Jair Bolsonaro finalmente cedeu e “aceitou” o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Se a queda do “chanceler” já era esperada desde a semana passada, a súbita saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, surpreendeu Brasília e provocou um terremoto de especulações. Horas depois, foram anunciadas oficialmente mudanças em seis ministérios. O general Braga Netto deixa a Casa Civil para substituir Azevedo e Silva e o general Luiz Eduardo Ramos (da Secretaria de Governo) assume a Casa Civil. A Justiça passa a ser chefiada pelo delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres. O embaixador Carlos Alberto Franco França assume o Itamaraty. E André Luiz de Almeida Mendonça – que já chamou Bolsonaro de “profeta” – ocupa o lugar de José Levi na Advocacia-Geral da União (AGU). E a Secretaria de Governo fica com o Centrão: a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume o posto.
Circula a versão de que Azevedo e Silva teria saído da Defesa porque teria sido contra eventual demissão do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, que permanece no cargo até fechamento desta matéria. Pujol seria considerado “fraco” por Bolsonaro. Se Pujol cair, o comando do Exército ficaria com a linha dura da Força. O general convocou uma reunião com os comandantes da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, para deixarem o governo em conjunto. Na nota em que anuncia sua saída do governo o ex-ministro da Defesa escreveu uma frase que chamou a atenção: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”.
Centro nervoso da segurança
O cientista político Vitor Marchetti, da UFABC, no Twitter, chama a atenção para o fato de que as mudanças acontecem no “centro nervoso” da segurança nacional: Defesa, Ministério da Justiça, AGU, Casa Civil e Secretaria de Governo. Apesar de a deputada do PL assumir a Secretaria de Governo, “a dança das cadeiras não está acontecendo no terreno tradicional do Centrão”, observou.
O analista chama a atenção para três fatos ocorridos de ontem (domingo, 28) para hoje: entrevista do general Paulo Sérgio ao Correio Braziliense, em que defende medidas reconhecidas mundialmente no combate à covid-19; o vice-presidente Hamilton Mourão tomou a vacina e afirmou: “Fiz minha parte como cidadão consciente”; e a própria demissão de Azevedo e Silva.
Perguntado, na entrevista, se há campanhas de conscientização no Exército sobre medidas contra disseminação do vírus, o general Paulo Sérgio respondeu que “chega a ser uma febre”. Disse que os recrutas que se alistam colocam todas as medidas sanitárias em prática. “Desde a chegada ao quartel até a instrução; à noite, na hora de dormir; é o termômetro na entrada, higienização dos pés, álcool em gel, uso da máscara, distanciamento”, afirmou o militar. Ele afirmou ainda: “todas as medidas sanitárias, diretrizes emanadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corroboradas pelas nossas diretorias de saúde, são rigorosamente cumpridas em nossos quartéis”. É o oposto do que pregou Bolsonaro durante a pandemia.
Circula a versão de que Azevedo e Silva teria saído da Defesa porque teria sido contra eventual demissão do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, que permanece no cargo até fechamento desta matéria. Pujol seria considerado “fraco” por Bolsonaro. Se Pujol cair, o comando do Exército ficaria com a linha dura da Força. O general convocou uma reunião com os comandantes da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, para deixarem o governo em conjunto. Na nota em que anuncia sua saída do governo o ex-ministro da Defesa escreveu uma frase que chamou a atenção: “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”.
Centro nervoso da segurança
O cientista político Vitor Marchetti, da UFABC, no Twitter, chama a atenção para o fato de que as mudanças acontecem no “centro nervoso” da segurança nacional: Defesa, Ministério da Justiça, AGU, Casa Civil e Secretaria de Governo. Apesar de a deputada do PL assumir a Secretaria de Governo, “a dança das cadeiras não está acontecendo no terreno tradicional do Centrão”, observou.
O analista chama a atenção para três fatos ocorridos de ontem (domingo, 28) para hoje: entrevista do general Paulo Sérgio ao Correio Braziliense, em que defende medidas reconhecidas mundialmente no combate à covid-19; o vice-presidente Hamilton Mourão tomou a vacina e afirmou: “Fiz minha parte como cidadão consciente”; e a própria demissão de Azevedo e Silva.
Perguntado, na entrevista, se há campanhas de conscientização no Exército sobre medidas contra disseminação do vírus, o general Paulo Sérgio respondeu que “chega a ser uma febre”. Disse que os recrutas que se alistam colocam todas as medidas sanitárias em prática. “Desde a chegada ao quartel até a instrução; à noite, na hora de dormir; é o termômetro na entrada, higienização dos pés, álcool em gel, uso da máscara, distanciamento”, afirmou o militar. Ele afirmou ainda: “todas as medidas sanitárias, diretrizes emanadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corroboradas pelas nossas diretorias de saúde, são rigorosamente cumpridas em nossos quartéis”. É o oposto do que pregou Bolsonaro durante a pandemia.
“Fisiologismo e autoritarismo”
Na opinião do deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), Bolsonaro “está unindo fisiologismo e autoritarismo”. A estratégia, especula, seria abrir espaço para o Centrão e ao mesmo tempo fortalecer “a ala militar mais submissa ao seu projeto de poder”. A nota do já ex-ministro da Defesa seria “um alerta de que as Forças Armadas serão cada vez mais o tal do ‘meu Exército’”, escreveu Freixo na rede social.
“O que temos a dizer é que não é céu de brigadeiro em Brasília”, ironiza Paulo Teixeira (PT-SP). Segundo ele, o general Fernando Azevedo saiu porque “não se alinhou à escalada autoritária do presidente da República”. O deputado especula que as mudanças ministeriais podem ser resultado do desgaste “pela criminosa condução da pandemia e o efeito Lula”.
Na mesma rede social, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) questiona: “Em time que está ganhando, se mexe? Hoje o presidente mudou seis quadros importantes, em uma chamada ‘Reforma Ministerial’. Que reforma é essa sem planejamento e no auge da pandemia? Isso não está normal”.
Na opinião do deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), Bolsonaro “está unindo fisiologismo e autoritarismo”. A estratégia, especula, seria abrir espaço para o Centrão e ao mesmo tempo fortalecer “a ala militar mais submissa ao seu projeto de poder”. A nota do já ex-ministro da Defesa seria “um alerta de que as Forças Armadas serão cada vez mais o tal do ‘meu Exército’”, escreveu Freixo na rede social.
“O que temos a dizer é que não é céu de brigadeiro em Brasília”, ironiza Paulo Teixeira (PT-SP). Segundo ele, o general Fernando Azevedo saiu porque “não se alinhou à escalada autoritária do presidente da República”. O deputado especula que as mudanças ministeriais podem ser resultado do desgaste “pela criminosa condução da pandemia e o efeito Lula”.
Na mesma rede social, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) questiona: “Em time que está ganhando, se mexe? Hoje o presidente mudou seis quadros importantes, em uma chamada ‘Reforma Ministerial’. Que reforma é essa sem planejamento e no auge da pandemia? Isso não está normal”.
Tensão na caserna
Até o fechamento desta matéria, aguardava-se o desfecho de uma reunião entre os comandantes das três Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – em que se discutiria uma renúncia conjunta aos cargos, como reação à saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. As informações são da jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no O Globo.
Segundo a colunista, a expectativa era de que os comandantes deixem seus postos ainda hoje. “Além de Edson Pujol, que o presidente Jair Bolsonaro disse hoje nos bastidores que demitiria, participam da reunião em local não revelado o comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, da Aeronáutica, Antônio Carlos Muaretti Bermudez. Ministros militares de Jair Bolsonaro também participam do encontro”, diz a nota.
“A renúncia conjunta dos chefes das Forças Armadas seria algo inédito na história da República. Embora o clima entre os militares seja de muita tensão, auxiliares de Bolsonaro tentam dar à saída dos comandantes caráter de normalidade.”
Até o fechamento desta matéria, aguardava-se o desfecho de uma reunião entre os comandantes das três Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – em que se discutiria uma renúncia conjunta aos cargos, como reação à saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. As informações são da jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no O Globo.
Segundo a colunista, a expectativa era de que os comandantes deixem seus postos ainda hoje. “Além de Edson Pujol, que o presidente Jair Bolsonaro disse hoje nos bastidores que demitiria, participam da reunião em local não revelado o comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, da Aeronáutica, Antônio Carlos Muaretti Bermudez. Ministros militares de Jair Bolsonaro também participam do encontro”, diz a nota.
“A renúncia conjunta dos chefes das Forças Armadas seria algo inédito na história da República. Embora o clima entre os militares seja de muita tensão, auxiliares de Bolsonaro tentam dar à saída dos comandantes caráter de normalidade.”
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