dos vários gestos de solidariedade à atleta, vale registrar o do ex-jogador e atual comentarista Walter Casagrande. No programa Globo Esporte, ele e o apresentador Felipe Andreoli criticaram a atitude da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que solicitou a punição no STJD.
Eles recordaram as manifestações de atletas da seleção brasileira masculina a favor da eleição de Jair Bolsonaro no Mundial de Vôlei de 2018 e cobraram isonomia. Também lembraram os casos de corrupção na CBV. “Casão”, como é chamado, ainda alertou para a volta da censura no Brasil.
“A censura está rondando o mundo todo, e aqui no Brasil principalmente. Eu dei todo o apoio a Carol porque ela se manifestou. Tem livre expressão. Isso é democracia. Agora, quando os jogadores masculinos de vôlei fizeram gestinho de arma e número do candidato, hoje presidente, não aconteceu nada. Então, a Carol tem o meu total apoio”.
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