A pesquisa Datafolha mostra Lula com um favoritismo além do esperado na corrida presidencial.
A queda do apoio a Bolsonaro é acentuada e ele encontra dificuldade para revertê-la – espremido, como está, entre pressões divergentes.
Precisa acenar com medidas que aliviem a pobreza, mas com isso desagrada seus muitos apoiadores “no mercado”, entusiastas das políticas fundamentalistas de Guedes.
Precisa expressar alguma sensatez que reduza o desgaste pela condução criminosa da crise sanitária, mas tem dificuldade para mudar a chave diante de seus apoiadores fanáticos.
O milagre que ele espera é uma nova intervenção de força, que volte a retirar Lula do páreo. Mas é improvável, porque a coalizão que se formou para fraudar as eleições de 2018 está cindida.
Resta a Bolsonaro a tática de gerar tensões, colocando em dúvida o processo eleitoral, mobilizando agressivamente sua base.
Sem dar importância demais a suas ameaças e bravatas, convém também não fingir que elas não existem. É preciso coibi-las.
Bolsonaro pode não ter força para dar um novo golpe, mas é bem capaz de estimular uma onda de violência política. Já em 2018, o bolsonarismo produziu cadáveres – é bom não esquecer.
Se “as instituições” não fizerem o presidente baixar a bola, serão corresponsáveis pela violência.
A grande derrotada da pesquisa Datafolha é a tal “terceira via”, que sai completamente esvaziada.
Ninguém realmente acredita nela.
O discurso é mantido apenas para que alguns setores adiem a escolha que terão que fazer.
O mais bem colocado é Sergio Moro, que nem candidato deve ser.
Peça de marketing que não fica em pé sozinha, o ex-juiz só seria candidato caso ainda pudesse posar de salvador da Pátria.
Agora, depois da Vaza Jato e das decisões do STF, sabe que é melhor não se expor demais.
Outro que não deve ser candidato é Huck – que preferirá herdar as tardes de domingo da Rede Globo.
Somados Moro e Huck, evaporam 11 pontos percentuais da “terceira via”, quase metade do total.
Ciro, reduzido também à metade de seu teto histórico, mostra pouca viabilidade como candidato.
É um homem que está na quarta corrida presidencial, conhecido do eleitorado.
Sua candidatura não serve a um projeto político, apenas à ambição pessoal.
Se ele fosse capaz de um gesto de grandeza, começaria a preparar a retirada de seu nome.
Infelizmente, acho que o mais provável é que volte à posição de coadjuvante da direita, resignado ao papel de porta-voz do antipetismo “esclarecido” na campanha.
João Doria, que há dois anos e meio usa o governo paulista como plataforma de marketing pessoal, patina nos 3%.
Se tiver bom senso, tentará a reeleição como governador.
A melhor chance da “terceira via” é retirar Bolsonaro do jogo. Mesmo assim, é arriscado, pois não dá para saber quem herdará seus votos.
Os bolsonaristas raiz, adestrados para odiar tudo e todos, não vão aderir a “comunistas” como Doria, Huck ou Moro, sobretudo depois de uma traição dessas.
E uma parte do eleitorado mais despolitizado pode muito bem migrar para Lula.
O Datafolha não inclui nenhuma alternativa à esquerda do PT, o que é indicativo da capacidade de atração do ex-presidente em todo este campo.
O PSOL, hoje, vive um conflito interno feroz, mas o mais provável é que marche incondicionalmente com Lula.
Apesar do incômodo com o fato de que o ex-presidente, como é de seu costume, está costurando a aliança mais ampla possível, incluindo uma expressiva parcela dos canalhas mais notórios do país.
Trata-se não apenas de ganhar a eleição, mas de garantir a “governabilidade” para um novo mandato que, tudo indica, será excepcionalmente tenso – um país semidestruído e uma extrema-direita enraivecida que queimou todas as suas pontes com a ordem democrática.
O problema é que esse caminho, como sabemos, leva às suas próprias armadilhas.
Para a esquerda, incluindo a esquerda do próprio PT, é importante ter força para empurrar o eventual governo Lula para uma agenda mais progressista.
O ex-presidente tem usado sua liderança com o objetivo de minorar a catástrofe, de certa maneira tentando suprir a ausência de governo, o que é louvável.
Nas movimentações para as eleições, espero que ele lembre que tem como negociar em posição de força.
O que ele está oferecendo – a possibilidade de se aliarem a um projeto vencedor – é valioso.
Afinal, essa gente não vive longe do poder. É possível impor condições, sobretudo se trabalhar para ter uma base social mobilizada em seu favor.
A queda do apoio a Bolsonaro é acentuada e ele encontra dificuldade para revertê-la – espremido, como está, entre pressões divergentes.
Precisa acenar com medidas que aliviem a pobreza, mas com isso desagrada seus muitos apoiadores “no mercado”, entusiastas das políticas fundamentalistas de Guedes.
Precisa expressar alguma sensatez que reduza o desgaste pela condução criminosa da crise sanitária, mas tem dificuldade para mudar a chave diante de seus apoiadores fanáticos.
O milagre que ele espera é uma nova intervenção de força, que volte a retirar Lula do páreo. Mas é improvável, porque a coalizão que se formou para fraudar as eleições de 2018 está cindida.
Resta a Bolsonaro a tática de gerar tensões, colocando em dúvida o processo eleitoral, mobilizando agressivamente sua base.
Sem dar importância demais a suas ameaças e bravatas, convém também não fingir que elas não existem. É preciso coibi-las.
Bolsonaro pode não ter força para dar um novo golpe, mas é bem capaz de estimular uma onda de violência política. Já em 2018, o bolsonarismo produziu cadáveres – é bom não esquecer.
Se “as instituições” não fizerem o presidente baixar a bola, serão corresponsáveis pela violência.
A grande derrotada da pesquisa Datafolha é a tal “terceira via”, que sai completamente esvaziada.
Ninguém realmente acredita nela.
O discurso é mantido apenas para que alguns setores adiem a escolha que terão que fazer.
O mais bem colocado é Sergio Moro, que nem candidato deve ser.
Peça de marketing que não fica em pé sozinha, o ex-juiz só seria candidato caso ainda pudesse posar de salvador da Pátria.
Agora, depois da Vaza Jato e das decisões do STF, sabe que é melhor não se expor demais.
Outro que não deve ser candidato é Huck – que preferirá herdar as tardes de domingo da Rede Globo.
Somados Moro e Huck, evaporam 11 pontos percentuais da “terceira via”, quase metade do total.
Ciro, reduzido também à metade de seu teto histórico, mostra pouca viabilidade como candidato.
É um homem que está na quarta corrida presidencial, conhecido do eleitorado.
Sua candidatura não serve a um projeto político, apenas à ambição pessoal.
Se ele fosse capaz de um gesto de grandeza, começaria a preparar a retirada de seu nome.
Infelizmente, acho que o mais provável é que volte à posição de coadjuvante da direita, resignado ao papel de porta-voz do antipetismo “esclarecido” na campanha.
João Doria, que há dois anos e meio usa o governo paulista como plataforma de marketing pessoal, patina nos 3%.
Se tiver bom senso, tentará a reeleição como governador.
A melhor chance da “terceira via” é retirar Bolsonaro do jogo. Mesmo assim, é arriscado, pois não dá para saber quem herdará seus votos.
Os bolsonaristas raiz, adestrados para odiar tudo e todos, não vão aderir a “comunistas” como Doria, Huck ou Moro, sobretudo depois de uma traição dessas.
E uma parte do eleitorado mais despolitizado pode muito bem migrar para Lula.
O Datafolha não inclui nenhuma alternativa à esquerda do PT, o que é indicativo da capacidade de atração do ex-presidente em todo este campo.
O PSOL, hoje, vive um conflito interno feroz, mas o mais provável é que marche incondicionalmente com Lula.
Apesar do incômodo com o fato de que o ex-presidente, como é de seu costume, está costurando a aliança mais ampla possível, incluindo uma expressiva parcela dos canalhas mais notórios do país.
Trata-se não apenas de ganhar a eleição, mas de garantir a “governabilidade” para um novo mandato que, tudo indica, será excepcionalmente tenso – um país semidestruído e uma extrema-direita enraivecida que queimou todas as suas pontes com a ordem democrática.
O problema é que esse caminho, como sabemos, leva às suas próprias armadilhas.
Para a esquerda, incluindo a esquerda do próprio PT, é importante ter força para empurrar o eventual governo Lula para uma agenda mais progressista.
O ex-presidente tem usado sua liderança com o objetivo de minorar a catástrofe, de certa maneira tentando suprir a ausência de governo, o que é louvável.
Nas movimentações para as eleições, espero que ele lembre que tem como negociar em posição de força.
O que ele está oferecendo – a possibilidade de se aliarem a um projeto vencedor – é valioso.
Afinal, essa gente não vive longe do poder. É possível impor condições, sobretudo se trabalhar para ter uma base social mobilizada em seu favor.
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