domingo, 31 de janeiro de 2021

Bolsonaro já insinua até recriar ministérios


Por Altamiro Borges

Na convenção do PSL que aprovou a candidatura de Jair Bolsonaro, em julho de 2018, o general Augusto Heleno cantarolou: "Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão". E teve otário que acreditou nessa bravata moralista. Hoje, o “capetão” cede tudo à turma de fisiológicos e pragmáticos do Centrão para se manter no poder. Até insinua que pode recriar três ministérios.

Nessa sexta-feira (29), em cerimônia oficial em Brasília, o presidente afirmou que vê "clima" para criar os novos cargos caso o governo vença a eleição para as presidências da Câmara Federal e do Senado. Foi uma típica oferta do "balcão de negócios". Pouco depois, diante da chiadeira – até de bolsominions menos tapados –, Jair Bolsonaro desdisse, como é do seu feitio.

"Se tiver clima no parlamento, pelo o que tudo indica as duas pessoas que nós temos simpatia devem se eleger, não vamos ter a pauta travada e a gente pode levar muita coisa avante, quem sabe ressurgir os ministérios", afirmou o cínico, citando as pastas da Cultura, Esporte e Pesca de forma explícita. O guloso Centrão deve ter gostado do recadinho, mas quer mais – bem mais.

A avidez dos fisiológicos do Centrão

Como aponta o editorial do jornal O Globo deste sábado (30), "não deverá sair barato para Bolsonaro se Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, vier a ser mesmo eleito presidente da Câmara Federal. Os partidos que apoiam a candidatura dele são conhecidos pela avidez com que perseguem seus objetivos fisiológicos".

"Caso Lira seja eleito para substituir Rodrigo Maia (DEM-RJ), a reforma ministerial prevista para depois da eleição no Congresso servirá de instrumento para atender os interesses desses partidos", alerta o jornalão, um dos que ajudou a chocar o ovo da serpente fascista no país.

O Globo avalia que as negociatas de Jair Bolsonaro "tem todo o jeitão do velho toma lá dá cá. Nesse mercado de escambo, as moedas correntes costumam ser cargos e verbas em troca de apoio". A tal “nova política”, tão bravateada pela cloaca burguesa – e por sua mídia – serviu apenas para dar o golpe contra Dilma Rousseff e preparar o clima para a ascensão do fascismo no Brasil.

Os milicos que se cuidem!

Em tempo: O "partido dos militares", que hoje é o principal sustentáculo do laranjal bolsonariano, que se cuide. O Centrão está de olho nas pastas ocupadas por generais. Braga Netto, da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e Eduardo Pazuello, da Saúde, podem ser defecados em breve.

Uma notinha da revista Época dá uma ideia do apetite da turma da Centrão. “Em jantar com Arthur Lira nesta quarta-feira [20 de janeiro] em São Paulo, deputados comentavam sobre possíveis ministérios que o Centrão poderia ganhar numa eventual eleição do candidato de Jair Bolsonaro à Presidência da Câmara. A nomeação para o Ministério da Saúde de Ricardo Barros, do PP do Paraná, que também é líder do governo na Câmara, foi dada como certa”. E haja gula, segundo a revista:

“Além disso, a expectativa é de que o Republicanos, que deu abrigo a Carlos e Flávio Bolsonaro, seja contemplado com pelo menos uma pasta. Nem mesmo o Tribunal de Contas da União ficou de fora das ambições dos parlamentares... O evento contou com a presença de 74 deputados, sendo 43 da bancada paulista. Entre os presentes, estavam presidentes nacionais de partidos como o ex-prefeito e ex-ministro Gilberto Kassab, do PSD; Marcos Pereira, do Republicanos; José Tadeu, do PL; a deputada Renata Abreu, do Podemos; e Luis Tibé, do Avante”.

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