quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Desmatamento bate novo recorde na Amazônia

Por Altamiro Borges 

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nesta segunda-feira (30) mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 9,5% e bateu novos recordes – atingindo o mais alto patamar desde 2008. Foram desmatados 11.088 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020.

Os números do INPE são calculados a partir das imagens do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). No período anterior, entre agosto de 2018 e julho de 2019, a área de florestas devastadas foi de 10.129 km². Em apenas um ano, a tragédia do desmatamento cresceu 9,5%.

General Mourão minimiza o desastre

Desde que esse levantamento foi iniciado, em 1988, a maior taxa medida pelo Prodes foi de 29.059 km² – em 2005. A partir de então, nos governos Lula e Dilma, ela sofreu forte queda até chegar aos 4.571 km² em 2012. Com os negacionistas Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, seu ministro das queimadas, a taxa disparou!

Segundo a revista Época, na apresentação dos dados do INPE, "o vice-presidente Hamilton Mourão [o general que também comanda o Conselho da Amazônia] minimizou a destruição registrada. 'Podemos observar o início de uma tendência decrescente'". O evento foi ridículo. Nem teve a presença do sinistro Ricardo Salles.

"Plano de Bolsonaro deu certo"

Diante do novo recorde de desmatamento, o Observatório do Clima (OC), organismo que é composto por 56 ONGs e movimentos sociais, divulgou nota em que afirma que os dados divulgados não são "uma surpresa para quem acompanha o desmonte das políticas ambientais no Brasil desde janeiro de 2019".

"Os números do Prodes simplesmente mostram que o plano de Jair Bolsonaro deu certo. Eles refletem o resultado de um projeto bem-sucedido de aniquilação da capacidade do Estado Brasileiro e dos órgãos de fiscalização de cuidar de nossas florestas e combater o crime na Amazônia", afirma a entidade.

A nota afirma ainda que a devastação do meio ambiente é "o preço da passagem da boiada", em referência à fala criminosa de Ricardo Salles na reunião ministerial de abril passado. Para o Observatório, o discurso do governo federal incentiva a ação de "grileiros, garimpeiros, madeireiros ilegais e assassinos de índios".

O OC também critica várias ações nefastas do laranjal bolsonariano: "perseguição e exoneração de agentes ambientais por fazer seu trabalho"; "envio de propostas ao Congresso para abrir terras indígenas ao esbulho e legalizar a grilagem, tentativa de legalizar o roubo de terras indígenas não homologadas, omissão criminosa em não gastar o dinheiro que existe para a fiscalização e as políticas ambientais". A lista dos crimes é grande!

A queda recorde das multas ambientais

Tratando destas ações criminosas, reportagem publicada no jornal O Globo nesta quarta-feira (2) comprova a vertiginosa queda das multas ambientais. Ela denuncia que “o número de autos de infração do Ibama despencou no mesmo período em que o desmatamento atingiu sua maior marca desde 2008”.

A reportagem se baseia na checagem feita pelo coletivo “Facebook.eco.br” em colaboração com várias outras entidades ambientais. Ela mostra que, entre agosto de 2019 e julho de 2020, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) aplicou 1.964 multas por irregularidades cometidas contra a flora na Amazônia Legal.

“O número de autos de infração é o mais baixo já registrado na luta contra a devastação da floresta. Bateu o recorde negativo anterior, que ocorreu parcialmente sob o governo de Jair Bolsonaro: 3.403 (de agosto de 2018 a julho de 2019)". A midiática ida dos militares à região só serviu mesmo para gastar recursos públicos.

O papelão dos militares na Amazônia

Já sobre o papelão dos milicos, vale registrar a cutucada do editorial da Folha, intitulado “Ruína amazônica”, nesta quarta-feira. “Assim como no fracasso do combate à pandemia com um general no Ministério da Saúde, Bolsonaro põe as Forças Armadas na linha de tiro transferindo-lhes a contenção da crise amazônica”.

“Com esses 11.088 km² de floresta derrubada, cruza-se o limite inferior da margem projetada por cientistas (20% a 25%) para que o bioma entre em colapso, com a interrupção da turbina de umidade que o sustenta e garante chuvas para a maior parte do setor agrícola. No ritmo atual, tal desastre pode tornar-se a grande e nefasta obra de Bolsonaro na Amazônia”.

Os generais, tendo à frente Hamilton Mourão com sua “cortina de fumaça”, também serão culpados!

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