Por João Guilherme Vargas Netto
As maiores agressões sofridas pelo movimento sindical brasileiro, as mais destrutivas, se deram nos anos 2017,2018 e 2019 durante os governos de Temer e de Bolsonaro. Antes mesmo deste período o desemprego havia aumentado muito e desorganizando ainda mais as relações de trabalho, já precarizadas.
A pandemia ao se manifestar entre nós encontrou, portanto, o movimento sindical “capado e sangrado” (na expressão de Capistrano de Abreu) e os trabalhadores sem emprego e condenados à informalidade, ao desalento e à maior precarização.
A doença e as mortes tomaram conta do país desgovernado por um presidente avesso à vida dos brasileiros.
Nesta situação periclitante o movimento sindical, através das principais direções de suas entidades representativas e de seus ativistas, soube se manter, enfrentando durante todo ano de 2020 e início do atual suas tarefas de representação dos trabalhadores, de negociar em seu nome e de defender o emprego e os direitos; em muitos casos chegou a consertar agora os estragos anteriores.
Fez mais que isso. Constituiu-se através da exigência da VIA (Vacina, Isolamento e Auxílio emergencial) a mais importante instituição nacional, unitária, coerente e persistente, capaz de orientar os trabalhadores nas precárias situações do povo.
Registrem-se a participação efetiva para garantir o pagamento da primeira grande rodada do auxílio emergencial de 600 reais, a realização do 1º de Maio unitário virtual (experiência única em todo movimento sindical mundial), as greves pelo emprego, as assembleias presenciais e virtuais e até mesmo grandes eleições com chapa única ou com disputa e as ações de solidariedade social.
Durante o ano de 2020 (quase todo ele assolado pela pandemia) os principais indicadores de vitalidade sindical não sofreram grandes abalos em relação aos anos imediatamente anteriores que tinham sido muito ruins.
A conclusão: o movimento sindical ao se manter unido e perseverar na VIA adquiriu, durante a pandemia, uma relevância que estava sendo perdida anteriormente. Fez o que tinha de fazer e o que podia (sem reinventar a roda) porque cada entidade realmente representativa agiu de acordo com sua experiência.
Para manter a luta pela VIA, que continua necessária, duas únicas exigências:
1- Unidade de ação das diretorias, atitude e empenho dos dirigentes;
2- Subida às bases, garantindo sempre crescente apoio delas às iniciativas sindicais.
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