Por Altamiro Borges
A resistência ao negacionismo fascista cresce em todas as áreas. Em votação eletrônica realizada na semana passada, o candidato apoiado pelas milícias bolsonaristas à presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) não obteve 30% dos votos e ficou de fora da lista tríplice para a escolha do novo gestor da prestigiada instituição.
O nome de Florio Polonini não constará da lista que será enviada ao Palácio do Planalto. Ela será encabeçada pela atual presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, seguida do coordenador de Vigilância em Saúde, Rivaldo Venâncio, e do vice-presidente, Mário Moreira. O bolsonarista teve apenas 219 votos.
Segundo nota da Comissão Eleitoral, Nísia obteve 3.784 votos e foi a primeira colocada. Venâncio e Moreira ficaram respectivamente em segundo e terceiro lugares. Participaram da votação, iniciada na terça-feira e encerrada na quinta-feira (19), 4.460 servidores da Fiocruz – 91,7% do total de 4.847 funcionários.
O "capetão" vai respeitar a votação?
Historicamente, o presidente da República sempre acatou a escolha dos servidores e nomeou o mais votado. Mas é difícil saber qual será a atitude de Jair Bolsonaro – que detesta a Fiocruz e a ciência. Seu candidato foi derrotado e nem consta da lista tríplice, mas o “capetão” ainda pode aprontar alguma maldade.
A revista Fórum fez uma breve biografia do bolsonarista rejeitado pelos servidores. “Graduado em ciências contábeis pela Universidade de Vila Velha (ES) e analista de gestão do departamento administrativo da Fiocruz, Florio Joao Polonini Junior se inscreveu de última hora com uma plataforma alinhada ao governo”.
Nas redes sociais, o candidato lançou uma campanha de financiamento coletivo, compartilhou tuítes do Ministério da Saúde e fez postagens de elogio ao governo. Já a milícia digital bolsonarista festejou sua inscrição na disputa, afirmando que seria “a chance de tirar a esquerda do topo” da Fiocruz. Deu zebra!
O esforço agora é para que o governo respeite as urnas. Como afirmou Paulo Garrido, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Fiocruz, em entrevista à revista CartaCapital, “nosso próximo passo será defender a rápida nomeação do primeiro colocado na lista tríplice. Diante da gravidade do quadro epidemiológico e sanitário que tanto sofrimento e apreensão tem causado na população, não podemos esperar. O país não pode perder tempo com disputas políticas em torno da presidência da Fiocruz”.
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