quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A queda de popularidade de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:


A queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, reafirmada pela pesquisa XP/Ipespe divulgada na segunda-feira (8), é um retrato das contradições vividas no país. Pesquisas anteriores mostram a tendência de queda de aprovação de Bolsonaro e até uma reversão em segmentos de renda mais baixa, que passaram a aprová-lo em razão do auxílio emergencial e agora passam a reprová-lo.

O presidente admitiu a volta do benefício, o que pode revelar que ele acusou o golpe e buscará reverter a crescente rejeição. O agravamento da crise sanitária, os problemas na vacinação (grande esperança da população em se sentir mais aliviada com relação à Covid-19 e tentar retomar a normalidade da vida), o aumento do desemprego e da fome e a quebradeira de empresas – em especial das micro, pequenas e médias – tendem a ser fatores que contribuem para aumentar a queda na aprovação de Bolsonaro.

É importante destacar, por outro lado, que a pesquisa indica também que o presidente se mantém como nome mais forte para ir a disputa presidencial de 2022 – objetivo central de Bolsonaro nesta segunda metade de seu governo – , mas ele precisa estancar a queda, inclusive para que o público que anuncia voto nele se mantenha fiel. Isso cobra das forças democráticas e progressistas discernimento para buscarem caminhos que as levem a promover iniciativas comuns em defesa do Brasil, do povo, da vida, do emprego, da economia nacional, contra esse governo irresponsável e incapaz de dar conta das necessidades do Brasil.

Os fatos demonstram que no Brasil atual existem dois campos fundamentais – um que busca unir forças para defender a democracia e os direitos do povo; e o bolsonarismo, que representa um projeto autoritário de poder. A queda da popularidade de Bolsonaro mostra, também, o potencial de luta para as forças democráticas e progressistas. Por mais manobras que o governo possa fazer, a tendência é de imposição da realidade, com o povo sendo atirado às consequências do agravamento das crises econômica e sanitária.

A margem para Bolsonaro acenar com demagogias é pequena, tendo em vista a orientação macroeconômica do seu governo. Espremido pela necessidade de “ajuste fiscal” – o mantra do seu ministro da Economia, Paulo Guedes –, o que resta são palavras ao vento e promessas vazias. Quando muito, ele pode sacrificar algum setor das políticas públicas para tentar fazer alguma concessão no âmbito do auxílio emergencial. Mas, pelo que foi dito até agora, essa possibilidade não passa de mera hipótese.

A realidade é que se o país não mudar a sua orientação macroeconômica nada pode ser feito em benefício do país e do povo. Sem a força do Estado como alanca da retomada do crescimento e como instrumento para socorrer os setores da economia e povo atingidos pelas crises econômica e sanitária, a tendência é de avanço da tragédia social que assola o país. E isso implica ações políticas amplas e unitárias na busca de medidas emergenciais. Por conseguinte, exige das forças democráticas e progressistas a luta imediata por medidas de socorro ao povo.

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