domingo, 4 de outubro de 2020

Fuga de capitais sinaliza queda de Guedes

Por Altamiro Borges


Nem os especuladores estrangeiros acreditam mais no desmoralizado Paulo Guedes. Apesar do ministro da Economia prometer privatizar tudo e entregar o Brasil, o capital externo tira o time do país. Até setembro, a fuga de estrangeiros da Bolsa de Valores foi de R$ 88 bilhões, o dobro de 2019.

De acordo com dados divulgados pela Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o saldo negativo no ano até 29 de setembro somou R$ 88,2 bilhões. O valor representa o dobro do registrado em todo o ano passado, quando os estrangeiros levaram de volta para casa R$ 44,5 bilhões, registra o Estadão.

Desgastes da imagem do governo

Vários fatores explicam a fuga. Segundo o jornal, "entradas e saídas de capital estrangeiro seguem oscilando, de acordo com o noticiário sobre avanços na vacina contra a Covid... Também entram na conta o risco fiscal, os ruídos do governo e a imagem desgastada da política ambiental".

Porta-vozes dos rentistas ouvidos pelo Estadão apontam "a questão ambiental combinada a ruídos no âmbito político”, como fator determinante da fuga do capital externo. Os abutres financeiros também temem o chamado "risco fiscal". A fuga dos estrangeiros confirma o célere enfraquecimento do ex-czar da economia.

Paulo Guedes está cada dia mais isolado, apanhando de todos os lados. Vale o título do Valor: “Maia reage e chama Guedes de ‘desequilibrado’”. A briga entre o presidente da Câmara Federal, o rentista Rodrigo Maia, e o ultraneoliberal ministro da Economia já preocupa o “capetão”, segundo o jornal da cloaca burguesa.

Marinho, novo queridinho de Bolsonaro 

Já a Folha tratou no sábado (3) da briga entre o “novo queridinho” do presidente, Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional, e o inábil Paulo Guedes. Em tom de futrica, o jornal deu no título: “Marinho critica Guedes a investidores, e ministro da Economia chama colega de desleal, despreparado e fura-teto”.

Segundo a reportagem, num encontro com “analistas de mercado” promovido pela Ativa Investimentos, o “ex-tucano” Rogério Marinho bateu duro no “superministro” da Economia. Os comentários ácidos vazaram e azedaram de vez o clima em Brasília. Até quando o Posto Ipiranga, já sem combustível, seguirá no governo?

Ainda sobre as facadas no laranjal, o jornal lembra que “Guedes já vinha criticando Marinho a interlocutores... Ele usou a palavra ‘picareta’ para dizer que o ministro do Desenvolvimento tenta surfar na popularidade de Bolsonaro, com intenção de ser candidato ao Senado ou ao governo do Rio Grande do Norte”.

"Zona sombria" do impeachment

A briga entre ambos só cresce. Ela veio a público na esbórnia ministerial de abril, quando o governo discutiu medidas para a retomada da economia após a pandemia. Rogério Marinho defendeu a ampliação dos gastos públicos. “Para emplacar a sua visão, ele foi a campo influenciar inclusive a ala militar do governo”.

O camaleônico Marinho, hoje “queridinho do presidente”, foi secretário especial de Paulo Guedes e chefiou o golpe da “deforma” da Previdência. Hoje, ele é seu inimigo. Dizem, inclusive, que também almeja o cargo de czar da economia. Temendo a trairagem do seu ex-serviçal, Paulo Guedes ainda tenta afastá-lo de Bolsonaro.

“Há menos de um mês, em meio a novos atritos, o ministro da Economia disse, sem mencionar nomes, que o presidente Jair Bolsonaro poderia parar na ‘zona sombria’ do impeachment se ouvisse os conselheiros que defendem o descumprimento do teto”.

“Os conselheiros do presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona de incerteza, para uma zona sombria. Para uma zona de impeachment, para uma zona de irresponsabilidade fiscal, e o presidente sabe disso”, alerta Paulo Guedes. O laranjal está em chamas!

Um comentário:

  1. Jornalismo deste tipo, o Brasil não precisa.
    Pra ser jornalista e preciso ter um linguajar refinado e inteligente. O que obviamente não é o caso. Lastimável!

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