O Valor Econômico: Grandes Grupos (1), publicado nesta virada de ano, apresenta a evolução dos duzentos maiores grupos econômicos do país. Baseado em dados de 2019, portanto antes do impacto da pandemia, o estudo constata que “dos quatro setores analisados, apenas o setor de Finanças registrou aumento no lucro líquido (27,1%). Comércio (-6,8%), Indústria (-7,8%) e Serviços (-34,8%) caminharam para trás”. Trata-se não do conjunto da economia, mas dos grandes grupos, onde as finanças predominam. O estudo ressalta “o bom desempenho da área financeira, sobretudo bancos, cuja fatia no lucro líquido consolidado dos 200 maiores aumentou de 37,7% para 48,9%” (p.12).
Traduzindo: o que rende no Brasil é ser banco, e de preferência grande. O resultado é muito impressionante, pois os bancos, intermediários do dinheiro dos outros, constituem atividade-meio, devendo custar à sociedade o menos possível, ao mesmo tempo em que tornam o dinheiro mais produtivo, fomentando a economia. Um banco que reúne poupanças, e oferece crédito a custos razoáveis para produtores industriais ou agrícolas ou de outros setores produtivos, torna empresários capazes de gerar emprego e produto. Quando extraem mais dinheiro da sociedade do que contribuem em termos produtivos, eles estão empobrecendo as famílias que gastam em juros o que poderiam gastar em bens e serviços. Isso fragiliza a demanda, o que, por sua vez, fragiliza as empresas, e ambas fragilizam o fluxo de receitas para o Estado. Lembremos que estamos no oitavo ano de economia paralisada, desde 2014, quando começou o processo do golpe, o desmonte causado pela Lava Jato, a guerra eleitoral, a promoção da “austeridade”.
Se a China, ou o Vietnã e outras economias estão se desenvolvendo, é porque controlam os juros e canalizam os financiamentos para o fomento da economia. Aqui, os intermediários, em vez de servir a economia, decidiram servir a si mesmos. A tabela abaixo, que lista os 10 grupos que mais lucram no país, é clara. A Petrobrás está em primeiro lugar, mas não é propriamente “produtora”: o petróleo é da natureza, e é extraído, é natural que gere grandes lucros. Os cinco lugares seguintes são ocupados por bancos .
Traduzindo: o que rende no Brasil é ser banco, e de preferência grande. O resultado é muito impressionante, pois os bancos, intermediários do dinheiro dos outros, constituem atividade-meio, devendo custar à sociedade o menos possível, ao mesmo tempo em que tornam o dinheiro mais produtivo, fomentando a economia. Um banco que reúne poupanças, e oferece crédito a custos razoáveis para produtores industriais ou agrícolas ou de outros setores produtivos, torna empresários capazes de gerar emprego e produto. Quando extraem mais dinheiro da sociedade do que contribuem em termos produtivos, eles estão empobrecendo as famílias que gastam em juros o que poderiam gastar em bens e serviços. Isso fragiliza a demanda, o que, por sua vez, fragiliza as empresas, e ambas fragilizam o fluxo de receitas para o Estado. Lembremos que estamos no oitavo ano de economia paralisada, desde 2014, quando começou o processo do golpe, o desmonte causado pela Lava Jato, a guerra eleitoral, a promoção da “austeridade”.
Se a China, ou o Vietnã e outras economias estão se desenvolvendo, é porque controlam os juros e canalizam os financiamentos para o fomento da economia. Aqui, os intermediários, em vez de servir a economia, decidiram servir a si mesmos. A tabela abaixo, que lista os 10 grupos que mais lucram no país, é clara. A Petrobrás está em primeiro lugar, mas não é propriamente “produtora”: o petróleo é da natureza, e é extraído, é natural que gere grandes lucros. Os cinco lugares seguintes são ocupados por bancos .
De toda forma é um documento importante, pois ao apresentar dados básicos sobre os maiores grupos do país, está trazendo uma radiografia do poder econômico, inclusive do sistema financeiro, pois tanto os bancos como outros grandes grupos constituem o essencial da atividade da bolsa, e desempenham também um papel central em termos de poder político.
É muito útil aproximar esse estudo dos 200 grandes grupos do estudo anterior da Forbes, sobre os mais de 200 bilionários brasileiros, onde se mostra como o dinheiro apropriado pelos grupos econômicos se transforma em fortunas pessoais. Joseph Safra, por exemplo, recentemente falecido, aumentou em 12 meses a sua fortuna em cerca de 30 bilhões de reais, o equivalente a um ano de Bolsa Família. Lembremos que as grandes fortunas são isentas de impostos (lei sobre lucros e dividendos distribuídos, 1995) (3). Os dados mais recentes da Forbes mostram que 42 bilionários (em dólares) brasileiros aumentaram as suas fortunas pessoais em US$34 bilhões entre 18 de março e 12 de julho 2020. É o equivalente a cerca de 180 bilhões de reais, 6 anos de Bolsa Família, para apenas 42 pessoas, com a economia em queda, e isentos de impostos (2), enquanto tantos estão em dificuldades, porque a pandemia agravou o processo
É o que tem sido chamado na literatura internacional de extractive capitalism, capitalismo extrativo. O caminho para onde estão carregando o nosso país constitui um imenso retrocesso. Produzir aqui não rende, ou rende muito menos do que especular no sistema financeiro. A desindustrialização faz parte, a fuga de empresas também.
PS: Comprei o meu exemplar do Valor Econômico numa banca da Av. Paulista, um bom investimento permite entender muita coisa sobre o caos atual. Quem tem assinatura do Valor Econômico pode pegar em https://www.valor.com.br/revistas/?valor_pro=1#/edition/186585?page=8§ion=1
Notas:
(1) Valor Econômico: Grandes Grupos – Dezembro de 2020, Ano 19, Nº 19, www.valor.globo.com, p. 12
(2) Os dados da Forbes sobre as fortunas dos brasileiros são apresentados por Eduardo Moreira em https://dowbor.org/2019/11/eduardo-moreira-a-lista-de-bilionarios-da-forbes-e-a-destruicao-do-brasil-em-youtube-23-min.html/
(3) O relatório da Oxfam está disponível em https://dowbor.org/2020/07/bilionarios-da-america-latina-e-do-caribe-aumentaram-fortuna-em-us-482-bi-durante-pandemia-oxfam-brasil-2020-3p.html/
É muito útil aproximar esse estudo dos 200 grandes grupos do estudo anterior da Forbes, sobre os mais de 200 bilionários brasileiros, onde se mostra como o dinheiro apropriado pelos grupos econômicos se transforma em fortunas pessoais. Joseph Safra, por exemplo, recentemente falecido, aumentou em 12 meses a sua fortuna em cerca de 30 bilhões de reais, o equivalente a um ano de Bolsa Família. Lembremos que as grandes fortunas são isentas de impostos (lei sobre lucros e dividendos distribuídos, 1995) (3). Os dados mais recentes da Forbes mostram que 42 bilionários (em dólares) brasileiros aumentaram as suas fortunas pessoais em US$34 bilhões entre 18 de março e 12 de julho 2020. É o equivalente a cerca de 180 bilhões de reais, 6 anos de Bolsa Família, para apenas 42 pessoas, com a economia em queda, e isentos de impostos (2), enquanto tantos estão em dificuldades, porque a pandemia agravou o processo
É o que tem sido chamado na literatura internacional de extractive capitalism, capitalismo extrativo. O caminho para onde estão carregando o nosso país constitui um imenso retrocesso. Produzir aqui não rende, ou rende muito menos do que especular no sistema financeiro. A desindustrialização faz parte, a fuga de empresas também.
PS: Comprei o meu exemplar do Valor Econômico numa banca da Av. Paulista, um bom investimento permite entender muita coisa sobre o caos atual. Quem tem assinatura do Valor Econômico pode pegar em https://www.valor.com.br/revistas/?valor_pro=1#/edition/186585?page=8§ion=1
Notas:
(1) Valor Econômico: Grandes Grupos – Dezembro de 2020, Ano 19, Nº 19, www.valor.globo.com, p. 12
(2) Os dados da Forbes sobre as fortunas dos brasileiros são apresentados por Eduardo Moreira em https://dowbor.org/2019/11/eduardo-moreira-a-lista-de-bilionarios-da-forbes-e-a-destruicao-do-brasil-em-youtube-23-min.html/
(3) O relatório da Oxfam está disponível em https://dowbor.org/2020/07/bilionarios-da-america-latina-e-do-caribe-aumentaram-fortuna-em-us-482-bi-durante-pandemia-oxfam-brasil-2020-3p.html/
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