Por Fernando Brito, em seu blog:
“Eu sei me defender” diz, desafiador, o deputado Ricardo de Barros, de quem o Estadão afirma ser o senhor do “feudo das vacinas” que teria o PP no Ministério da Saúde.
Vai precisar saber defender-se, mesmo, porque há fartíssimo material que aponta a influência política do “Centrão” – e do próprio presidente da Câmara nas compras milionárias do Ministério da Saúde, desde o governo Temer.
Na Folha, informa-se que seu advogado particular, Flavio Pasieri, participou de pelo menos uma reunião com a Anvisa para liberar a importação da Covaxin indiana.
No mesmo jornal, Cristina Serra recorda que a turma de Barros articulou a compra de um medicamento ineficaz para leucemia infantil em 2017, que resultou numa denúncia por improbidade administrativa contra vários servidores do Ministério da Saúde feita pelo Ministério Público Federal, entre eles Marco Antonio Fireman, protegido de Arthur Lira, o hoje presidente da Câmara.
No Poder360, o repórter Guilherme Waltenberg revela que “no dia 15 de abril, Queiroga teve uma reunião com o líder do Governo, Ricardo Barros . Junto com ele, estava Alan Eccel”, que vem a ser ninguém menos que o diretor de importação da rede varejista Havan, empresa de Luciano Hang.
Hang, Wizard e Barros foram parte essencial da corrida de Arthur Lyra para aprovar um projeto de lei permitindo a compra privada, por empresas, de vacinas, um grossa picaretagem que nem o Senado aceitou engolir.
E não esqueçamos o caso da compra feita por Barros, quando ministro, à Precisa Medicamentos, à época denominada Global Saúde.
Nessa empreitada, teve a companhia de outro nome manjado em Brasília, um certo Davidson Tolentino, a que tentar dar um mandato da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Houve uma grita tão grande – inclusive a demissão do diretor interino do órgão, em protesto – que Michel Temer teve de retirar a indicação.
O cidadão está hoje, indicado por Bolsonaro, numa bem paga diretoria da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), aquela que Jair Bolsonaro usa para distribuir recursos para deputados até mesmo no Aamapá, a milhares de quilômetros do hoje seco “Velho Chico”.
É tanta coisa que conviria manter na CPI apenas os casos relativos às vacinas e abrir-se uma investigação paralela sobre a roubalheira de “Ricardo de Lama”, como já chamam Barros, com ironia.
Do contrário, como com as história de Sherazade da lenda, a CPI terá de ser prorrogada por 1001 noites.
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