Kit alimentação em Juiz de Fora (MG) |
Primeira mulher da história a comandar o executivo municipal de Juiz de Fora, a nova prefeita Margarida Salomão (PT) revelou em entrevista, na noite desta quinta-feira (4), que encontrou a cidade, uma das mais importantes de Minas Gerais, passando fome.
“Uma das questões mais agudas que encontramos aqui na cidade é a volta da fome. As pessoas estão passando fome mesmo. Não é uma abstração. As pessoas estão passando fome na nossa frente”, disse a petista. A fala foi feita em entrevista coletiva organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé que contou com a participação da Fórum, Rede Brasil Atual, Jornalistas Livres, Agência Saiba Mais e convidados.
Segundo a prefeita, um de seus primeiros atos de governo, ainda em janeiro, foi viabilizar um programa de distribuição de alimentos para atacar o problema da fome, que foi acentuado com a pandemia do coronavírus.
“Usamos as escolas e as creches para fazer a entrega de um kit de alimentação com alimentos frescos, verduras, legumes, grãos, para 25 mil famílias que se cadastraram. Estamos ainda com essa iniciativa da Mesa de Cidadania que coordena esforços públicos e esforços da sociedade, essas redes de solidariedade que surgiram nesse momento de grande aflição”, afirmou.
As medidas emergenciais de combate à fome na cidade vêm na esteira da inação do governo Bolsonaro no sentido de garantir recursos e projetos que atendam às necessidades da população mais pobre diante dos efeitos da pandemia. Um dos principais fatores que vem acentuando a miséria no Brasil é o fim do auxílio emergencial que, apesar da pressão da oposição no Congresso, o presidente garante que não dará continuidade este ano.
“É fato que o governo brasileiro ignora o quanto que as pessoas estão sofrendo. Eu tenho o sentimento, como ex-deputada, que haverá uma grande pressão no Congresso, inclusive, da mesa recentemente eleita, de retomada do auxílio”, analisou a petista.
A prefeita garante, contudo, que se uma retomada do auxílio emergencial a nível federal não for aprovada, ela pode instituir um programa de renda mínima.
“Isso [o fim do auxílio emergencial] de fato trouxe um agravamento muito grande da situação social. E nós não descartamos a construção de um programa de renda mínima municipal. É fato que estamos enfrentando uma situação muito apertada. Inclusive, executando um orçamento que foi construído ano passado, não é nosso orçamento. Mas, em uma situação extrema, buscaremos esse tipo de solução. Aguardando, no entanto, e lutando, para que retorne já o auxílio emergencial porque há muita necessidade aguda das famílias brasileiras”, pontuou.
Vacinas
Assim como na maior parte das cidades brasileiras, Juiz de Fora iniciou a campanha de imunização no final de janeiro com doses da Coronavac, imunizante produzido pelo Instituto Butantan. Nesta semana, através do Ministério da Saúde, o município recebeu doses da vacina AstraZeneca/Oxford.
Ao todo, desde o início da campanha de vacinação, foram 25 mil doses destinadas à cidade, que tem 600 mil habitantes.
Na entrevista, Margarida Salomão garantiu que, caso haja alguma “falha” do Ministério e a cidade não receba mais doses para imunizar toda a população, agirá por conta própria e comprará vacinas diretamente dos laboratórios.
“Antes de tomar posse nós conseguimos assinar um entendimento com o Instituto Butantan, estávamos prontos para comprar 1 milhão de doses, que aqui em Juiz de Fora seria uma alívio extraordinário (…) Se tudo der errado, eu vou comprar as vacinas do Butantan, Sputnik, a que for, mas não vamos ficar nessa situação miserável que impacta em todos os sentidos a vida da cidade”, declarou.
“Temos um plano B ao qual esperamos não recorrer, pois nós queremos efetivamente que o SUS funcione no Brasil. Mas, se acontecer uma pane, nós vamos cumprir o dever com a população de Juiz de Fora que nos delegou sua confiança”, completou a prefeita.
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