As atitudes do governo do presidente Jair Bolsonaro de prolongar a isenção do etanol importado dos Estados Unidos, no momento em que o setor sofre com a queda do consumo, e de apoiar o candidato norte-americano para presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), rompendo uma tradição histórica da instituição desde a sua criação há 61 anos, têm o claro objetivo de tentar ajudar a reeleição de Donald Trump. O entreguismo bolsonarista já havia se manifestado explicitamente na facilitação da venda da Embraer, que não se concretizou pela desistência da Boeing.
São ações que se coadunam com a política externa que rompeu com a inserção soberana do Brasil no cenário mundial, que diversificava os parceiros comerciais na busca de ganhos na feroz disputa entre os blocos geopolíticos, demonstrações enfáticas de subserviência à Casa Branca. O troco veio a galope; o governo estadunidense acaba de anunciar a taxação do alumínio, prejudicando a siderurgia brasileira. A gravidade dessa medida pode ser calculada pelo saldo do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) – entidade que representa cerca de cinco mil multinacionais brasileiras e norte-americanas –, até o mês de setembro o país registra em 2020 o pior resultado dos últimos 11 anos. O valor das trocas comerciais foi de US$ 33,4 bilhões, uma redução de 25,1% em relação ao mesmo período de 2019. É um golpe duro no comércio bilateral entre os dois países, segundo Abrão Neto, vice-presidente executivo da Amcham Brasil. A taxa de queda foi quatro vezes maior do que a redução das exportações totais do Brasil para o mundo.
São fatos que chamam a atenção também pela situação da economia mundial, cujo enfrentamento deveria ser tratado como prioridade absoluta no Brasil. O Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que, após a recuperação prevista para 2021, o crescimento mundial deverá desacelerar gradualmente até o patamar aproximado de 3,5% no médio prazo. Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, isso constituirá um grave retrocesso na melhoria dos padrões médios de vida em todos os grupos de países. Mas é certo que os pobres pagarão um preço mais elevado.
Um país como o Brasil precisa analisar com muito apuro essa tendência. Nos países de economias pobres, essa lógica é mais bruta. Ocorre que, pelo projeto neoliberal – que no governo Bolsonaro tem feição ultraliberal e radicalmente neocolonial –, a regra das relações econômicas é muito unilateral: os recursos fluem quase que em regime de mão única dos países periféricos para os centrais. E a riqueza global é concentrada nas mãos de poucos.
O próprio FMI constata que o prejuízo não será igual para todos. Até fim de 2021, a perda de produto em relação ao projetado antes da pandemia para as economias em desenvolvimento, excluindo a China, será de 8,1%, muito maior que a perda esperada de 4,7% nas economias avançadas. O Brasil ainda tem o agravante da fuga de capitais, que segundo o Institute of International Finance (IIF) – que reúne 450 bancos e fundos de investimento em 70 países – terá um saldo negativo entre aplicações e retiradas de não residentes no país de US$ 24 bilhões (R$ 134 bilhões) neste ano.
Além de desigual regionalmente, o efeito também não é sentido igualmente pelas diferentes classes sociais. Os bilionários aumentaram suas fortunas para um recorde de US$ 10,2 trilhões, superando o pico anterior, de US$ 8,9 trilhões, alcançado no final de 2017. Um relatório do banco suíço UBS revela que a riqueza dos bilionários aumentou 27,5% no auge da crise de abril a julho, turbinada pela alta dos mercados de ações. Esses dados, para um país castigado por uma grave crise econômica e sanitária, e com a soberania aviltada pela subserviência aos Estados Unidos, mostram o tamanho do problema causado pelo presidente Bolsonaro.
São ações que se coadunam com a política externa que rompeu com a inserção soberana do Brasil no cenário mundial, que diversificava os parceiros comerciais na busca de ganhos na feroz disputa entre os blocos geopolíticos, demonstrações enfáticas de subserviência à Casa Branca. O troco veio a galope; o governo estadunidense acaba de anunciar a taxação do alumínio, prejudicando a siderurgia brasileira. A gravidade dessa medida pode ser calculada pelo saldo do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
De acordo com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) – entidade que representa cerca de cinco mil multinacionais brasileiras e norte-americanas –, até o mês de setembro o país registra em 2020 o pior resultado dos últimos 11 anos. O valor das trocas comerciais foi de US$ 33,4 bilhões, uma redução de 25,1% em relação ao mesmo período de 2019. É um golpe duro no comércio bilateral entre os dois países, segundo Abrão Neto, vice-presidente executivo da Amcham Brasil. A taxa de queda foi quatro vezes maior do que a redução das exportações totais do Brasil para o mundo.
São fatos que chamam a atenção também pela situação da economia mundial, cujo enfrentamento deveria ser tratado como prioridade absoluta no Brasil. O Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que, após a recuperação prevista para 2021, o crescimento mundial deverá desacelerar gradualmente até o patamar aproximado de 3,5% no médio prazo. Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, isso constituirá um grave retrocesso na melhoria dos padrões médios de vida em todos os grupos de países. Mas é certo que os pobres pagarão um preço mais elevado.
Um país como o Brasil precisa analisar com muito apuro essa tendência. Nos países de economias pobres, essa lógica é mais bruta. Ocorre que, pelo projeto neoliberal – que no governo Bolsonaro tem feição ultraliberal e radicalmente neocolonial –, a regra das relações econômicas é muito unilateral: os recursos fluem quase que em regime de mão única dos países periféricos para os centrais. E a riqueza global é concentrada nas mãos de poucos.
O próprio FMI constata que o prejuízo não será igual para todos. Até fim de 2021, a perda de produto em relação ao projetado antes da pandemia para as economias em desenvolvimento, excluindo a China, será de 8,1%, muito maior que a perda esperada de 4,7% nas economias avançadas. O Brasil ainda tem o agravante da fuga de capitais, que segundo o Institute of International Finance (IIF) – que reúne 450 bancos e fundos de investimento em 70 países – terá um saldo negativo entre aplicações e retiradas de não residentes no país de US$ 24 bilhões (R$ 134 bilhões) neste ano.
Além de desigual regionalmente, o efeito também não é sentido igualmente pelas diferentes classes sociais. Os bilionários aumentaram suas fortunas para um recorde de US$ 10,2 trilhões, superando o pico anterior, de US$ 8,9 trilhões, alcançado no final de 2017. Um relatório do banco suíço UBS revela que a riqueza dos bilionários aumentou 27,5% no auge da crise de abril a julho, turbinada pela alta dos mercados de ações. Esses dados, para um país castigado por uma grave crise econômica e sanitária, e com a soberania aviltada pela subserviência aos Estados Unidos, mostram o tamanho do problema causado pelo presidente Bolsonaro.
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