Para o professor e jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, a censura à divulgação de uma pesquisa realizada pelo Datafolha sobre a corrida eleitoral em São Paulo é mais um exemplo do processo de judicialização da política que vem contribuindo para a “degradação” da democracia brasileira nos últimos anos.
A censura ao Datafolha se deu na última segunda-feira (9), a pedido do candidato Celso Russomanno (Republicanos), em queda nas pesquisas. Mas foi revertida no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Divulgada nesta quinta-feira (12), a pesquisa mostra pela primeira vez o candidato Guilherme Boulos (Psol), que subiu de 14% para 16%, numericamente em segundo lugar na disputa. O mesmo movimento foi detectado pela pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira (9). No sentido contrário, Russomanno continuou caindo, de 16% para 14%. A disputa na capital paulista é liderada atual prefeito, Bruno Covas, com 32% das intenções de votos.
“A Justiça acaba tomando um protagonismo sobre o processo político que distorce a vontade do eleitor. Passa a ter poderes de escolher aqueles que podem ou não podem ser candidatos, por motivos muitas vezes obscuros. Agora também escolhe quem pode informar e quem não pode”, afirmou Lalo, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.
Segundo ele, a queda de Russomanno foi o verdadeiro motivo para o pedido de censura ao Datafolha. E não os eventuais problemas metodológicos apresentados como justificativa pelos advogados do candidato. “Foi uma solicitação político-eleitoral, o que é de uma gravidade tremenda”, destacou.
Repetição
Contudo, não se trata de um caso isolado, segundo o professor. Esse ativismo judicial teria ganhado força, segundo ele, com a Lava Jato. E o episódio mais dramático de interferência política foi a exclusão da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas últimas eleições, quando liderava todas as pesquisas.
Outro caso recente citado por ele foi a censura a uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre o candidato à prefeitura de São Luís, capital do Maranhão, Eduardo Braide (Podemos). A publicação censurada por uma juíza do Maranhão trazia informações sobre uma denúncia apresentada contra o candidato por envolvimento em desvios em licitações.
Contudo, não se trata de um caso isolado, segundo o professor. Esse ativismo judicial teria ganhado força, segundo ele, com a Lava Jato. E o episódio mais dramático de interferência política foi a exclusão da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas últimas eleições, quando liderava todas as pesquisas.
Outro caso recente citado por ele foi a censura a uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre o candidato à prefeitura de São Luís, capital do Maranhão, Eduardo Braide (Podemos). A publicação censurada por uma juíza do Maranhão trazia informações sobre uma denúncia apresentada contra o candidato por envolvimento em desvios em licitações.
Debates
Ademais, Lalo classificou como “censura” a recusa das principais emissoras de televisão em realizarem debates nas eleições municipais. A justificativa é que o risco de contaminação pelo novo coronavírus impede a realização dos encontros entre os candidatos. Mais uma vez, segundo o professor, seria outro o real motivo para o cancelamento desses eventos.
“Tenho absoluta convicção que essa censura à democracia – que dessa vez não é a censura do Estado, mas das emissoras, tem a ver com a possiblidade do crescimento de candidatos não apoiados por elas. Entretanto, ao fazerem isso, as emissoras rompem com um compromisso constitucional”.
Por outro lado, o precedente citado neste caso foi a fuga dos debates do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Lalo afirmou ter ainda “sérias dúvidas” sobre a facada sofrida por ele, usada como justificativa para não participar dos confrontos com os demais competidores. Mas, em vez disso, deu longas entrevistas para emissoras aliadas.
“Trocou o debate político pela reportagem tendenciosa. Naquela oportunidade, foi realizado um debate apenas. E esse candidato foi praticamente arrasado. Se tivéssemos mais dois ou três debates como aquele, talvez ele não tivesse chegado nem ao segundo turno”, disse ele.
Ademais, Lalo classificou como “censura” a recusa das principais emissoras de televisão em realizarem debates nas eleições municipais. A justificativa é que o risco de contaminação pelo novo coronavírus impede a realização dos encontros entre os candidatos. Mais uma vez, segundo o professor, seria outro o real motivo para o cancelamento desses eventos.
“Tenho absoluta convicção que essa censura à democracia – que dessa vez não é a censura do Estado, mas das emissoras, tem a ver com a possiblidade do crescimento de candidatos não apoiados por elas. Entretanto, ao fazerem isso, as emissoras rompem com um compromisso constitucional”.
Por outro lado, o precedente citado neste caso foi a fuga dos debates do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Lalo afirmou ter ainda “sérias dúvidas” sobre a facada sofrida por ele, usada como justificativa para não participar dos confrontos com os demais competidores. Mas, em vez disso, deu longas entrevistas para emissoras aliadas.
“Trocou o debate político pela reportagem tendenciosa. Naquela oportunidade, foi realizado um debate apenas. E esse candidato foi praticamente arrasado. Se tivéssemos mais dois ou três debates como aquele, talvez ele não tivesse chegado nem ao segundo turno”, disse ele.
Assista à entrevista [aqui].
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