Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:
A tragédia que encobre o país, provocada pela inércia do governo federal e agravada sensivelmente pelos desmandos desequilibrados de Jair Messias, não impede que as agressões tremendas contra o meio-ambiente continuem, tal e como continua a demolição de parte essencial do sistema de saúde, retroagem de maneira brusca as pesquisas científicas nas universidades federais, cujos orçamentos foram mutilados brutalmente – enfim, confirma-se que a única frase verdadeira que o Ogro que habita o palácio presidencial expeliu vem sendo cumprida à risca.
Quando assegurou, logo depois de eleito, que iria primeiro destruir o Brasil para depois ver qual país seria construído em seu lugar, o mentiroso falastrão e compulsivo estava dizendo a verdade.
Há um setor específico que desperta o desprezo supimpa, quando não o ódio mais brutal, tanto de Jair Messias e seus filhos hidrófobos como dos seguidores mais fanáticos que pululam ao seu redor: o das artes e da cultura.
Além de ter espalhado uma quantidade inédita de aberrações abjetas no comando das instituições federais de cultura, essa tropa de trogloditas continua saindo à caça de quem conseguiu, ao menos até agora, escapar de sua mira maligna.
O mais recente alvo chama-se Mônica Xexeo, que até o dia 3 de fevereiro era a diretora do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.
Pensando bem, sua demissão mostra coerência irrepreensível tanto do galãzinho que ocupa o posto de secretário Especial de Cultura como do seu chefe, o sanfoneiro chinfrim que Jair Messias nomeou para o ministério do Turismo.
Afinal, Mônica Xexeo estava no Museu há mais de 40 anos, ocupava a diretoria há quinze, conquistou o respeito – quando não a admiração – da classe artística e cultural, e vinha realizando um trabalho formidável de restauração e modernização.
E já se sabe: quem é respeitado no meio torna-se de imediato alvo do ódio dos que se dedicam, e com afinco indiscutível, a destruir de maneira incessante e implacável cada grão das instituições do setor vinculadas ao governo do Genocida.
E já que se trata de destruir tudo, que tal a volta da censura?
Pois o tal sanfoneiro, que atende pelo nome de Gilson Machado Neto, e seu subordinado galãzinho chamado Mario Frias, decidiram pôr a mão na massa.
O veterano jornalista Jotabê Medeiros publicou reportagem reveladora no site “Farofafa” que merece ser lida, e urgentemente.
Ele revela que foi criado uma espécie de comitê de censura prévia, integrado por cavalgaduras do quilate do deputado Daniel Silveira, do PSL do Rio – aquele que ficou famoso ao destruir uma placa de rua com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada por integrantes de uma milícia extremamente próxima tanto de Jair Messias como de seus filhos – e pelo próprio Frias, entre outros cujos nomes não apareceram ainda.
O método da censura é simples, rápido e extremamente eficaz: impedir que verbas sejam repassadas ao que Silveira chama de esquerdistas, ou, em seu linguajar elegante, “essa matula”.
Setores que eram robustos até mesmo durante o governo do golpista Michel Temer, como o audiovisual, estão praticamente parados.
E esse deve ser o destino de todos os projetos – e seus autores e participantes – que não comunguem estritamente com a linha defendida pelas aberrações instaladas não só no governo como, de maneira clara e específica, na tal secretaria Especial de Cultura.
É algo ilegal, inconstitucional, indecente.
Mas quem pode esperar até mesmo um verniz de decência entre os que integram o mais daninho e abjeto governo da história da República?
O pior problema, porém, é que ninguém toma providência alguma para pôr um freio nessa sequência tenebrosa de iniciativas como essa. Ninguém.
Até quando?
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