segunda-feira, 1 de março de 2021

Desemprego na Covid supera todos as recordes

Por Altamiro Borges

Com base em pesquisas antigas e recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a consultoria iDados concluiu um estudo que mostra que o Brasil encerrou 2020 com a pior média de desemprego da sua história. No ano do novo coronavírus, os números do desastre superam até os anos isolados da recessão econômica de 2014-2016.

Segundo o IBGE, o desemprego médio atingiu 13,4 milhões de pessoas em 2020, ano do início da pandemia da Covid-19. A taxa de desocupação ficou em 13,5%. O percentual é o maior em toda a série histórica da Pnad-Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), iniciada em 2012.

Deterioração atinge 51 milhões de brasileiros

"O número é até superior ao do pior momento do trabalho no Brasil até então, em 2017, que pegou reflexos da recessão dos anos anteriores. Naquele ano, a taxa de desocupação havia sido recorde, de 12,7%, com 13,1 milhões de brasileiros em média desempregados", sintetiza a Folha ao analisar o estudo da iDados.

A recessão de 2014-2016 durou 33 meses – de abril de 2014 a dezembro de 2016. Foi a mais longa entre as nove recessões datadas a partir de 1980, superando as de 1989-1992 (30 meses) e 1981-83 (28 meses). A décima recessão da história recente do país começou no primeiro trimestre de 2020 e ainda não tem previsão do seu final.

O estrago causado, porém, já é enorme. E não apenas no número do desemprego formal. Segundo a Pnad, que calcula também os índices de trabalhos informais, sem carteira e por conta própria, a deterioração do emprego atingiu mais de 51 milhões de brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus.

2021: Dias piores virão!

No total, além dos 13,4 milhões de desempregados – o IBGE só considera assim quem busca ocupação –, o país teve mais 5,5 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego por não encontrar) e 31,2 milhões de subutilizados (pessoas trabalhando menos do que gostariam).

Segundo o autor do estudo da IDados, o economista Bruno Ottoni, o quadro é atípico. “Na crise atual, nós já entramos em 2019 com o desemprego em 11,9%, o que é elevado, e ficou pior em 2020. Em cima desse patamar, as proporções foram maiores do que olhando os anos isoladamente da recessão”.

Para ele, o cenário de 2021 ainda será trágico. “É difícil manter as pessoas em casa quando precisam sair para rua, o governo não conseguirá controlar todo o mundo. A pessoa precisa sair para ganhar dinheiro e não passar fome. Se não conseguir trabalhar em comércio fechado, vai de motorista de Uber, motoqueiro de aplicativo, ambulante, alguma coisa para conseguir alguma renda”.

Em síntese, dias piores virão!

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