Por Antônio Augusto, no site Carta Maior:
No seu depoimento à CPI o general Pazuello empenhou-se em mentir, omitiu evidências, tudo para livrar a própria responsabilidade, e de seu chefe, Jair Bolsonaro.
Uma passagem mostrou-se reveladora: segundo o general, Bolsonaro não usa máscaras, promove aglomerações, por tratar “a parte do psicossocial”, pois como presidente “tem que ver todos os prismas”.
O “psicossocial” significa botar o povo para trabalhar como se não houvesse pandemia.
Que importam centenas de milhares de mortes?
Isolamento social, ou qualquer medida de saúde pública, passaram a ser vistas como “crime” pelo governo. Nada de testagem em massa da população. Vacinas não foram compradas, e sim rejeitadas. Quem as tomasse, segundo Bolsonaro, “poderia virar jacaré”, “mulheres criariam barba”. Fez-se campanha contra o uso de máscaras, “coisa de maricas”.
O Ministério da Saúde veiculou campanhas publicitárias sobre as “virtudes” da cloroquina e que tais; torrou-se dinheiro público na produção dos fármacos inúteis do “tratamento precoce”; não se providenciou oxigênio hospitalar nem equipamento básico para UTIs.
O "psicossocial" e a ESG
Tudo isso é o “manejo” do “psicossocial” em ação.
”Psicossocial” que segue na gestão deste empresário da saúde, o bajulador Marcelo Queiroga, também um extremista contra as medidas de isolamento social, contra a concessão do efetivo auxílio-emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia.
Para a doutrina extremista de direita, cujo principal centro difusor no Brasil é a Escola Superior de Guerra (ESG), o povo necessita da tutela “competente” das Forças Armadas.
Do contrário, é “presa fácil” dos comunistas, da esquerda, da “demagogia populista”, do “inimigo interno”.
Para esta “doutrina” caricatural, qualquer reivindicação democrática e popular não se origina da própria vida social, mas se deve à “solerte e deletéria” ação de “agitadores”.
Contra os “comunistas” (atributo dos mais elásticos) vale tudo, ou seja, é preciso agir “psicossocialmente”.
E criminalizar os democratas, como na ditadura militar, com uma fascista "lei de segurança nacional". Coisa que Bolsonaro já faz em cerca de uma centena de casos. Se deixarmos, pretende generalizar a prática, e adeus às garantias constitucionais, atingidas, mas ainda remanescentes.
É bom lembrar que os nazistas não revogaram formalmente a Constituição da República de Weimar para instalar sua ditadura.
E tome o que se chama de “fake news”, hoje multiplicadas à enésima potência pelos Goebbels atuais, os Steves Bannon a serviço do extremismo de direita numa dimensão mundial.
Tão ruim quanto, ou até pior, os órgãos de guerra assimétrica incrustados no próprio aparelho de Estado.
O Brasil é exemplo disso: ou alguém acha que a campanha fascista contra a verdade sobre as torturas e atrocidades da ditadura militar não tem ligação com o Centro de Informações do Exército (CIE), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), etc?
Campanha perceptível, intensa há duas décadas, movida a robôs em qualquer “site” de notícias.
Maré montante de “fake news” na campanha eleitoral que possibilitou a “eleição” de Bolsonaro, com Lula indevidamente proibido de concorrer.
A usina de desinformação bolsonarista continua a mil, um dos pilares centrais do neofascismo, reforçada pela rede de difusão da religiosidade reacionária de vendilhões do templo, como os pastores picaretas neopentecostais gênero Malafaia, ou os padres Marcelos Rossi.
A origem desta ideologia é o fascismo de Mussolini, Hitler, Goebbels (“uma mentira mil vezes repetida vira verdade”).
Ideologia continuada na guerra fria, no “National War College”, dos Estados Unidos, de que a ESG representa cópia adaptada ao Brasil, país dependente e subordinado ao imperialismo na divisão da economia capitalista internacional.
Neofascismo a serviço da destruição neoliberal
O “ver todos os prismas” referido pelo general Pazuello é levar à pratica esta ideologia da manipulação “psicossocial”.
A ordem “natural” das coisas para estes ideólogos são os trabalhadores no mercado como objeto de exploração máxima do capital.
Não existem opções de política econômica, prioridades sociais, o que existe é o funcionamento da “única, natural” política econômica: a devastação neoliberal e antinacional encarnada por Paulo Guedes.
Não importa se antes mesmo da pandemia, o desemprego já se aprofundava. Não se trata de que os bancos têm crescentes megalucros parasitários, se tal opção redunda em desemprego, fome e miséria em massa.
Isso, a devastação neoliberal, é o “natural”. A maior parte da força de trabalho, desempregada, ou subempregada, que se vire como precarizada de aplicativo com uma sacola de entrega às costas.
É hora de “passar a boiada”, de se demitir, revogou-se a garantia de um ano de emprego a quem contrair o vírus.
Que se arrochem salários, acabem-se com os direitos trabalhistas.
A pretexto de um “auxílio-emergencial”, temporário de 4 meses, de R$ 150 (quantia que será recebida por mais de 60% dos “beneficiários”) congelem-se vitaliciamente os salários de todos os servidores públicos estaduais e municipais!
Isto é lei, está valendo no Brasil sob Bolsonaro!
O que só aumentará a recessão já brutal.
"Impeachment" de Bolsonaro, necessidade urgente do país
Verdade que estupro social “tão pouco relevante” é omitido em geral pela “grande imprensa”. “Mereceu” “três linhas” no meio de uma notícia perdida do jornal carioca “Extra”, do grupo Globo, voltado para camadas populares.
Em primeiro lugar, notícia omitida pela principal mídia do país, a Rede Globo.
Ou então camuflada, distorcida, manipulada, tal medida aparece inidentificável ao grande público envolta nos elogios à “Reforma Administrativa”.
Claro que nada disso vale para os militares.
Não por acaso, um ex-major do Exército, um dos líderes do governo Bolsonaro na Câmara, o neofascista Vitor Hugo (PSL-GO), é autor de um projeto de lei, grotesco, que caracteriza o antifascismo como... “ato de terrorismo”.
Este “patriota” contra o Brasil, divulga envaidecido que freqüentou curso na “Army Command and General Staff College” do exército dos Estados Unidos.
A Globo, como principal definidora da linha política da direita brasileira, faz a sua parte de sempre, como na citada omissão do arrocho salarial vitalício contra os funcionários públicos estaduais e municipais.
Isso é “só” um tópico da política de saque nacional promovida por Paulo Guedes, cuja principal crime de lesa-Pátria é a entrega do Pré-Sal, a privatização de refinarias e empresas subsidiárias da Petrobras.
Neoliberalismo com apoio integral da Globo. Que já se mantém ativa, de maneira estratégica, para o pós-bolsonarismo.
A Globo se empenha por um pós-bolsonarismo com a plena manutenção da política econômica privatista de destruição neoliberal do Brasil e de arrocho completo contra o povo brasileiro.
Ao contrário da Globo, as forças democráticas e populares não devem separar Bolsonaro do neoliberalismo, pois são faces da mesma política antipopular, antidemocrática, antinacional, responsável pelo genocídio que se aproxima a passos largos do meio milhão de brasileiros mortos.
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