segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Lá como cá, desespero há

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na revista CartaCapital:
  

No dia 13 de novembro, a jornalista investigativa do New York Times, Jane Mayer, concedeu entrevista ao site Democracy Now.

Nos últimos anos, Jane se dedicou a investigar as escorregadelas e tropeções de Donald Trump.

Os eleitores de Bolsonaro diriam que a “capivara do Trump” é parruda, certamente tão parruda quanto aquela preenchida por rachadinhas e rachadonas da turma do Jardim das Milícias.

O rolo começa com o advogado de Trump, Michael Cohen, O causídico trumpista curte uma cana de três anos depois de ter sido apanhado pelo procurador Cyrus Vance Júnior com a mão na botija.

A botija está recheada dos negócios suspeitos de Trump que aparecem na investigação sob o pseudônimo de co-conspirador.

Como diz meu amigo Mino Carta, até as pedras das ruas de Nova York sabem que o co-conspirador é o presidente Trump, protegido pela imunidade que o cargo de Chefe de Estado lhe confere.

Jane Mayer informa que a investigação criminal se concentra na apuração de todos os tipos de fraude praticados por Trump em seus negócios antes de se tornar presidente – fraude bancária, fraude de seguros, evasão fiscal e outros tipos de fraude.

“É um poço sem fundo. Entrevistei Michael Cohen, o ex-advogado de Donald Trump que também escreveu um livro. São inúmeras as acusações registradas no livro. Esta é uma situação séria. Jamais enfrentamos no país um caso como esse, um presidente enfrentar um processo sério por comportamento criminoso.”

A resistência de Trump em reconhecer a derrota não decorre apenas de suas idiossincrasias narcisistas e sociopatas.

Outros relatos de jornalistas e observadores que circulam nas redondezas da Casa Branca confirmam o desespero do presidente Trump diante da possiblidade de perder a imunidade.

Dizem alguns que ele e seus auxiliares se entregam à busca a uma forma jurídica capaz de justificar o autoindulto.

Corre também entre os mais informados que Trump poderia recorrer a uma fuga para países governados por oligarcas estrangeiros corruptos.

Como é sabido, ele claramente lisonjeou alguns dos líderes mais ricos e corruptos do mundo, incluindo Putin e Duterte.

A situação sugere que algumas de suas posições de política externa eram muito autointeressadas.

Certamente, diz Jane, essa questão foi levantada sobre sua relação com a Turquia.

Mas estes todos acumulariam enormes passivos nos balanços de Joe Biden e nenhum deles, salvo Vladimir Putin, tem pólvora no bacamarte para enfrentar a situação.

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